Natália Sousa, 25 anos, é gerente de projetos na empresa de educação e comunicação Luck;n Fell há quatro anos. Nunca perdeu uma festa de fim de ano organizada pela firma. ;Sou sempre a primeira a chegar e a última a ir embora;, brinca. Neste ano, o acompanhante dela será o namorado, Brunno Café, que antes frequentava a celebração como amigo.
Nath, como é conhecida, está ansiosa pelo festejo. Entre tantas opções de comemoração, a preferida dela é a festa. ;A gente é muito jovem aqui, então a celebração tem muito a ver com nosso espírito;, afirma. Na hora de comprar o presente do amigo-oculto, ela busca lembranças na faixa de preço definida, entre R$ 50 e R$ 60. ;Vou pelo que conheço da pessoa e tento ser criativa!”
A Luck;n Fell comemora o fim de ano com festas para os funcionários desde 2011, quando foi fundada. A escolha por esse tipo de comemoração é estratégica. ;Às vezes, as pessoas passam mais tempo aqui, com os colegas de trabalho, do que com a família. Então, a gente gosta de criar momentos de diversão para manter o clima agradável, e as pessoas engajadas;, esclarece Danielle Morais, gerente de gestão de pessoas na empresa.
Para organizar a confraternização, eles contam com a ajuda de voluntários. ;As pessoas se voluntariam porque têm ideias legais e querem que a festa seja massa! Dividimos as funções e nos reunimos semanalmente para fazer um checkpoint;, explica a gerente de gestão de pessoas. Neste ano, ela e mais seis pessoas são responsáveis pelo planejamento da festa.
As atividades são organizadas de acordo com o tema da confraternização, que sempre muda. Como o deste ano ainda não foi divulgado, ninguém sabe quais serão as brincadeiras. Contudo, uma coisa é certa: haverá amigo-oculto, muita comida, bebida e reconhecimento. ;Toda festa de confraternização tem um momento de retrospectiva do ano para mostrar os resultados, fazer uma galera chorar e animar o pessoal pro ano que vem;, resume Danielle.
Os trabalhadores são muito próximos e, por isso, estão acostumados a frequentar festas juntos. Quando chega a comemoração da empresa, eles se divertem sem cobranças e pressões. Danielle conta que, há dois anos, um funcionário sumiu, e eles ficaram preocupados por horas. ;Encontramos ele desmaiado na grama no fundo do quintal;, diz. Outra vez, o ambiente foi danificado. ;Uma moça estava descendo até o chão, dançando funk, bateu o popô no chão e quebrou o piso da casa;, relembra. ;Muitas dessas histórias aconteceram com os próprios chefes;, ri. Contudo, ninguém é punido, pois nesses momentos não há cobrança nem julgamento. A festa deste ano está marcada para 14 de dezembro, e o pessoal já está ansioso. ;A galera tá animadíssima para ficar doida na confraternização;, revela Danielle.
;É nosso momento de curtir;
Na seguradora Wiz, a estratégia não é diferente. Eles também escolhem festa para confraternizar, e o tema deste ano é: ;Foco, persistência e resultado. Aqui a gente tem atitude!” Marina Amorim, superintendente de gente e gestão da Wiz, explica que é uma oportunidade de integração. ;É um momento descontraído, com música, comida e bebida. Também aproveitamos para reconhecer os funcionários;, afirma. Entretanto, como a empresa tem muitos funcionários ; na sede de Brasília são mais de mil ;, é preciso mais do que uma festa para engajar todo mundo. Por isso, a Wiz oferece ticket alimentação extra para os funcionários e faz questão de entregar algo bem simbólico, como um chocolate ou biscoito, acompanhado de um cartão de agradecimento.
Para Amanda Luli, 31, analista financeira da Wiz, a festa é uma oportunidade de interagir com os colegas de trabalho. ;Lá nós conhecemos até as pessoas com quem só conversamos por e-mail;, relata Amanda. Ela trabalha há seis anos na seguradora e afirma que receber reconhecimento durante todo o ano é o que a faz permanecer. Se a funcionária tivesse que escolher entre ticket, cesta ou festa, sem dúvidas, escolheria a última opção. ;A gente se diverte bastante. É uma comemoração e interação, tudo junto.;
Quando chega o mês de novembro, Mariana Castro, 25, técnica operacional, já cria uma expectativa para a festa da firma. ;É um sentimento que aflora. Esse é o nosso momento de curtir e usufruir das metas e dos resultados que nos esforçamos para bater durante o ano;, conta. O que ela mais gosta é de dançar e de comer. ;É muito divertido, difícil alguém ficar parado;, completa.
Mariana conta que é sempre a amiga da vez. ;Não bebo e não me importo de cuidar daqueles que gostam de beber;, relata. Ela nunca viu alguém passando por alguma situação constrangedora em nenhuma festa e acredita que dar assistência aos amigos antes de eles chegarem a uma situação crítica é essencial. ;Se você vê que seu amigo está passando da conta, vai ali e dá um toque.; A Wiz sempre faz campanha no e-mail interno para que os funcionários não bebam e dirijam.
Palavra de especialista
É preciso pensar no clima organizacional
;Antes de planejar a festa da firma, é importante pensar no clima organizacional daquele momento. Por exemplo, se uma empresa mandou várias pessoas embora durante o ano, de repente fazer uma festa não seja a melhor opção. Além disso, há organizações que fazem festa e distribuem presentes, mas, se elas não estão bem financeiramente, precisam se perguntar se essa forma de confraternização vale a pena. Caso contrário, a situação pode causar desconforto e gerar um efeito contrário, como um tiro pela culatra.
É preciso também ter cuidado ao tentar promover ações para integrar os funcionários. Pesquisas demonstram que quando a empresa tenta engajar os trabalhadores em uma festa ou em qualquer tipo de celebração, geralmente, aqueles que são minoria, com diferentes etnias, raças e orientações sexuais, sentem-se mal. Isso pode causar um desconforto.;
Joana Story, professora da Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da FGV, graduada em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e doutora em estudos em liderança pela universidade de Nebraska-Lincoln.
*Estagiárias sob supervisão de Ana Sá