CARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou neste domingo expropriar a siderúrgica Ternium-Sidor, recentemente nacionalizada, se antes de terça-feira não for concluído um acordo com a proprietária argentina Techint sobre o valor das ações.
"Não vou pagar quatro, nem três bilhões de dólares, se não se chegar nas próximas horas a um acordo justo. Na terça-feira, assino o decreto de expropriação e tomamos o controle da siderúrgica", disse Chávez durante o programa dominical de rádio e TV "Alô, Presidente".
O grupo argentino Techint, que controla 60% das ações da siderúrgica Ternium-Sidor, a principal da região andina e do Caribe, por meio do consórcio Ternium, mantém negociações com o governo da Venezuela desde 10 de abril passado, quando Chávez anunciou a reestatização da empresa.
O presidente venezulano disse que não quer "prejudicar" os sócios da Techint, mas insistiu que não pagará a oferta apresentada pelo consórcio argentino, que chamou de "risível".
Segundo Chávez, lembrando-se do processo de privatização há dez anos, a Ternium-Sidor custou "cerca de 1,5 bilhão de dólares (...) quando a Sidor que eles compraram era maior, e muitos equipamentos sofreram desvalorização".
No sábado, o ministro venezuelano de Indústrias Básicas e Mineração, Rodolfo Sanz, estimou em 800 milhões de dólares o valor do pacote acionário da Techint.
Chávez acrescentou que seu governo está investigando a empresa, já que "estão aparecendo contabilidades falsas, impostos (pendentes), passivos trabalhistas e passivos ambientais", que podem baixar o preço do pacote acionário da Ternium.
Na semana passada, um relatório do banco de investimentos Barclays apontava que a participação argentina na Ternium-Sidor seria de 1 bilhão de dólares.
Ternium-Sidor foi nacionalizada, diante do que o governo classificou de "intransigência" da direção da empresa na negociação para renovar o contrato coletivo de cerca de 12.000 trabalhadores.