A brincadeira ou a simples sugestão de uma suposta cura milagrosa revelam uma das facetas mais perigosas da desinformação. Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apontou o uso de desinfetante para atacar o novo coronavírus, o que provocou aumento nos casos de intoxicação por produtos de limpeza em Nova York. No Brasil, foi a vez de o Rivotril ser explorado maleficamente nas redes sociais como suposto "antídoto" contra a covid-19. Veja:
Aparentemente, a postagem, feita em 20 de maio, tem tom irônico e explora a polarização do país desde as últimas eleições, como se o país estivesse dividido entre extremistas de esquerda e de direita — nesse caso, alguns deles precisariam de Rivotril. Essa relação entre o medicamento, a "piada" e a política era sugerida nas redes sociais pelo menos três dias antes da publicação irônica, reforçando a hipótese de fake news. Veja:
Do ponto de vista médico, no entanto, esse tipo de publicação, que viralizou nas redes sociais, não contribuiu em nada com a pandemia do novo coronavírus, que contaminou mais de 5 milhões de pessoas no planeta até o momento. Tanto que comentários no post original demonstram preocupação com o compartilhamento de tal desinformação.
O Holofote consultou o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez, que fez o seguinte alerta:
"Isso é hilário. Mas extremamente grave. Não tem o mínimo racional. O Rivotril é um benzodiazepínico, que tem indicação para tratamento de ansiedade, transtornos de sono, pânico. É uma tristeza".
Portanto, tal publicação trata-se de notícia falsa.
Colaboraram Denise Rothenburg e Alan Rios
Colaboraram Denise Rothenburg e Alan Rios