TÓQUIO - A China e o Japão decidiram nesta quarta-feira (07/05) deixar para trás seu passado doloroso e construir relações pacíficas sem ameaças recíprocas com o objetivo de continuar seu desenvolvimento. Após reunião em Tóquio, o presidente chinês Hu Jintao e o primeiro-ministro japonês Yasuo Fukuda concordaram manter contatos oficiais de alto nível por pelo menos uma vez ao ano.
Em declaração conjunta, o chefe de Estado chinês afirmou que o Japão se converteu em um Estado pacífico nos 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. Esta foi a única menção à dolorosa história da colonização de uma parte da China pelo Exército imperial japonês nos anos 1930 e 1940, que causou uma desconfiança do Japão por parte de Pequim. "Ambos confirmam que são sócios e que não representam uma ameaça um para o outro", acrescentaram os dois presidentes.
Hu Jintao, segundo chefe de Estado chinês que visita o Japão desde a retomada das relações diplomáticas entre os dois países em 1972, quer manter um clima pacífico que permita a China prosseguir seu desenvolvimento econômico. Por um lado, os empresários japoneses estão entusiasmados com a boa relação entre o gigante chinês, agora o primeiro sócio comercial do Japão. Os dois países, no entanto, divergem sobre certos assuntos, principalmente sobre a exploração das jazidas de gás no mar da China oriental e sobre a segurança alimentar.
Fukuda declarou durante a coletiva de imprensa conjunta que o Japão e a China estão "de acordo para resolver o problema do gás o quanto antes", ainda que desde 2004 inúmeras negociações tenham fracassado. Em relação à intoxicação de vários japoneses que consumiram raviólis chineses contaminados com inseticidas, Fukuda considerou que "é necessário uma rápida solução".
Sobre os recentes acontecimentos no Tibete, que mancharam seriamente a imagem do regime chinês no Ocidente, o primeiro-ministro japonês pediu que a China mantenha diálogo com os tibetanos para acalmar a preocupação da comunidade internacional.
O presidente chinês respondeu pedindo ao Dalai Lama, líder espiritual exilado dos tibetanos, que deixe de "minar os Jogos Olímpicos de Pequim" e de conspirar pela independência da região. Hu ressaltou, no entanto, que os contatos com representantes tibetanos, realizados no último domingo, continuarão. O presidente chinês, que chegou terça-feira ao Japão para uma visita de cinco dias, foi recebido na manhã desta quarta-feira pelo imperador Akihito, que o convidou para um jantar no palácio imperial.