O encontro foi transmitido ao vivo pela Mídia Ninja e durou 35 minutos. Confira a verificação feita pelo Holofote dos assuntos abordados por Boulos, 10; colocado nas eleições presidenciais:
"Aqui é a universidade e é o movimento estudantil que resistiu à invasão da ditadura em 1968. É a universidade de Honestino Guimarães"
O câmpus da Universidade de Brasília (UnB) sofreu pelo menos três invasões militares nos primeiros quatro anos de ditadura. Segundo o site da instituição federal, a "mais violenta aconteceu em 1968" ; em agosto do ano passado, o episódio completou 50 anos. Confira os detalhes daquele 29 de agosto, de acordo com a UnB:
"Os alunos protestavam contra a morte do estudante secundarista Edson Luis de Lima Souto, assassinado por policiais militares no Rio de Janeiro. Cerca de 3 mil alunos reuniram-se na praça localizada entre a Faculdade de Educação e a quadra de basquete. Esse foi o estopim para o decreto da prisão de sete universitários, entre eles, Honestino Guimarães.
Com o decreto, agentes das polícias Militar, Civil, Política (Dops) e do Exército invadiram a UnB e detiveram mais de 500 pessoas na quadra de basquete. Ao todo, 60 delas acabaram presas e o estudante Waldemar Alves foi baleado na cabeça, tendo passado meses em estado grave no hospital"
À época, Honestino Guimarães estudava geologia na UnB e era presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (Feub). O líder estudantil desapareceu em 10 de outubro de 1973, após ser preso pela sexta vez no Rio de Janeiro.
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"Nós não podemos, por mais que eles (governo federal) estejam enfraquecidos, por mais que tenha caído 15 pontos, que seja o presidente com pior aprovação no período da história da Nova República, nós não podemos subestimar essa turma. Eles são um risco para o Brasil. Eles são um perigo para conquistas históricas"
O período chamado de Nova República começa com a presidência de José Sarney ; a primeira após o fim do regime militar. Desde então, o Brasil teve outros seis presidentes, sem contar o atual, Jair Bolsonaro (PSL).
Em pesquisa do Ibope divulgada na semana passada, Bolsonaro apresentou 34% de aprovação (quem considera o governo bom ou ótimo) nos três primeiros meses do ano. De fato, o índice é menor do que quase todos os presidentes anteriores, considerando o mesmo período (100 primeiros dias de governo). Apenas Temer, que assumiu como interino em maio de 2016, teve avaliação pior: 14% em agosto.
Se forem considerados os presidentes eleitos, Bolsonaro tem a pior classificação nesse período. Sarney atingiu 45,2%; Collor teve 36%; Itamar Franco também conquistou 36%; Fernando Henrique Cardoso, 39%; Lula, no primeiro mandato, 43%; e Dilma, também no primeiro mandato, 45%.
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"80% dos aposentados chilenos recebem menos de um salário mínimo"
Boulos equivocou-se ao comentar a situação dos aposentados no Chile, ainda pior do que o cenário apontado pelo candidato à Presidência da República nas últimas eleições. O Holofote fez essa checagem em 21 de fevereiro, quando verificou entrevista dada pelo deputado federal Marcelo Freixo (PSol/RJ) ao programa CB.Poder.
À época, a nossa equipe mencionou reportagem do El País que detalha o sistema previdenciário do Chile dando conta de que "90,9% recebem menos de 149.435 pesos (cerca de R$ 694,08)". A matéria da agência internacional de notícias usou como fonte dados divulgados em 2015 pela Fundação Sol, organização independente chilena que analisa economia e trabalho. A entidade fez o cálculo da porcentagem com base em informações da Superintendência de Pensões do governo do Chile.
A reportagem do El País também confirmou que o salário mínimo no país sul-americano é de 264 mil pesos (cerca de R$ 1,226.20).
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"No parlamento, nós (oposição) somos minoria, mas, nas ruas, nós podemos ser maioria"
Pode-se dizer que, em números, os partidos que se declaram como oposição ; PT, PSB, PSol, PDT, PCdoB e Rede ; não configuram maioria na Câmara dos Deputados. Mas, em relação a algumas pautas, eles têm chance de conseguir maioria, como na reforma da Previdência, pois os parlamentares que integram o Centrão são capazes de alterar a balança.
Na teoria, a oposição oficial defende as mesmas pautas e se uniu contra a reforma da Previdência, por exemplo. O grupo reúne 133 dos 513 deputados, mas, na prática, precisa de 205 para conseguir barrar a reforma da Previdência ou qualquer outra Proposta de Emenda Constitucional (PEC).
No Senado, há dois blocos de oposição: Resistência Democrática e Senado Independente, que somam 22 dos 81 parlamentares na Casa.
Checagem de Ana Carolina Fonseca, Alessandra Azevedo, Guilherme Goulart e Igor Silveira