Na época em que o bancário Eric Azevedo, 31 anos, estudava economia na Universidade de São Paulo (USP) e participava de processos seletivos para concorrer a uma vaga de estágio, o nível de proficiência em inglês era sempre um dilema na hora de montar o currículo. Apesar de ter estudado a língua estrangeira durante seis anos e ter dado aulas de inglês antes de ingressar na faculdade, Eric não colocava que era fluente.
“Era mais por uma questão de cautela, porque não tinha certificado de proficiência. Colocava ‘avançado’ por medo de, se um dia eu fosse entrevistado em inglês, o recrutador falasse que, por causa do meu sotaque, eu não era fluente”, relembra. “Só que eu comecei a ver colegas de turma escrevendo que eram fluentes no currículo sendo que não tinham nem o nível intermediário”, acrescenta.
Ele decidiu, então, modificar o CV. “Depois que eu fiz isso, (a língua estrangeira) passou a não ser um fator de seleção nas vagas que eu almejava. Muitas vezes, eu provava que sabia o idioma depois de entrar na empresa. As pessoas viam que eu sabia falar (inglês) e estava tudo certo”, relata. “Agora, tenho certificação. Então, fica mais fácil provar.”
O morador de Ribeirão Preto lembra que, além de mentirem sobre o nível de proficiência em inglês, muitos colegas costumavam “inflar” o nível de conhecimento do pacote Office. “Eu via que também era algo passível de maquiagem. No meu caso, colocava ‘avançado’, porque acreditava que era meu nível mesmo”, conta.
"Colocava ‘avançado’ por medo de, se um dia eu fosse entrevistado em inglês, o recrutador falasse que, por causa do meu sotaque, eu não era fluente. Só que eu comecei a ver colegas de turma escrevendo que eram fluentes no currículo sendo que não tinham nem o nível intermediário”
Eric Azevedo, bancário