Holofote

Fórmula caseira de álcool em gel? Conselho de Química alerta sobre perigos

Mensagens que circulam nas redes sociais dão dicas de como produzir o produto em casa. Porém, especialistas chamam a atenção para os riscos à saúde

O álcool em gel segue marcando presença diária nas mensagens que viralizam nas redes sociais em tempos de pandemia de coronavírus. O produto é citado em textos, vídeos e áudios de origem, muitas vezes, duvidosa. Em uma das mensagens mais recentes, alguém "ensina" como produzir a substância em casa. Mas, para especialistas, o que é compartilhado como uma possível ajuda na prevenção da Covid-19 pode ser um grande risco.

Copos de álcool de 96º, água quente e até gelatina são ingredientes divulgados para a preparação, mas essas misturas caseiras são ilegais e podem causar irritação na pele, queimaduras e incêndio, segundo o Conselho Federal de Química (CFQ). "Quando se utiliza álcool líquido em elevadas concentrações aumenta-se bastante o risco de acidentes. A venda de álcool líquido em concentrações superiores a 54°GL está, inclusive, desautorizada pela Anvisa desde 2013 por conta dos riscos oferecidos à saúde pública", informa o órgão, em nota.

Veja a "receita":



Além do perigo, a solução não é eficaz. "A depender do que se utiliza como espessante, em vez de eliminar micro-organismos, pode-se potencializar sua proliferação", informou o Conselho. Os químicos alertam ainda que os produtos industrializados passam por um rigoroso processo de produção, seguindo padrões técnicos e científicos para garantir segurança e qualidade.

Confira algumas perguntas e respostas do Conselho Federal de Química sobre o álcool em gel:


1) Álcool gel é eficaz contra o novo coronavírus?

Sim. O uso de álcool em gel é eficaz na prevenção à Covid-19. Para isso, o grau alcoólico recomendado é 70% v/v, podendo ser líquido ou em gel. Com a especificação correta, ele promove a destruição de microrganismos e é uma forma segura de prevenção e antissepsia.

2) Posso produzir meu próprio álcool gel em casa?

Algumas receitas caseiras estão circulando na internet e, em geral, recomendam a produção do álcool em gel a partir do álcool líquido concentrado. O CFQ preza pela segurança da população brasileira; por isso, não recomenda essa prática tanto pelos riscos associados quanto por confrontar a legislação brasileira.

3) Existem outros produtos antissépticos que posso utilizar contra o novo coronavírus, em substituição ao álcool etílico?

Sim. As recomendações das autoridades de saúde para higienização das mãos são tanto o álcool gel quanto a lavagem com água e sabão. Sabões e detergentes de um modo geral, graças às suas propriedades químicas, removem a maior parte da flora microbiana na superfície da pele. Apesar de haver outras substâncias elencadas pela literatura como antissépticos (como clorexidina, compostos clorados, quaternários de amônio, entre outros), o CFQ reforça a importância de seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde e recomenda o álcool etílico, em gel. O álcool isopropílico tem sido sugerido como alternativa ao álcool etílico, entretanto, ressalva-se que este álcool provoca maior secura da pele, é duas vezes mais tóxico e sua atividade sobre o vírus é inferior ao álcool etílico. Ressalta-se, ainda, que não é recomendado o uso de vinagre contra o novo coronavírus.

4) Como higienizar equipamentos eletrônicos?

O mais recomendado para equipamentos eletrônicos seria o álcool isopropílico, uma vez que, por possuir um carbono a mais que o etanol na cadeia carbônica, é menos miscível em água, dificultando a oxidação das peças. Deve-se ter cuidado com a quantidade de produto aplicada, não devendo molhar o equipamento e bastando aplicar com um pano/lenço/papel embebido no álcool.