A professora Margarida Minervina, 46 anos, pode muito bem ser um símbolo da luta do povo de Ceilândia. A partir da necessidade de um grupo de mães, ela adotou crianças do Sol Nascente como alunos e iniciou um projeto que, desde 2006, beneficiou mais de 2 mil pessoas.
Vinda de São João do Piauí para o DF em 1993, Margarida morou em Ceilândia Norte e na QNQ antes de se mudar para a atual casa, em 2001. Na capital, ela trabalhou como gari, faxineira e chegou até a limpar túmulos para sobreviver.
Foi em 2006 que ela criou a Associação Despertar Sabedoria do Sol Nascente. O objetivo era auxiliar as vizinhas que eram mães e não tinham com quem deixar suas crianças para ir ao trabalho.
Formada em magistério, ela aproveitou a oportunidade para auxiliar os meninos nos estudos, especialmente aqueles com dificuldade de aprendizagem. ;Nós nos deparamos com uma defasagem escolar muito grande e ficamos revoltados. Como em plena capital ainda tínhamos evasão escolar e crianças com 13 anos estão na 3; série?;
Na busca pelo motivo de tanta gente fora da escola, ela disse que percebeu que os pais eram, em grande parte, analfabetos. Margarida então buscou ajudá-los, e muitos conseguiram mudar de vida. Assim como os alunos do início da associação, alguns pais se tornaram professores, foram para a faculdade ou conquistaram empregos melhores.
Perseverança sempre
Para manter a associação, ela fez um trabalho de formiguinha, contando com a ajuda da comunidade e com doações. ;Dinheiro para os recursos a gente não tem, mas temos parcerias. Fazemos bazar, rifas e conseguimos algumas coisas.;
Margarida fala em gratidão quando se refere à cidade que adotou como sua. ;Ceilândia é nossa mãe, uma mãe acolhedora, que recebe de braços abertos gente de todos os lugares. Tem algo vivo em Ceilândia, a cidade gosta de servir, tem a alma de quem serve, e serve com amor.;