As mentiras no documento profissional vão desde colocar nível mais avançado em alguma habilidade ou idioma até ao caso de inventar um diploma. “Algumas (mentiras) são comuns; outras, não. Mentir a formação acadêmica, por exemplo, não é tão típico”, afirma o diretor da Page Personnel, Lucas Oggiam. “Normalmente, isso ocorre quando a pessoa começou determinado curso, mas não terminou por algum motivo e o coloca no currículo mesmo assim”, diz.
“Há, também, casos de pessoas que colocam uma graduação no documento sem ter apresentado o TCC (trabalho de conclusão de curso)”, completa. Esse tipo de atitude assemelha-se a uma das distorções do currículo de Carlos Decotelli, que afirmou ter doutorado por uma universidade argentina. Apesar de ter cursado as disciplinas, ele não defendeu a tese, portanto, não tinha o título de doutor.
De acordo com Lucas Oggiam, as inconsistências mais comuns encontradas nos CVs de candidatos dizem respeito ao tempo que o profissional passou em determinada empresa e, principalmente, ao nível de um segundo ou terceiro idioma. Segundo Taís Rocha, psicóloga e diretora de operações do Grupo Soulan, consultoria em recursos humanos, mentir sobre o nível de proficiência em um idioma chega a ser “quase normal”, apesar de ser claramente errado.
“Tanto que as avaliações de língua estrangeira nos processos seletivos são igualmente normais. Sempre que um idioma é exigido, testamos os candidatos em todos os níveis: gramática, oral e escuta (listening)”, afirma. “Com relação à formação acadêmica, não é tão comum, mas, sim, acontece”, aponta. “Já tivemos o caso de uma falsa psicóloga que atuou por anos na área. Foi um choque quando recebemos a notícia de que ela não era formada. É claro que essa situação foi tratada na esfera jurídica”, relata.