“Agora, entendo como funciona o trabalho no Brasil e trouxe minha família para cá. Aprendi a falar algumas palavras para melhorar o atendimento e abri minha barbearia em Águas Claras. Dou graças a Deus por tudo ter dado certo”, relata. Com o isolamento social, as barbearias precisaram fechar. No entanto, deixar o cabelo crescer está longe de ser uma opção para muita gente.
No que depender do dono das três unidades da Barbearia Firas, pelo menos os cortes masculinos estarão a salvo. Ele criou o conceito de “barbearia delivery” e atende na casa do freguês. “Muitos clientes trabalham na área militar, de aviação ou em hospitais. O pessoal não aguenta e nem pode ter cabelo e barba grandes e precisa de ajuda”, afirma. Encontrar os fregueses em casa foi a forma que Firas arrumou para manter em dia o pagamento dos aluguéis das lojas e ter dinheiro para as necessidades pessoais.
O lucro não se compara ao de antes do isolamento, mas o serviço prestado é o que tem garantido a sobrevivência. “Eu vou porque são pessoas que precisam da estética para trabalhar, se sentem confortáveis com meu serviço e eu preciso do dinheiro. Eu os ajudo e eles me ajudam”, justifica. Apesar de conseguir cerca de seis clientes por dia, há muitos gastos com o material de proteção, como máscaras e luvas, e de esterilização do material de trabalho. O preço do corte é R$ 20, mais uma pequena taxa de locomoção.
Firas tem cerca de 14 funcionários, que são uma preocupação neste momento. A maioria deles mora em cidades distantes e não tem condições de se locomover todos os dias para Águas Claras para fazer o delivery. Para ajudá-los a manter alguma renda durante a crise, o barbeiro sempre pergunta ao cliente se eles têm preferência por algum funcionário específico e agenda um horário com ele.