Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Pesquisa revela benefícios

Uma pesquisa da produtora de alimentos para cães e gatos Nestlé Purina e da empresa de estudos Penn Schoen Berland entrevistou 1.000 profissionais de diversas áreas nos Estados Unidos, em maio de 2017. ;O objetivo era entender como a presença dos pets no ambiente de trabalho traz impactos positivos para a produtividade e para o bem-estar dos funcionários;, explica Tatiana Turquete, gerente de Marketing da Nestlé Purina no Brasil. ;Entre as descobertas da pesquisa está o fato de espaços de trabalho que aceitam animais de estimação serem vistos como empolgantes e inovadores;, diz.

;Esse benefício é visto como o segundo mais importante para os donos de cachorros, superando até estacionamento e refeições;, destaca. ;O estudo também concluiu que empregados que trazem os animais de estimação para o trabalho tendem a ter níveis mais baixos de estresse até o fim do dia, o que pode ajudar a reduzir a pressão arterial, diminuir a solidão, ajudar a baixar a quantidade de colesterol e estimular a atividade física;, completa. No total, 63% dos funcionários de empresas que aceitam pets estão muito satisfeitos com o ambiente de trabalho. ;Isso é quase o dobro do índice na comparação com locais de trabalho onde os animais de estimação não são permitidos;, observa Tatiana.

;Oito em cada 10 colaboradores entrevistados afirmaram que conviver com o pet no trabalho faz com que se sintam mais felizes, descontraídos e sociáveis;, conta. A sede da Nestré Purina em Saint Louis (EUA) conta com animais adotados que moram na empresa. A meta agora é trazer isso para as unidades do Brasil. O primeiro passo está sendo dado por meio do dia Pet at Work, quando os trabalhadores do escritório trazem o animal de estimação para o escritório. Na última ocasião, em 14 de junho, a programação reuniu cerca de 150 cães e gatos. O evento faz parte do movimento #MelhorJuntos, criado para estimular a convivência de pessoas e animais de estimação fora do espaço de casa.

Espaços acessíveis
O movimento apoia o Guia Pet Friendly, disponível em www.guiapetfriendly.com.br. Escrito por Cris Berger, o site traz uma lista de estabelecimentos, como bares e restaurantes, onde os peludos são bem-vindos na cidade de São Paulo. Há também dicas para quem deseja adaptar um espaço para que ele se torne pet friendly. O guia é atualizado mensalmente.

Números favoráveis

Outro levantamento, do app que conecta donos de cães com passeadores e anfitriões de animais DogHero, também demonstrou os efeitos positivos da presença de bichos no trabalho. ;Na vontade de querer entender mais como funciona a relação de pais de cachorros e seus pets, aproveitamos o gancho do trabalho para saber se os donos queriam os animais nesse ambiente;, explica Fernanda Castilho, porta-voz da DogHero e responsável pela pesquisa. A empresa que ela representa surgiu em 2014 e conta com uma rede de mais de 850 mil cachorros e 18 mil anfitriões e passeadores cadastrados no Brasil, no México e na Argentina. O estudo entrevistou 600 brasileiros durante um mês.

;O que a pesquisa mostrou foi superlegal. O resultado é que nove em cada 10 pessoas querem levar o animal para o trabalho. Descobrimos também que 96% dos respondentes desejam atuar num espaço pet friendly; além disso, 94% querem que ambientes de fora do escritório também sejam adaptados para receber bichos;, informa. ;E até que não tem bicho aprova dessa ideia: 91% relataram que gostariam de trabalhar em um lugar com cachorros. E 78% dos entrevistados disseram que, pelo ambiente pet friendly, teriam maior interesse em fazer a adoção de um cãozinho;, afirma.

Os maiores benefícios, destaca Fernanda, que é graduada em marketing pela Universidade de São Paulo (USP), são para o aspecto emocional. ;Tinha uma pergunta assim ;como você se sente deixando seu cachorro em casa enquanto está no trabalho?;. 86% afirmaram que se sentiam tristes e 76%, preocupados com a situação;, explica. Assim, poder ter o pet como companhia no ambiente laboral traria paz de espírito para que os funcionários possam focar o trabalho. Um estudo da Virginia Comunall University nos EUA reforça esses resultados.

;Foi um estudo que comprovou que os colaboradores que levam animais para o trabalho são menos estressados e que a presença do cachorro no escritório gera um impacto positivo sobre a produtividade;, elenca Fernanda. ;E, dentro do escritório da DogHero, temos essa experiência empírica: nosso espaço é pet friendly. Tem muita gente que traz o pet para cá e isso realmente muda tudo: o ambiente fica mais leve. Enfim, o expediente acaba se tornando mais descontraído, e os amigos de outra espécie não prejudicam a produtividade, pelo contrário, aumentam o rendimento e despertam a criatividade;, comenta.

