YINGHUA - As equipes de socorro conseguiram nesta sexta-feira (16/05) resgatar dos escombros um sobrevivente em Yinghua, no sudoeste da China devastado pelo terremoto, mas tiveram que amputar um braço e uma perna para poder libertá-lo. "Foi um milagre, mas os milagres acontecem depois do trabalho duro", considerou o doutor Zhao Hongxing. Este médico militar participou na operação que salvou a vida de Liu Deyun, que teve um braço e uma perna amputados para que pudesse ser libertado do entulho que o sepultava desde sexta-feira, quando o edifício onde trabalhava desabou com o tremor que arrasou a província de Sichuan.
Até quinta-feira à noite, este trabalhador estava na lista dos desaparecidos. Foi sua filha que ouviu sua voz frágil entre os restos da fábrica. "Disse 'papai, papai?' e ele me respondeu 'sim'", explicou Liu Yuan, 23 anos. Ele disse 'tenho sede' e eu respondi 'papai, não fale, precisa de seu oxigênio! Vou procurar alguém para te salvar!'"
As equipes de resgate, os militares e todas as pessoas que acompanharam minuto a minuto o avanço da operação, que durou 12 horas, gritaram de felicidade quando o homem foi libertado dos escombros, pouco antes das 18h30 (7h30 de Brasília). Mas os esforços foram mantidos para tentar encontrar outras duas vítimas ainda sepultadas.
"Temos que continuar trabalhando imediatamente porque há outras duas pessoas que temos que retirar dali", afirmou o doutor Zhao. Vários resgatados foram salvos em operações deste tipo na província de Sichuan, devastada na segunda-feira pelo terremoto de magnitude 7,9 na escala Richter, levando um pouco de esperança às pessoas em meio a cenas desoladoras.
Liu Deyun teve que pagar muito alto para ter sua vida salva. Mas a decisão de amputar um braço e uma perna foi aprovada por sua família. "Só queria que ele vivesse", explicou a filha, chorando. "Durante a operação, a vítima, com anestesia local, estava consciente e podia falar", explicou o médico.
As equipes de resgate iniciaram seu trabalho nesta sexta-feira de manhã, mas a operação era arriscada. O primeiro andar do edifício, onde Liu Deyun se encontrava, havia cedido totalmente. O restante da estrutura começava a desabar e só estava apoiada em um muro. A empresa de empréstimo onde Liu Deyun trabalhava empregava 3.000 pessoas, segundo um de seus diretores, Xie Kai.
A morte de quase 200 trabalhadores foi confirmada e outros 50 continuam desaparecidos, indicou. Pelo menos seis ou sete pessoas foram resgatadas desde segunda-feira. Oficialmente, as autoridades confirmaram a morte de 22.069 pessoas em todas as províncias atingidas. Mas Pequim teme que o registro seja muito maior e alcance os 50 mil mortos.