Essa é a realidade da artesã Ana Rosa Guajajara. Moradora de um assentamento no Noroeste. ;Nunca tive a oportunidade de ir para a escola. Não sei ler nem escrever;, desabafou. Ela diz que faz questão que os três filhos adolescentes tenham acesso à educação para a garantia de um futuro melhor. Caso tivesse a chance de aprender, afirma que gostaria de ser professora, para repassar o conhecimento aos parentes, também analfabetos.
Segundo a Pnad, o Brasil tem 11,3 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais. Em relação a 2017, houve uma queda de 0,1 ponto percentual, o que corresponde a uma redução de 121 mil pessoas nessa condição.
O levantamento mostra também que as desigualdades regionais de gênero, cor e raça persistem: mulheres permaneciam mais escolarizadas do que os homens, pessoas brancas tiveram indicadores educacionais melhores que os das pessoas pretas ou pardas e as regiões Nordeste e Norte apresentaram uma taxa de analfabetismo bem mais alta e uma média de anos de estudo inferior a das regiões do Centro-Sul do país. Entre os analfabetos, os negros predominam: são 9,1% contra 3,9% dos brancos..
De acordo com a Pnad, quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos, refletindo uma melhora da alfabetização ao longo dos anos. Segundo os números de 2018, eram quase 6 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 18,6% nesse grupo etário.
Preocupação
O estudo chama atenção para o percentual de pessoas com ensino superior completo, que passou de 15,7% em 2017 para 16,5% em 2018. A média de anos de estudos dos brasileiros é de 9,3 anos ; um número que vem crescendo, em média, 0,2 ao ano.A presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura, e Ação Comunitária, (Cenpec), Anna Helena Altenfelder, afirma que, apesar de alguns avanços, os dados são preocupantes.
;A meta do PNE de analfabetismo corre o risco de não ser alcançada diante da desmobilização de políticas educacionais. É preciso, ao contrário, investir na formação de professores e na implementação da Base Nacional Curricular (BNCC), e discutir o Fundeb. É necessária uma política séria de enfrentamento dessas desigualdades sociais. Esses dados mostram um desafio imenso que não está sendo enfrentado. Não existe país desenvolvido sem educação de qualidade para todos, independentemente de raça, gênero e região geográfica;, afirmou Anna Helena.