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Israel e Síria iniciam negociações indiretas

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JERUSALÉM - Israel e Síria, formalmente em guerra desde 1948, anunciaram nesta quarta-feira (21/05) o início de negociações indiretas para alcançar paz global, apesar das divergências sobre as colinas de Golan ocupadas pelo Estado hebreu e reivindicadas por Damasco. ;Ambos os países iniciaram negociações de paz indiretas sob a intermediação da Turquia", declarou Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. ;Israel e Síria concordaram em realizar as negociações com determinação e continuidade para a paz global, conforme o estipulado pela Conferência de Paz de Madri, de 1991", segundo o texto de um comunicado publicado pelo ministério turco de Relações Exteriores. De acordo com a rádio pública israelense, o presidente americano, George W. Bush, que visitou Israel na última semana, deu sinal verde a essas conversações. "Olmert foi à Turquia em fevereiro de 2007 para reunir-se com premier Recep Tayyip Erdogan. Ficou acertado, então, que a Turquia atuaria como mediadora entre Israel e Síria", indicou um funcionário do escritório do primeiro-ministro israelense. "Dois conselheiros do primeiro-ministro, Shalom Turjman e Yoram Turbowicz, viajaram várias vezes a Ancara, ao mesmo tempo em que dirigentes sírios", explicou. O primeiro-ministro turco havia se reunido em 26 de abril em Damasco com o presidente sírio Bachar al-Assad, que manifestou vontade de cooperar com a Turquia para uma retomada das conversações com Israel. O chanceler sírio Walid Mualem, em visita a Manama, confirmou a existência de conversações e detalhou à AFP que seu país havia "conseguido compromissos para uma retirada de Golan até a linha do dia 4 de junho de 1967" por parte de Israel. As negociações entre Israel e Síria, patrocinadas pelos Estados Unidos, foram interrompidas em 2000, depois de tropeçar na questão de Golan, conquistado em 1967 por Israel e cuja restituição total é reivindicada pela Síria, até as margens do lago Tiberíades, principal reserva de água doce de Israel. A retomada do diálogo indireto com Damasco chega num momento em que Olmert é suspeito de corrupção por ter recebido ilegalmente fundos de um empresário dos Estados Unidos, motivo pelo qual tem sido interrogado pela polícia em várias ocasiões. "É lamentável que o primeiro-ministro tente usar a discussão sobre Golan para encobrir as acusações de que é alvo", afirmou o deputado Yuval Steinitz do partido conservador de oposição Likud. No final de abril passado, o vice-primeiro-ministro israelense Shaul Mofaz, do partido Kadima de Olmert, protestou contra uma eventual restituição do Golan à Síria, por acreditar que permitiria uma presença nesta região estratégica do Irã, considerado pelo Estado hebreu seu inimigo número um. "Um primeiro-ministro disposto a renunciar a uma região sob a soberania israelense para entregá-la aos sírios ou aos iranianos põe em perigo o futuro do Estado de Israel", afirmou o representante dos colonos de Golan, Elie Malka. O Golan, que tem 20.000 habitantes, "integra o Estado hebreu e pertence a todos os cidadãos que não aceitaram este ato irresponsável que daria pontos estratégicos aos países inimigos", alertou em um comunicado. De acordo com uma pesquisa realizada no dia 25 de abril, 68% dos israelenses se opõem à retirada de Golan em troca da paz com a Síria.