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10 anos do Novo Acordo Ortográfico

O acordo foi assinado em 1990, em Lisboa, entre os nove países que fazem parte da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa

Renata Nagashima*
postado em 13/01/2019 01:40

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Há 10 anos, o Novo Acordo Ortográfico foi colocado em prática no Brasil, que, em 2009, tornou-se o primeiro país lusófono a fazer a mudança da grafia. Desde então, os brasileiros precisaram se adaptar, editoras mudaram livros e dicionários. Hoje, especialistas concordam que a transição é uma página virada e que a implementação foi bem-sucedida.

O acordo foi assinado em 1990, em Lisboa, entre os nove países que fazem parte da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), para padronizar a ortografia das palavras do português, respeitando as diferenças linguísticas e de sotaques de cada região.

A professora de linguística Stella Maris Bortoni, da Universidade de Brasília (UnB), explica que a preocupação inicial foi das editoras, que se organizaram e deram o pontapé no processo de mudança. Além disso, as escolas tiveram um papel importante, pois precisam ensinar o novo sistema de acentuação gráfica, o que sofreu mais mudanças.

A especialista acrescenta a internet como outro agente que contribuiu, graças às ferramentas de correção automática de textos. ;Esse é um fator decisivo para a total implementação, principalmente por causa das redes sociais. Há muita troca de mensagens escritas e, com o apoio dos corretores, isso agilizou o processo. Hoje, poucas pessoas lembram de como se escrevia antes da mudança;, analisa.

Stella Maris explica que as alterações propostas visavam beneficiar os países lusófonos. ;O português é uma das línguas mais faladas no mundo. Então há interesse que a escrita seja uniformizada para a difusão do material escrito;, afirma.

Assim, os clássicos publicados no Brasil podem ficar disponíveis com a mesma ortografia, sem precisar de adaptação e reimpressão.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

Palavra de Especialista

Mudança bem-sucedida

Não tenho dúvida de que as novas regras do acordo ortográfico já estão consolidadas e a implantação foi muito bem-sucedida no Brasil. Desde o primeiro dia, os meios de comunicação de massa já adotaram as mudanças. Os dicionários e livros didáticos foram imediatamente refeitos. Isso foi muito importante.

Raramente alguém tropeça nas mudanças, pois elas se integraram. Os estudantes as incorporam e talvez apenas as pessoas mais velhas ainda se mantenham nas regras antigas, mas vejo um apoio total ao acordo e ele se impôs assim que foi lançado. Ocorreram pouquíssimas mudanças, e isso facilitou durante os anos de adaptação.

O objetivo da reforma ortográfica foi padronizar a escrita da língua portuguesa. Isso ocorreu em um momento em que era necessário unir a língua. Nos organismos internacionais, o português era a única língua que tinham duas versões, pois os portugueses se negavam a assinar um documento com a língua do Brasil, dizendo que estava errado, e os brasileiros faziam o mesmo. A padronização da grafia foi muito importante para mudar isso. Vocabulário e gramática não foram afetados.

Por Dad Squarisi, professora de português e editora de Opinião do Correio Braziliense

Para saber mais

Relembre as mudanças mais significativas trazidas pelo acordo que completou 10 anos

; Alfabeto

O alfabeto passou a ter 26 letras. ;K;, ;w; e ;y; passaram e integrar a lista.

; Acento circunflexo

Não se usa mais esse acento na terminação -eem, de verbos na 3; pessoa do plural e em palavras com o hiato -oo. (Ex.: Veem, enjoo e voo)

; Acento diferencial

Palavras que têm a mesma grafia, mas pronúncia e significados diferentes, deixaram de ter o acento diferencial.

; Hífen

O hífen não é mais usado em palavras que o prefixo termina em vogal diferente daquela que introduz o segundo termo. (Ex.: autoajuda e infraestrutura)

Não é empregado, também, em palavras que prefixo termina em vogal e o segundo termo começa em R ou S. A consoante passou a ser duplicada. (Ex.: antissocial e autorretrato). Mas quando os prefixos terminam em R (hiper- e super-), o hífen é mantido.

Também não se usa o hífen em palavras que o prefixo termina em -e e a segunda palavra se inicia em -e. (Ex.: reedição e reeducação).

O hífen é usado para separar palavras em que o prefixo termina com a mesma letra que se inicia o segundo termo. (Ex.: anti-inflamatório e micro-ondas.) Palavras que o segundo termo começa com H também são separadas por hífen. (Ex.: super-herói)

; Trema

Foi excluída das palavras do português, mas não houve alteração na pronúncia. (Ex.: aguentar e consequência)

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