Orientações para uma boa convivência

Consultores do aplicativo DogHero preparam dicas para empregadores e empregados

Para empresas que desejam ser pet friendly:
; Garanta que a instituição tenha espaço: animais, em especial cachorros, independentemente da raça ou do tamanho, de maneira geral, precisam se movimentar. Por isso, é importante que a empresa tenha local para que eles possam explorar o território enquanto estejam ali;

; Evite pisos acarpetados: além de absorverem cheiro e serem de difícil higienização, também dificultam a movimentação. Opte por pisos feitos de material antiderrapante e atérmicos, que mantêm uma temperatura amena;

; Determine em que locais da empresa os bichos podem circular: por questões de higiene, é recomendado evitar espaços como cozinhas, refeitórios ou banheiros;

; Disponibilize potes com água pelo espaço: os pets precisam se manter hidratados;

; Disponibilize tapetes higiênicos: isso garante que os cachorros possam fazer necessidades nos locais adequados. No caso de gatos, é necessário ter
caixa de areia.

Para donos que querem levar amigos peludos para o trabalho:
; Tenha certeza de que o bicho é sociável: isso é importante para garantir não apenas que ele não vá brigar com outros animais, mas que também não se intimide com a presença de pessoas desconhecidas no mesmo ambiente que ele. A ideia é que a ida ao trabalho seja uma experiência agradável para ele e não o contrário;

; Ajude na socialização: se o seu bicho não se der bem com o pet de um colega de trabalho, se forem cães, proponha levá-los para passear juntos, lado a lado. Essa é uma técnica bastante eficaz para deixá-los mais entrosados.

; Castração: é importante assegurar que o seu animal está castrado para evitar contratempos; afinal, em um ambiente pet friendly, ele terá contato com outros de diversas raças e gêneros. Caso não seja possível, evite levar as fêmeas quando elas estiverem no cio;

; Mantenha a vacinação em dia: é uma segurança para o animal e para os colaboradores;

; Leve brinquedos: isso garante que o animal não fique entediado e também o auxilia a se sentir mais à vontade no espaço e a socializar com outros cães;

; Leve a comida: se o seu animal tem o costume de se alimentar durante o dia ou tem alguma restrição alimentar, é importante levar consigo a comida dele para que ele não sinta uma mudança drástica na rotina;

; Você é responsável por limpar o xixi e o cocô: é importante dar uma voltinha com seu animal antes de entrar na empresa para que ele possa fazer as necessidades tranquilamente. Mas, caso ele sinta vontade de fazer no escritório, esteja pronto para fazer a higienização do espaço.

; Atenção integral ao filhote: ao levar um bicho para o trabalho, compreenda que você não terá um trabalho 100% dentro da rotina comum. Afinal, você terá de ficar o tempo inteiro atento. Nesse sentido, é recomendado que você cancele ou evite reuniões externas no dia, traga marmita e tenha certeza de que as pessoas que participarão das reuniões internas com você gostem de animais para que não haja nenhum contratempo.

Dicas para um bicho morar na firma

Se o animal for ser ;adotado; pela empresa, ou seja, caso ela vá morar na firma, sendo um pet compartilhado, é preciso tomar cuidados específicos. O veterinário Jorge Morais, fundador da rede Animal Place, lista algumas dicas que vão garantir o bem-estar do bicho, além de conquistar um ambiente saudável para todos e sem incomodar os vizinhos.

; Zero sedentarismo ou estresse: a principal dica é induzir a prática de exercícios físicos, seguindo uma rotina de acordo com o tipo e a raça do animal. No caso de cachorros de grande e pequeno porte, é fundamental levá-los para passear de uma a duas vezes por dia e, se possível, aproveitar o momento para estimular o contato com outros animais. Já os gatos, embora sejam aparentemente bem diferentes, seguem com a mesma prática, já que qualquer pet pode desenvolver fobias e depressão se permanecerem por muito tempo trancados. Inclusive, quando acostumados desde pequenos, os felinos adquirem o hábito de passear usando guia, sem medo ou agressividade. Livre do estresse, o pet dificilmente incomodará os vizinhos com choros, latidos ou miados excessivos.

; Segurança em primeiro lugar: instalar redes de proteção também é um cuidado essencial na hora de trazer o pet para um espaço, pois o mantém fora de perigo e o deixa seguro para correr e brincar, especialmente no caso de gatos. É preciso ficar ainda mais atento: é preciso verificar de tempos em tempos se o gato não está roendo a tela, pois alguns felinos fazem isso.

; Comportamento e higiene: as necessidades fisiológicas dos pets podem ser motivo de discórdia: ninguém quer chegar e encontrar xixi de cachorro no chão. Uma das dicas para driblar a questão é ensinar o pet a fazer as necessidades num local específico, de preferência, dentro do ambiente para não criar dependência. Imprevistos acontecem e o animal pode ficar segurando o xixi e cocô por muito tempo, em situações em que alguém não possa levá-lo para passear. Isso pode facilitar doenças, por exemplo, infecções urinárias.