BAGDÁ - O Exército americano anunciou nesta terça-feira (06/05) nova redução de 3.500 soldados de seu contingente no Iraque, apesar dos combates contra as milícias xiitas em Bagdá e aumento da tensão com o Irã. Desde segunda-feira, quatro pessoas morreram e 12 ficaram feridas, segundo fontes médicas, em enfrentamentos com a milícia xiita do clérigo radical Moqtada al-Sadr em seu reduto de Sadr City, zona nordeste de Bagdá.
O comando americano informou em comunicado que uma nova brigada de 3.500 homens será retirada das operações iraquianas. Os 3.500 soldados da 3ª divisão de infantaria retornarão a sua base, em Fort Benning, na Geórgia (EUA), nas próximas semanas. Trata-se da terceira retirada desse tipo desde que o presidente americano George W. Bush anunciou, em setembro de 2007, o retorno de alguns dos reforços no país árabe.
A retirada começou em dezembro e será de cinco brigadas, terminando em julho, quando será avaliada novamente uma nova redução. Com as recentes reduções, o contingente americano no Iraque se encontra em 156 mil soldados. Desde o final de março, contudo, são registrados fortes combates em Sadr City, que já deixaram 900 mortos.
Os comandantes americanos afirmam que não combatem o clérigo radical Moqtada al-Sadr, e sim "elementos indisciplinados" que não obedecem a suas ordens de cessar-fogo. Moqtada al-Sadr afirma, por sua vez, que o governo do primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki e os americanos querem aniquilá-lo antes das eleições cruciais de outubro que poderão permitir que seu movimento reforce sua influência.
Os Estados Unidos asseguram que ombatem "grupos especiais", que seriam armados, financiados e treinados pelos serviços iranianos, em particular a força al-Qods, corpo de elite dos Guardiães da Revolução do Irã. Para Teerã, os combates atuais não são uma boa maneira para resolver a questão das milícias e consideram inútil a abertura de diálogo com os Estados Unidos sobre as questões de segurança no Iraque.
"Assistimos atualmente a bombardeios americanos e o massacre de iraquianos", declarou o porta-voz da chancelaria iraniana, Mohammad Ali Hosseini. "Nessas condições as discussões não terão nenhum resultado e não têm sentido", acrescentou. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Tom Casey, indicou por sua vez que "não tem sentido discutir qualquer coisa com o Irã enquanto Teerã não mudar sua atitude".
Segundo informações obtidos pelos Estados Unidos em interrogatórios de milicianos capturados, citados pelo jornal New York Times, membros do Hezbollah, movimento xiita libanês, treinam combatentes iraquianos em um campo próximo de Teerã. Recentemente, o porta-voz do governo iraquiano, Ali Dabbagh, indicou que Maliki ordenou a formação de uma comissão de investigação para estabelecer as eventuais interferências do Irã no país, acrescentando que estavam em busca de "provas".