José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública, comenta a declaração de Gilberto Ribeiro, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que criticou no sábado as entidades de defesa dos direitos humanos. Em matéria publicada hoje no jornal O Globo, Ribeiro diz que as ONGs são parciais, não verificam realmente a violação dos direitos, e se esquecem dos policiais. Vicente reconhece que há excessos na conduta da polícia no Rio de Janeiro, mas concorda em parte com o chefe da Polícia Civil.
"Eu concordo em parte porque as ONGs realmente não dão atenção ao policial, e, no Rio de Janeiro, o PM tem sido muito mais sacrificado do que em qualquer lugar do país. Por outro lado, a polícia do Rio é a mais letal do mundo. Há evidências de excessos. Estatisticamente, para cada policial morto, seria aceitável dez civis mortos. No Rio, há mais de trinta civis mortos por policial. Não há pior violação dos direitos humanos do que a morte. O fato de a pessoa ser criminosa não é justificativa suficiente para que ela seja morta. A polícia é o único organismo autorizado a andar armado e usar a violência. Por isso, ela precisa ser monitorada pelas corregedorias, pela justiça e pela sociedade", disse Vicente.