Ela conseguiu associar o conteúdo convencional da aula a jogos de RPG. “Tive resultados fantásticos, estimulando a produção de textos em várias plataformas”, diz. Rozane acabou criando um site com uma proposta de leitura e escrita por dos jogos de RPG online e em tabuleiro, que explora com os alunos.
Agora ela se prepara para apresentar índices de melhoria em uma das escolas públicas do DF, em Brazlândia, onde trabalhou durante três anos, em um seminário em Portugal. Este ano, Rozane vai lecionar para o ensino médio no CEF 16, também na Ceilândia.
Em sua trajetória, Rozane conseguiu unir vocação com treinamento profissional. Ela conta que trabalhava como agente administrativo na secretária de uma escola em Goiás. “Sempre achei que meu lugar era dentro da sala de aula, mas não tinha condições de pagar a faculdade. Tive bolsa da prefeitura de Padre Bernardo (GO) e comecei fui estudar Letras. Depois fiz pedagogia e vários cursos de especialização. “Todo mundo me achava louca, mas eu fui escolhendo o que eu amava fazer, ensinar”, diz. “Em 2014, passei concurso GDF”.
Segundo Rozane, ser nativo digital não é garantia de saber aprender com as plataformas. “Quando a gente pede para os alunos produzirem um texto em uma plataforma digital, eles ficam perdidos. Não adianta conhecer a tecnologia e não saber usá-las para produzir conteúdo, por exemplo. No começo, eles têm resistência. “Nosso papel é ajudá-los a criar, a compreender, a construir novos saberes e a interpretar o conhecimento”, diz
Habilidades Socioemocionais
O professor Ricardo Faustino Teles, 35, acumulou muito conhecimento técnico, mas teve que correr atrás de conhecimento pedagógico e habilidades socioemocionais para lidar com alunos do campus de Samambaia do Instituto Federal Brasília (IFB), onde é professor de processos de fabricação no curso técnico.
Formado em engenharia florestal, Teles fez carreira acadêmica com mestrado, doutorado e pós-doutorado, sempre na engenharia florestal. É um professor muito bem preparado para ensinar alunos de 15 e 16 anos a desenvolver projetos de móveis e design com produtos florestais, mas sentiu falta de conhecimentos teóricos sobre como ensinar.
“Sofri no início. Sentia falta de conhecer mais sobre pedagogia associada a jovens e adultos. Como sou bacharel, não tive a formação pedagógica que os licenciados recebem. E isso é muito importante. Eu aprendi na prática e o IFB também ofereceu algumas oficinas e formações paralelas”, conta.
Teles nasceu em uma família de professores e, mesmo tendo direcionado sua carreira acadêmica para a engenharia florestal, acabou fisgado pela docência. “Apesar de todos os percalços da educação, ainda mais em uma região de vulnerabilidade, como Samambaia, o que leva a gente a seguir é ver o desenvolvimento do estudante. Dá muita satisfação ajudá-los com o futuro profissional, principalmente quando contam o que conseguiram com a influência do trabalho da gente”, diz. “Eles têm bolsa de iniciação científica e damos orientação para o mercado”.