Trabalho e Formacao

O mundo do trabalho pós-pandemia

Apesar de a situação não ser positiva, especialistas dizem que, em termos de inovação e transição digital, a pandemia trará boas lições para as empresas. No início, o home office não necessariamente será fácil, mas é questão de adaptação

Antes restrito a alguns profissionais, o home office precisou virar a realidade de milhares de trabalhadores no Brasil e no mundo por causa da pandemia de coronavírus. Nem todas as profissões podem simplesmente migrar para o formato a distância, mas, para serviços de escritório, feitos em computador, essa foi a alternativa encontrada por diversas empresas e órgãos públicos para manter a produtividade e, ao mesmo tempo, preservar a saúde dos funcionários.

Estudo da empresa de pesquisa Hibou e da plataforma de dados Indico, com 2.400 entrevistados em todo o país, revela que 59,9% dos brasileiros está trabalhando em home office no momento, dos quais 41,6% estão usando ferramentas de videoconferência para isso. O que não quer dizer que a carga de atividades diminuiu — muito pelo contrário! Entre os entrevistados, 25,2% relataram estar trabalhando mais de casa do que antes. De acordo com a pesquisa, 15% dos brasileiros disseram que não conseguirão sobreviver sem faturamento nem por um mês.

Dessa maneira, o home office se torna ainda mais importante tanto para empregados quanto para os patrões, que também precisam manter a produção das firmas a fim de ter rendimentos. Em geral, mesmo nas empresas que adotaram a novidade, determinados indivíduos ainda precisam estar na firma pessoalmente para garantir a continuidade e a viabilidade do trabalho. Colocar parte ou boa parte dos colaboradores para prestar atividades de casa, no entanto, já reduz bastante a aglomeração de pessoas.

Período de adaptação

Frente a este contexto, mesmo quem não é fã do formato home office precisa se acostumar. Até para quem tinha vontade de experimentar esse estilo de trabalho, porém, é comum sentir dificuldades num primeiro momento. Torna-se um desafio performar no mesmo ritmo sem colegas para trocar ideia ou um chefe fisicamente presente para guia-lo. Além disso, é preciso passar a usar estratégias de comunicação a distância ou plataformas até então desconhecidas.

Em alguns países, o home office já é mais comum, mas, no Brasil, a novidade pegou muita gente de surpresa, forçando empresas, governo e trabalhadores a se adaptarem às pressas. É o caso da servidora pública do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Liliam Pedroso, 43 anos. O trabalho presencial precisou virar remoto. Liliam necessita, agora, conciliar a atividade profissional com a casa cheia. Ela mora com o marido, o filho de 12 anos e a filha de 7. “Eu ainda estou me adaptando e me sinto um tanto quanto perdida”, admite.

“Além do trabalho, preciso administrar as atividades da casa neste período. É muita coisa para gerenciar, pois ainda tenho que auxiliar meus filhos com as demandas escolares”, diz. Com a pandemia e os decretos do Governo do Distrito Federal, a servidora pública conta que a família teve que readaptar também a rotina da casa.

Nova rotina

“Na parte da manhã, a gente costuma realizar as atividades domésticas. No período da tarde, nos dedicamos ao trabalho remoto e, meus filhos, aos estudos”, explica. Segundo Liliam, o órgão público para o qual trabalha está sendo bem cuidadoso em relação à prevenção do novo coronavírus. Ela está há quase duas semanas trabalhando de casa, e a instituição vem lançando portarias para tornar o teletrabalho mais presente neste momento da pandemia, deixando os serviços presenciais somente para os cargos essenciais.

A servidora pública diz que vê mais vantagens do que desvantagens no home office. “Eu me sinto mais produtiva, pois estou conseguindo realizar mais rapidamente as demandas do meu trabalho. A questão do deslocamento também é um ponto positivo, pois economizo no gasto com gasolina.” Outra situação positiva para Liliam é a proximidade com a família. O ponto negativo é o contato direto com os colegas de trabalho, que se perde.

 *Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa