Dmitri Medvedev assumirá amanhã (07/05) a presidência da Rússia, mas o centro das atenções será Vladimir Putin, que deixa o cargo após oito anos. Impedido pela Constituição de concorrer a um terceiro mandato, mas sem nenhuma intenção de abrir mão do controle do país, Putin orquestrou nos últimos meses uma série de medidas para garantir que ele continuará dando as cartas na Rússia. A principal medida foi a escolha do próprio Medvedev. Aliado leal de Putin e sem base política forte, o advogado de 42 anos é visto como o sucessor ideal para o líder russo. Para analistas, a expectativa é de que Medvedev cumpra seu mandato sem grandes mudanças de política no país, permitindo que Putin volte a se candidatar em 2012.
O segundo golpe de mestre de Putin foi a decisão de aceitar o cargo de primeiro-ministro, que, atualmente, tem um papel administrativo no governo russo. O líder russo garantiu várias vezes que não fará mudanças na divisão de poderes entre o presidente - que é quem dita a política externa, possui os códigos nucleares e escolhe os ministros da Defesa, Interior e o chefe do serviço secreto - e o premiê. Putin, no entanto, tem feito ligeiras mudanças para garantir maior autonomia em seu futuro cargo.
Mais poder para Putin
No dia 28, Putin aprovou uma emenda que estabelece que os enviados regionais do Kremlin passarão a prestar contas ao premiê e não ao presidente. O cargo de enviado foi criado pelo próprio Putin, e seus escolhidos detêm grande influência sobre os governos regionais. Agora, caberá ao primeiro-ministro redigir o relatório anual sobre a atuação de cada governador.
Em abril, o partido governista Rússia Unida elegeu Putin como seu novo presidente. Com o controle de dois terços das cadeiras do Parlamento, o Rússia Unida tem votos suficientes para uma eventual reforma da Constituição russa. Na semana passada, a cúpula do partido apresentou um projeto de lei que prevê a redistribuição de uma série de tarefas do governo para os vários ministérios. Com isso, o governo se dedicaria a "questões estratégicas". A Geórgia disse hoje que o país está "muito perto" de um conflito armado com a Rússia. O alerta foi feito em meio à recente tensão entre os dois países em relação à influência russa na região separatista georgiana Abkházia.