ROMA - O candidato da direita para a prefeitura de Roma, Gianni Alemanno, anunciou, nesta segunda-feira (28/04), sua vitória em uma declaração divulgada na televisão, decretando uma derrota história para a esquerda italiana. "Trata-se de uma vitória ampla e transversal. Hoje, Roma vira a página, serei o prefeito de todos os romanos, dos que votaram em mim e dos que não votaram. O veneno e a polêmica ficaram para trás", declarou. O candidato da direita venceu com 53,5% dos votos contra seu rival da esquerda, Francesco Rutelli, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira após a contagem de 90% dos votos.
O pleito eleitoral registrou uma baixa taxa de participação, de 63%, contra 73,5% no primeiro turno realizado há quinze dias. Trata-se de uma derrota histórica para a esquerda italiana, derrotada também nas eleições legislativas de 13 e 14 de abril, com a vitória de Silvio Berlusconi. Gianni Alemanno, de 50 anos, é um antigo neofascista que passou para o partido conservador Aliança Nacional e sempre priorizou, na campanha, a segurança e a luta contra a imigração. Em 17 de abril, entre os dois turnos, Gianni Alemanno foi para Paris para uma reunião com Christian Branco, secretário de Estado responsável pelo Desenvolvimento da região capital (Paris), e Brice Hortefeux, ministro da Imigração, com o projeto de criar uma aliança sobre os problemas de imigração.
"Quero que a presidência francesa da União Européia possa ser a ocasião de instaurar uma luta comum contra a imigração clandestina, principalmente no que diz respeito à questão dos nômades", declarou na época. Ele denunciou ainda, durante toda a campanha eleitoral, os cerca de 20 mil imigrantes clandestinos que, de acordo com ele, cometeram crimes e continuam a viver em Roma, prometendo expulsá-los. A questão da segurança também esteve no discurso de Gianni Alemanno, que não hesitou em explorar o estupro de uma estudante, atribuído a um romeno e largamente divulgado pela mídia, para acusar a esquerda de ter negligenciado a segurança na cidade e na sua periferia.
Nascido em 3 de março de 1958 em Bari (Puglia, Sul), este jornalista de formação militou desde jovem no partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI) por meio da sua Frente da juventude, de onde foi secretário nacional de 1988 a 1991. Alemanno foi preso em 1982 por ter lançado um coquetel molotov contra a embaixada da União Soviética em Roma e ficou oito meses na prisão. O novo prefeito de Roma entrou na Câmara dos deputados em 1994 com a Aliança Nacional (direita conservadora) e tornou-se ministro da Agricultura (2001-2006) no governo de Silvio Berlusconi.
Gianni Alemanno foi nomeado vice-presidente da Aliança nacional, partido de Gianfranco Fini, em 2004. Foi a primeira vez candidato da direita à câmara municipal de Roma em 2006 contra Walter Veltroni e, na época, conseguiu 37% dos votos contra 61,4% do seu adversário. Durante a campanha de 2008, recusou o apoio do La Destra, partido de extrema direita, principalmente devido aos protestos da comunidade judaica. Alemanno, para quem Roma não é somente capital da arte e da cultura, mas também capital do catolicismo, levantou ainda uma pequena controvérsia devido à cruz celta que leva ao redor do pescoço. "Não é ostentação. No que diz respeito às escolhas pessoais, cada um faz o que acredita. A cruz celta que levo é um símbolo religioso abençoado do Santo Sepulcro (o local mais sagrado do cristianismo em Jerusalém)", explicou em entrevista ao La Repubblica. Alguns partidos de extrema direita, principalmente franceses, utilizaram a cruz celta como símbolo. Gianni é casado e tem um filho de 13 anos.