Os pais de Artur, Wanderlan e Suzana Paschoali, partiram em direção a Santa Teresa em 31 de dezembro, mas o difícil acesso fez com que só conseguissem chegar na última quarta-feira ao povoado. No mesmo dia, conversaram com várias pessoas no local. Dez se dispuseram a ajudá-los voluntariamente. Eles se dividiram e caminharam durante todo o dia de ontem pela montanha e ao longo do rio. ;Existe uma aldeia próxima à cidade, onde acharam um senhor que descreveu o Artur e disse que o viu indo em direção ao rio. A partir disso, as buscas se intensificaram nessa região;, conta o irmão, Felipe Paschoali, 27 anos, engenheiro civil. De acordo com ele, os pais, oito policiais e alguns moradores estão ajudando.
[SAIBAMAIS]Enquanto os pais movimentam a comunidade local e fazem buscas por conta própria, parte da família se mobiliza no Brasil. Primo de Suzana, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) explica que os familiares estão preocupados com o baixo efetivo deslocado pela polícia local para as buscas. ;Nosso empenho está sendo cobrar o Itamaraty para que interceda na polícia local. O efetivo policial destacado para ajudar na procura está muito pequeno. Estamos buscando uma posição firme do Ministério com as autoridades no município de Cusco para auxiliar nas buscas;, afirma o deputado.
Na internet
Na rede social Facebook, várias mensagens foram postadas nos perfis dos parentes de Artur, principalmente no do irmão. Uma foto com a história dele foi republicada por várias pessoas e chegou, até o fechamento desta edição, a 750 compartilhamentos. A ideia é divulgar a imagem do garoto e pedir ajuda para amigos peruanos. Uma página em forma de evento também foi criada com o mesmo objetivo. Com o título ;Vamos achar o Artur;, ela alcançou 1.126 confirmações de comparecimento.
Felipe reclama por não ter tido respostas do governo brasileiro. ;Liguei várias vezes no Itamaraty e mandei e-mail para duas pessoas diferentes. Não houve resposta. Eu estou em contato diretamente com o Peru para pedir ajuda. Não sei mais o que fazer;, lamenta. Ele procurou a Embaixada do Brasil no Peru e o Consulado Brasileiro em Cusco. O Ministério das Relações Exteriores explicou que a Embaixada do Brasil em Lima tomou conhecimento do caso na quarta-feira e está em contato com os pais de Artur desde então para acompanhá-los e apoiá-los. ;Além disso, o adido policial da nossa embaixada e o nosso cônsul honorário do Brasil em Cusco vêm mantendo contato com as autoridades locais responsáveis pelas buscas;, informou, por meio da assessoria de imprensa.
Artur mora com a família no Guará 2 e chegou a cursar artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB), mas não concluiu a graduação. Há três meses, viajou com um grupo rumo à Guatemala, mas decidiu permanecer no Peru para conhecer a região. Ficou 30 dias em Cusco, outros 10 viajando e mais 20 em Águas Calientes. Em 14 de dezembro, ele chegou a Santa Teresa e trabalhou por quatro dias no restaurante. ;No dia 21, ele deixou recado no Facebook para minha mãe e não tivemos mais notícia. Depois que ele não entrou em contato no Natal, minha mãe ficou muito angustiada. No dia 28, ligamos para um hotel na região e o gerente nos disse que um brasileiro estava sumido na cidade;, relata Felipe.
Segundo ele, a família entrou em contato com o delegado da área, que confirmou que o dono do restaurante havia feito a denúncia de desaparecimento. Quando os pais do jovem chegaram ao local, encontraram a mochila com as roupas e os equipamento de Artur no quarto em que ele estava hospedado. ;Ele está sem comida, roupas ou proteção alguma;, completa o irmão.
Para saber mais
Machu Picchu é uma cidade pré-colombiana localizada no topo de uma montanha, a 2,4 mil metros de altitude, no vale do Rio Urubamba, Peru. Foi construída no século 15. É, provavelmente, o símbolo mais típico do Império Inca e permanece preservado devido à localização, às características geológicas e à descoberta tardia, em 1911. Machu Picchu tem duas grandes áreas. A agrícola é formada principalmente por terraços e recintos de armazenamento de alimentos. Na urbana, se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais.
O lugar foi elevado à categoria de patrimônio mundial da humanidade pela Unesco. Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, e a mais aceita afirma que se tratava de um assentamento construído com o objetivo de supervisionar a economia das regiões conquistadas e com o propósito secreto de refugiar o soberano Inca e seu séquito mais próximo, no caso de ataque. A infraestrutura completa para os turistas está nas cidades vizinhas de Águas Calientes e Cusco. O acesso, difícil pela própria geografia, também não é facilitado pelos caminhos oficiais. Não existe rodovia federal que leve diretamente ao local.