A Polytechnique Montréal é especializada em engenharia e forma 25% dos engenheiros do estado de Quebec. Dos 8 mil alunos, 38 brasileiros, um número que só tende a crescer. Os estudantes tupiniquins são tão valorizados na universidade que uma das conselheiras de atração de estudantes, Maude Bourassa, é fluente em português e, há 10 anos, faz viagens ao Brasil em busca de alunos, como Laura Paim Pressi, 31 anos, estudante de mestrado em engenharia química na instituição. Engenheira química pela PUC-RS desde 2014, ela a conheceu em uma feira de estudos para o Canadá, em 2017.
;Eu queria ir para um lugar onde pudesse fazer um mestrado e, depois, ter a chance de ficar. Estava em dúvida entre Canadá e Austrália;, explica. Laura chegou a se preparar para tentar estudar no país, validou diploma, mas deixou o projeto de lado por um tempo. ;Eu trabalhava na Petrobras, pedi demissão a fim de entrar para a carreira acadêmica e acabei engavetando a possibilidade de ir para o exterior porque comecei a trabalhar numa empresa de tecnologia;, conta. Tudo mudou quando recebeu um telefonema da Maude. ;Levei um susto ao ver um número de Montreal na tela do celular. Ela me disse que um professor receberia uma bolsista brasileira, que acabou desistindo.;
Laura foi convidada para assumir o lugar dela. Depois de conversar com o docente em questão e entender o projeto de pesquisa, aceitou a proposta. ;Ele precisava de alguém que viesse rápido e, isso casou bem porque eu já tinha todos os documentos necessários.; Entre a ligação que marcou a vida dela e a vinda para o Canadá, passaram-se cinco meses. Ela chegou em 25 de dezembro de 2018. ;As mensalidades (anuais) da universidade são bem caras. O primeiro ano, com plano de saúde, dá em torno de 20 mil dólares canadenses e, no segundo ano, 9 mil dólares canadenses. Eu já estava juntando dinheiro para fazer esse investimento por conta própria e, com a bolsa, foi muito melhor;, comemora.
O benefício cobre apenas as mensalidades, então custos de alimentação e residência ficam por conta de Laura, que pesquisa energias renováveis. Ela conseguiu um trabalho de meio período como assistente de pesquisa na própria universidade que ajuda a pagar as contas. ;Nenhum dos desafios, como o idioma ou o frio, é maior que os benefícios, como a segurança. Eu moro sozinha com meu cachorro, que trouxe do Brasil, saio a qualquer hora tranquila;, compara. A engenheira não fala francês, então aproveita a oportunidade para aprender a língua. ;Eu estou adorando a experiência, vai além das minhas expectativas;, diz.
Bolsista
Bruno Alves, 29, faz doutorado em engenharia elétrica na Polytechnique desde 2017 com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O benefício cobre as mensalidades e dá uma ajuda de custo de 1.470 dólares canadenses. ;Dá para viver bem com isso;, explica. Graduado em engenharia de produção elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com intercâmbio acadêmico também com bolsa da Capes na França, ele fez mestrado em modelagem eletromagnética também na UFSC.
;Depois do mestrado, decidi que queria fazer o doutorado fora. Troquei e-mails com a Maude e com dois professores antes de vir.; Praticamente todas as atividades do departamento em que Bruno atua são em francês. Aqui, ele conheceu muitos brasileiros. ;Eu me sinto mais acolhido aqui do que na França pelo fato de haver muita gente de fora;, diz. Depois de se tornar doutor, Bruno precisa voltar para o Brasil e ficar pelo menos quatro anos como requisito para ser bolsista da Capes.
;Mas não digo que não tenho intenção de voltar porque a qualidade de vida é muito superior. Além disso, as pessoas daqui não interferem na sua vida, mas, quando preciso, estão lá para te ajudar;, comenta. ;Já peguei dois invernos aqui. Em um deles, a sensação térmica chegou a -40;C, mas Montreal está muito preparada para isso;, afirma. Segundo a conselheira Maude, alunos que vêm do Brasil, como Bruno, são ;maravilhosos; tanto como profissionais como pesquisadores. ;São pessoas que, em geral, se adaptam muito bem aqui.;
As 11 universidades
de montreal
; McGill University
; Université de Montréal (UdeM)
; Université Concordia
; Polytechnique Montréal
; Université du Québec à Montréal (Uqàm)
; École de Technologie Supérieure (ÉTS)
; École des Hautes Études
Commerciales de Montréal (HEC)
; Université Téluq
; École Nationale d;Administration
Publique (Enap)
; Institut de Tourisme et d;Hôtellerie du Québec (ITHQ)
; Institut National de la Recherche
Scientifique (INRS)
Saiba mais
Desde 1996, a Montréal International facilitou 71 mil empregos e forneceu orientação para mais de 11 mil trabalhadores estrangeiros. Em 2018, ajudou a recrutar 640 profissionais e alcançou 10.442 estudantes internacionais. Confira mais no site www.montrealinternational.com. Um dos projetos da entidade é o I choose Montreal. Descubra mais sobre opções de estudo, trabalho e migração para Montreal no link www.ichoosemontreal.com.
Visão de recrutadores
O que é preciso para ser aceito como aluno em universidades de Montreal? Porta-vozes de instituições explicam
Michel Lemay, diretor de recrutamento da HEC Montréal, observa que se trata da escola de negócios mais antiga da América do Norte, com mais tempo de funcionamento do que a Harvard Business School. ;No total, temos 14 mil estudantes. Em alguns dos nossos programas, 50% são estrangeiros ; principalmente vindos de França, Marrocos, Tunísia e Suíça, pois exigimos elevado nível de francês, mas recebemos alunos de todas as partes do mundo, e ainda temos sete cursos em inglês;, afirma. ;O que buscamos nos candidatos? Valorizamos diversidade de países e áreas de formação: queremos gente de comunicação, de RH, de engenharia;;, aponta. ;Mas, em suma, queremos pessoas brilhantes, que foram bem-sucedidas em suas áreas de atuação e estão em busca de se especializar.;
Vincent Allaire e Emily Love trabalham na McGill University, que tem mais de 200 anos. É a universidade mais antiga de Montreal e uma das que funcionam totalmente em inglês. Eles explicam que o forte da instituição são as áreas de medicina, direito, negócios, engenharia, ciência e sustentabilidade. ;Nós somos uma universidade de estudantes fortes, então o que mais valorizamos são boas notas, mas atividades extracurriculares também são um ótimo jeito de construir seu currículo;, destaca Vincent, que atua no Departamento de Relações com a mídia. Emily, gerente de Desenvolvimento de estudantes internacionais e comunicação, observa que a habilidade de liderança também é valorizada. No momento, 12.533 estudantes estrangeiros estão matriculados na McGill, dos quais 150 vêm do Brasil. No total, são cerca de 40 mil alunos.
Cindy Tam, oficial de Recrutamento de Alunos da Concordia University, revela que há 52 brasileiros matriculados na instituição no momento. ;São pessoas superengajadas e muito participativas;, comenta Cindy. A instituição, como a McGill, funciona totalmente e exclusivamente na língua inglesa. A unidade tem cerca de 46 mil alunos. Segundo Cindy, o que mais conta na hora da seleção são as notas.