O empenho de Simone mostra que, para a formação de um bom estudante, a família é tão ou mais importante que a escola. Mãe de Benjamin, 10, e de Nicole, 6, ela conta que, depois de começar a participar do projeto, o mais velho demonstrou melhorias no desempenho escolar.
Simone fundou o primeiro grupo de pais no WhatsApp do Colégio Ideal. “Me mantenho sempre envolvida na vida dos meus filhos. Tenho contato com a escola, com os professores, os coordenadores, e com os proprietários. Além da parte cognitiva, a escola tem que oferecer cuidado com as crianças e adolescentes”.
Para Lúcia Helena Pulino, professora de psicologia escolar e do desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB), seja em escolas privadas, seja em públicas, a participação dos pais na educação dos filhos é essencial. Porém, ela alerta que deve haver cuidados para que os grupos de WhatsApp não se convertam em vigilância extrema.
Exemplo começa em casa
Para a advogada Priscila Barbosa, 34 anos, a educação do filho é prioridade. Heitor, 3, frequenta a escola desde os nove meses de idade e tem nos pais o espelho para trilhar um caminho baseado nos livros. “Eu e o Ranieri, meu marido, fazemos de tudo para mostrar para o Heitor a importância de estudar e o gosto pela escola. Se não incentivarmos desde cedo, ele pode ter dificuldades quando ficar mais velho”. E acrescenta:
“Na escola, ele costuma avançar nas turmas muito rápido, e acaba tendo mais contato com alunos um pouco mais velhos. Por ser uma criança agitada e brincalhona, às vezes, tem problemas de convivência. Nosso papel, como pais, é estar sempre atentos para que isso não aconteça sempre e não interfira na personalidade do Heitor”, afirma Priscilla.
Em relação À comunicação com a escola, Priscila alega que prefere não participar de grupos no WhatsApp com pais e responsáveis. “Às vezes, geram mais conflitos do que soluções. Então, prefiro o contato direto com a escola, que tem um canal no WhatsApp em que os dois lados mandam informações sobre a rotina escolar do meu filho”, explica.
Outro foco de atenção da advogada na vida do filho é o que ele navega na internet. Priscila monitora os canais do YouTube a que o Heitor assiste e, se necessário, o tira da sala quando ela e o marido estão vendo filmes com cenas fortes.
Valorização e incentivo
Ao perceber que a família se interessa por seus estudos e por suas experiências escolares, a criança ou adolescente se sente valorizada e incentivada. Há mais de 28 anos atuando como professora da educação básica em escolas públicas do DF, a educadora Sandra Ferreira, 48, percebe isso dentro e fora de sala de aula. No local em que leciona, Sandra já precisou chamar a atenção de pais que deixaram a educação dos filhos por conta da escola.
Buscando fazer diferente, em sua casa ela se preocupa com os estudos dos filhos e acompanha a evolução de cada um. Ana Júlia, 13, e Murilo 7, têm a rotina escolar supervisionada de perto pela mãe. “Vários episódios me mostraram a importância de conhecer a rotina escolar dos meus filhos. Sei quando fizeram algum dever ou não. Além do mais, conheço as dificuldades de cada um”.
De acordo com a professora do Departamento de Planejamento e Administração da Universidade de Brasília (UnB), Catarina de Almeida, o papel dos pais é de guiar os filhos pelos caminhos da vida, por meio da criação de limites e de valores importantes para conviver em sociedade.
Como acompanhar os estudos sem ser invasivo
» Sempre o questione sobre o que está sendo apresentando na escola e, sobretudo, sobre o que ele aprendeu. Desse modo, ele sente que você está interessado em seus estudos.
» O aluno deve ter uma rotina de estudos em casa, de modo que potencialize o conhecimento. Logo, separe um momento do seu dia para auxiliá-lo.
» A presença dos responsáveis é importante tanto em reuniões quanto em apresentações comemorativas. Essas oportunidades os mantêm em contato com o educadores e faz com que os responsáveis entendam a rotina da criança.
» Mesmo que a criança erre, evite demonstrar qualquer julgamento que possa desvalorizá-la. Em vez disso, procure elogiar o que considerar positivo e conversar sobre os acertos e erros.
» Não espere que seus filhos tenham comportamentos, pensamentos ou vontades iguais aos seus.
» Promova situações nas quais a criança possa se arriscar com autonomia, de modo que busque conhecimento por conta própria sobre áreas que interessem a eles.
*Estagiária sob supervisão de Fábio Grecchi
*Estagiária sob supervisão de Fábio Grecchi