Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

A longa espera pelos editais

As inseguranças em relação à abertura de concursos públicos continuam. Apesar de estarem previstos certames, o governo federal sinalizou que não tem intenção de lançar seleções nos próximos anos. Especialistas, no entanto, acreditam que essa fase vai passar logo

Concurseiros têm enfrentado um cenário turbulento nos últimos anos, desde o congelamento de certames que começou no governo Dilma, perdurou na gestão Temer e, agora, mostra que deve ocorrer também sob o comando de Bolsonaro. A espera pelo edital dos sonhos, para alguns, já dura quatro anos. O que, sem dúvida, desanima parte dos que estudam com essa finalidade. Toda vez que alguma suspensão de seleções é anunciada, cursinhos defendem, porém, que vale a pena continuar estudando.

A expectativa é de que as vagas voltassem a ser abertas este ano. No entanto, o sonho de estabilidade e bons salários no funcionalismo público parece estar ainda mais distante: o governo federal anunciou que não tem intenção de abrir seleções. O motivo? É o mesmo alegado desde 2015: falta de recursos.

Em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que não haverá concursos nos próximos anos para desinchar a máquina pública. ;Para proteger a mão de obra que está lá, nós fizemos o seguinte: vamos desacelerar as contratações agora, ficar sem contratar um tempo e vamos informatizar;, afirmou. O governo calcula que 40% dos funcionários públicos devem se aposentar nos próximos cinco anos. À medida que as vagas deixadas por eles não forem preenchidas, o time de Bolsonaro espera que as contas se resolvam. Outro problema preocupa concurseiros: as dúvidas com relação às novas regras para concursos. Muitos temem que as normas possam dificultar ainda mais a abertura de editais.

E a suspensão não está restrita à esfera federal do Executivo: o Governo do Ceará também bloqueou concursos. O que acende o alerta: e se outras unidades da Federação copiarem o modelo? Todos esses são questionamentos que podem preocupar os que se preparam para seleções públicas. A boa notícia é que a interrupção não é geral: os Poderes Judiciário e Legislativo não têm impedimento para abrir certames. A situação econômica do país, porém, não é muito favorável para isso. Tudo isso faz com que o tempo das vacas gordas de outrora fique mais longe de voltar.

Lei de cotas distrital à vista
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, na última quarta (5), projeto de lei (PL) que prevê reserva de 20% das vagas de concursos do DF para negros. A proposta é da deputada distrital Arlete Sampaio (PT), inspirada pela Lei Federal n; 12.990. Agora, o PL segue para a sanção do governador Ibaneis Rocha. Para que a regra seja aplicada, o concurso precisa oferecer número de vagas igual ou
superior a três.

Bloqueio no Nordeste
No fim de maio, o secretário do Planejamento e Gestão, Mauro Filho, afirmou que os concursos públicos e chamadas de novos servidores no estado estão suspensos a fim de reduzir gastos. Na última semana, o governo disse que reavaliará a decisão no segundo semestre deste ano.

Vagas fechadas em 2020
Em abril, o secretário adjunto de Fazenda, Esteves Colnago, afirmou que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020 não terá previsão de concursos públicos. A medida precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa