Guilherme Goulart
postado em 16/08/2019 16:08
Por mais que algumas correntes sejam desmentidas com frequência na internet, muitas voltam a circular nas redes sociais a cada ano. Um desses casos é o da chamada Lei de um minuto e meio. A mensagem, atribuída a um suposto cardiologista e socorrista resgatista, provoca dúvidas e inseguranças ao alertar sobre a possibilidade de a pessoa sofrer um AVC ou morrer subitamente ao levantar da cama com rapidez. Confira o texto na íntegra:
O Holofote ouviu dois especialistas, que fizeram várias ressalvas sobre a mensagem. Leandro Zimerman, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, disse o seguinte:
"Isso não é correto. Essa informação mistura dados incorretos com dados verdadeiros deturpados, e passa uma mensagem que não condiz com os riscos reais. Levantar rápido quando se está deitado por muito tempo, dormindo, pode até gerar queda temporária de pressão e, eventualmente, gerar tontura e desmaio. Mas isso é o máximo, e está muito longe do que essa mensagem está reportando."
Bruno Bandeira, cardiologista da Rede D;OR São Luiz e diretor científico do II Simpósio Internacional de Cardiologia, alertou sobre os exageros do texto, mas chamou a atenção para os idosos nesse tipo de situação. Confira a resposta dele:
"O que acontece, na verdade, é que, durante o sono, a nossa pressão arterial cai. Isso é um aspecto normal, um aspecto fisiológico. Ao se levantar, na madrugada, muitas vezes, a resposta da regulação da pressão arterial demora um pouco mais do que acontece durante o dia. De fato, algumas pessoas podem, ao se levantar, evoluírem com uma queda da pressão arterial, chamada hipotensão postural, e, daí, ter uma lipotimia ou desmaio.
Esse desmaio, por sua vez, pode ter consequências graves, como o traumatismo craniencefálico. Ou seja, a pessoa pode bater a cabeça no azulejo, no banheiro, no quarto. Isso é especialmente mais comum em pacientes idodos, diabéticos e portadores de doença de Parkinson. Então, nós recomendamos, de fato, que as pessoas mais idosas que tenham essas doenças levantem-se com mais calma, por etapas. Não necessariamente respeitando o minuto e meio, mas levantando por etapas. Principalmente quando se acorda com muita vontade de urinar ou evacuar. Esses atos geram a resposta vagal, que reduz ainda mais a pressão arterial. Então, certamente, é prudente se levantar mais devagar de madrugada.
Esse desmaio, por sua vez, pode ter consequências graves, como o traumatismo craniencefálico. Ou seja, a pessoa pode bater a cabeça no azulejo, no banheiro, no quarto. Isso é especialmente mais comum em pacientes idodos, diabéticos e portadores de doença de Parkinson. Então, nós recomendamos, de fato, que as pessoas mais idosas que tenham essas doenças levantem-se com mais calma, por etapas. Não necessariamente respeitando o minuto e meio, mas levantando por etapas. Principalmente quando se acorda com muita vontade de urinar ou evacuar. Esses atos geram a resposta vagal, que reduz ainda mais a pressão arterial. Então, certamente, é prudente se levantar mais devagar de madrugada.
Quanto ao risco de morte súbita, arritmias ou AVC isquêmico, não chega a ser uma preocupação. Não conseguimos, até o momento, entender como risco de morte súbita o fato de levantar rápido."
Nos últimos anos, a Lei de um minuto e meio foi verificada por outros núcleos de checagem de fatos brasileiros, como o Fato ou Fake, o E-Farsas, o Boatos.org e o Uol Confere.