Com o crescimento urbano e das maneiras alternativas de transporte, as desvantagens de usar o carro para trabalhar ficaram em maior evidência. Além da emissão de poluentes, há a dificuldade para estacionar, gasolina cara, estresse causado pelo trânsito e a perda de tempo em engarrafamentos. Por essas razões, são forte tendência meios alternativos de transporte. Além de patinetes e bicicletas elétricos, que cada vez mais ganham as ruas de diferentes cidades, outra forma de locomoção prática e portável está no mercado: o monociclo elétrico.
Trata-se de um equipamento elétrico com uma só roda e que tem adeptos em Brasília. Muitos usuários, inclusive, já usam a ferramenta para ir trabalhar. O monociclista se equilibra na máquina e, caso queira acelerar, deve inclinar o corpo para frente. Com cuidado, pois a velocidade dos dispositivos não é baixa. Alguns modelos podem chegar a até 50 km por hora com uma bateria suficiente para rodar até 160 km. O custo varia entre R$ 3.000 e R$ 8.500. Em Brasília, o veículo foi o responsável pelo nascimento de grandes amizades.
O grupo de WhatsApp Wheelers BSB conta com 17 integrantes, duas mulheres e 15 homens, quase todos unidos por coincidência. Arlindo Fernandes, 33 anos, é um dos precursores. O engenheiro eletricista do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGES-DF) se mudou de Minas Gerais para a capital federal em outubro de 2018. A vontade de se locomover de uma forma mais alternativa já existia, mas ganhou força ao perceber que a estrutura brasiliense era mais propícia à ideia. Cinco meses apó a mudança, Arlindo adquiriu um monociclo elétrico.
Monociclo
Ele não desapegou totalmente do carro, mas só o usa quando precisa fazer viagens mais longas ou carregar peso. O tempo gasto para chegar ao trabalho é bem menor com o equipamento de uma roda só. “Eu fico muito chateado quando não consigo usar”, desabafa. O engenheiro conheceu o monociclo por meio de vídeos no YouTube e começou publicar o próprio conteúdo também. “Eu gosto de postar porque, da mesma forma que eu aprendi por lá, posso ajudar outros”, relata. Uma das pessoas impactadas pelas postagens na plataforma de vídeos foi o dentista André Ribeiro, 38, que procurava uma maneira alternativa de ir ao trabalho.
“Eu queria um meio de transporte sustentável que me levasse para o trabalho tranquilamente, sem precisar pegar trânsito”, conta. A primeira opção era o patinete elétrico, mas na hora de apertar o botão de compra resolveu buscar alguma possibilidade melhor. Ele pesquisou e descobriu o mono. “Eu me apaixonei antes mesmo de ver um pessoalmente. Mostrei para minha esposa e ela também gostou”. André e a companheira, Thays Moura Ribeiro, 31, encontraram os vídeos de Arlindo, tiraram dúvidas e resolveram comprar. O casal passeava junto no Eixo Monumental quando conheceu mais um brasiliense adepto ao veículo, o gerente executivo da Caixa Seguridade, Isac Cezar, 38.
Eles conversaram e resolveram criar o grupo junto a Arlindo para marcar de andarem juntos. Isac estava tão disposto a mudar de hábitos de transporte que vendeu o carro em janeiro do ano passado e passou a andar somente de Uber. “Um dia estava esperando o carro e vi um homem de terno e gravata andando com aquela roda. Pesquisei, gostei e comprei”, diz. Ter um automóvel novamente está fora de cogitação. O monociclo ampara quase todas as necessidades dele. “Eu uso para tudo, só não quando preciso buscar meus filhos na escola. Antes disso, pensei na bicicleta, mas é muito ruim porque eu chegava no trabalho muito suado. O mono foi o que se encaixou perfeitamente”, afirma.
Praticidade
Aos poucos, com a chegada de mais amantes do veículo, o grupo Wheelers Brasília cresceu. O servidor público da Câmara dos Deputados Márcio Fonseca, 36, também assistiu aos vídeos de Arlindo, entrou em contato e foi adicionado ao grupo. Além do percurso diário que faz para trabalhar, o equipamento é usado para lazer. “Uso para diversão. Gosto de vir encontrar o pessoal”, confessa. Da mesma forma que Márcio, fizeram Daniel Souza, 31, servidor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e Bruno Macedo, 44, arquiteto da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caes).
Os dois assistiram a um vídeo e entraram em contato. Daniel é iniciante, começou a andar recentemente. Bruno é mais experiente e adotou a máquina para tudo. “Uso diariamente. Para trabalho, academia, mercado e cortar o cabelo. O monociclo é meu meio de transporte”, enfatiza. Funcionário do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Rafael Viana, 36, já participava do grupo nacional de monociclistas e recebeu o convite de outro integrante para entrar no de Brasília. Ele começou com um modelo mais simples e não tão potente.
Depois, enxergando o potencial do veículo para mais atividades, comprou um mais moderno para ir trabalhar. O meio de transporte tem conquistado cada vez mais pessoas pelas inúmeras vantagens. A mais destacada pelos wheelers é a portabilidade. Ele pode ser levado para qualquer lugar. Isac, por exemplo, guarda o dele embaixo da mesa no escritório. Outro ponto é não precisar fazer tanto esforço físico e não sentir calor devido ao vento. E o mais importante: é econômico e sustentável. “É o melhor de todos os mundos”, afirma Arlindo. Num momento em que evita-se aglomerações por causa do coronavírus, ferramentas que permitem locomover-se com mais rapidez sem usar veículos coletivos ficam ainda mais em alta.
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