BUENOS AIRES - A Argentina assinou nesta terça-feira (29/04) contrato para construir o primeiro trem de alta velocidade da América Latina, que unirá as três maiores cidades do país, com um custo total de 2,4 bilhões de euros. "Conseguimos 100% do financiamento para realizar a obra, com um prazo de sete anos e pagamento em 30 anos", comunicou a presidente Cristina Kirchner ao discursar no ato da assinatura do acordo na Casa Rosada.
O consórcio Veloxia, liderado pela empresa francesa Alstom, afirmou em uma nota divulgada à imprensa que o financiamento de 2,4 bilhões de euros, aproximadamente US$ 4 bilhões, foi assegurado pelo banco francês Natixis. "A obra vai mudar o perfil da região. Integrará Buenos Aires com o complexo agroindustrial do país", disse Cristina durante a cerimônia.
O trem bala unirá a cidade de Buenos Aires a Rosário, 300 quilômetros ao norte, e a Córdoba, 700 quilômetros ao noroeste, que representam o maior conglomerado urbano da nação sul-americana, na região mais rica.
O trem bala argentino deve ficar pronto em 36 meses e atingirá velocidades entre 250 e 300 km/hora. Com essa velocidade fará o trajeto Buenos Aires-Rosário-Córdoba em três horas.
Críticas
No entanto, a iniciativa despertou uma onda de críticas da oposição liberal, entre elas a da Coalizão Cívica (CC), derrotada nas eleições de outubro passado, nas quais a atual presidente Cristina Kirchner saiu vencedora.
"É uma obra faraônica e haverá corrupção. É um investimento de 4 bilhões de dólares, sem nenhum sentido de projeção estratégica. É um calote gigantesco", afirmou o deputado Fernando Sánchez (CC).
A Argentina havia privatizado a maior parte de seu sistema ferroviário nos anos 90, durante o governo do presidente peronista neoliberal Carlos Menem (1989-1999), em meio a fortes críticas de irregularidades nas concessões. Alguns serviços ferroviários voltaram às mãos do Estado durante a presidência do peronista e socialdemocrata Néstor Kirchner (2003-2009), no entanto, usuários seguem reclamando do mau serviço prestado.