Seja uma festa tradicional, seja um happy hour num barzinho, um jogo de boliche, seja uma dinâmica... São vários os jeitos de confraternizar com os colegas de trabalho, mas os benefícios são os mesmos. Entre os principais estão: engajar e unir equipe. Fim de ano, então, tem tudo a ver com reuniões e comemorações para agradecer e avaliar o ano que passou e fazer as famosas promessas de ano-novo. De acordo com a gerente de desenvolvimento de pessoas do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Paula Ávila, de todas as formas, o ambiente de trabalho só tem a ganhar com a iniciativa de não deixar o momento passar em branco. ;É sempre muito positivo. É uma oportunidade de celebrar as conquistas e fazer um balanço. Isso aproxima os colabores, porque é um ambiente diferente, mais informal, então, eles acabam relaxando;, explica.
Para ela, essa congregação ainda se faz mais importante porque o trabalho tem ganhado cada vez mais importância na vida das pessoas. ;Apesar de haver separação entre vida pessoal e profissional, essa distância está cada vez mais curta;, argumenta. As principais vantagens: ;Isso gera um ambiente de troca, aumenta o engajamento e a aproximação do colaborador com a organização;. O coordenador do curso de recursos humanos da Faculdade Anhanguera de Brasília, Ulisses Rodrigues Vieira, destaca que, além de ser o momento de comemorar um ano de trabalho, o evento reúne e integra os funcionários e pode trazer diversos benefícios para a convivência. ;As confraternizações de fim de ano podem criar e fortalecer laços entre os funcionários, tornar a equipe mais unida, produtiva e engajada, criar maior sintonia, potencializando as alianças no trabalho e gerando um ambiente mais agradável, com mais qualidade de vida;, aponta.
;Isso tudo reduz a possibilidade de doenças e afastamentos, como estresse e depressão;, destaca. Por isso, Paula Ávila aponta a importância de o funcionário não tentar fugir desse momento. ;É interessante para fazer uma reflexão e ter esse tempo para aproveitar os bons momentos. Às vezes, conhecemos as pessoas por telefone e e-mail e, em um ambiente informal, podemos saber realmente com quem trabalhamos. Nesses eventos, acabamos por criar conexões;, afirma Paula. Para o doutor em psicologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB) Heron Nogueira, esse é um momento que deve ser aproveitado pelos funcionários. ;É a oportunidade de ampliar suas relações, principalmente com as pessoas com quem não têm ligação de trabalho no dia a dia. Além disso, é uma chance de ampliar o olhar sobre a empresa onde trabalha, conhecendo-a melhor.;
E a crise?
Muitas empresas têm deixado as confraternizações de lado para evitar gastos. Paula Ávila destaca que a questão econômica não é desculpa para não reunir o time: basta repensar e fazer algo mais econômico. ;Fazer com que a atividade tenha a cara do público é mais importante do que ter muitos recursos;, aconselha. Para isso, ela deixa algumas dicas. ;Existem alternativas. Dependendo da intimidade do grupo, pode-se fazer uma vaquinha, cada um pode levar alguma coisa. O importante é que seja prazeroso e o grupo goste porque, senão, acaba-se por criar outro problema: a obrigação de ir a um evento no qual as pessoas não se conectam;, ressalta.
Para Ulisses Vieira, as dificuldades financeiras não devem atrapalhar a confraternização. ;A questão é reduzir os gastos, não cortar pela raiz. Diminuir o tempo de duração do evento, procurar locais que ofereçam maiores descontos; afinal, a crise está aí para todos e ninguém quer perder negócio. As lembrancinhas devem receber uma atenção especial. Em vez da velha e boa cesta de Natal, uma ave em conjunto com um panetone podem servir;, diz. ;Não importa se é uma festa luxuosa ou um lanche colaborativo, em que todo mundo contribui com o que pode. O importante é ampliar e melhorar as relações no ambiente de trabalho, fazendo com que todos se sintam especiais;, finaliza Heron Nogueira.
Hora de festejar;
... mas com moderação. Esta é a recomendação dos especialistas. ;É importante se divertir ao mesmo tempo em que mantém postura compatível com o ambiente de trabalho. É imprescindível evitar exageros de todas as naturezas, sobretudo, se houver bebida alcoólica;, ensina o professor Ulisses Vieira. ;Conversas informais estão liberadas, mas utilizando sempre o bom senso. Não confunda alegria e descontração com inadequações nos comentários e nos comportamentos;, recomenda. ;Independentemente do tamanho, é um evento de trabalho. Por mais que seja informal, é laboral;, alerta Paula Ávila. Por isso, nada de exageros. ;Seja consciente e moderado. Se for beber, saiba a hora de parar. São questões de etiqueta importantes em qualquer evento. Entenda o contexto para escolher a roupa. Nas conversas. evite temas polêmicos: o objetivo é confraternizar, não gerar briga. O bom senso é a principal regra;, recomenda.
Momento para agradecer
Há 16 anos trabalhando no Laboratório Sabin, a coordenadora financeira, Rafaela Araújo, 34 anos, nunca perdeu uma confraternização. ;Nunca deixei de ir. Quando entrei, era uma equipe pequena e tinha todo aquele envolvimento, ajudávamos a preparar a festa. Hoje, para a gente que não tem mais contato com todo mundo, é um momento de encontro, a chance de analisar o ano, fazer um resumo e celebrar tudo isso. Os funcionários gostam muito, a adesão é bem grande, só saem quando acaba, eu sou uma dessas;, brinca.
No caso do Sabin, são três confraternizações. Uma de cada equipe, outra só para os líderes e, por último, a da equipe toda. Essa última, em Brasília, reúne cerca de 2.400 funcionários. ;Temos mais de 90% de adesão. Procuramos fazer uma festa pensando no que os colaboradores desejariam, um momento com música, comidas que eles gostem, uma decoração que faça sentido para eles;, explica a gerente de pessoas Mariana Bittar. Para ela, a celebração é importante para mostrar ao colaborador a importância dele. ;A gente passa o ano colocando metas. Então, o fim do ano é o momento de agradecer, elogiar e celebrar;, destaca.
Como são as confraternizações?
Trabalhadores revelam bastidores das ações de fim de ano de que participam
Espírito natalino
Na escola de inglês onde a auxiliar administrativa Kellen Pereira, 29 anos, trabalha, são várias as confraternizações ao longo do ano. As mais importantes são a de Ação de Graças e a de Natal. A primeira ocorreu na última semana e cada funcionário contribuiu levando um prato de salada ou de sobremesa (os pratos quentes são providenciados pela empresa). Já a natalina é no fim do ano, com tudo organizado pela firma. Em ambas as ocasiões, os cerca de 500 trabalhadores se reúnem para, principalmente, agradecer pelo ano que passou. Há sete anos atuando na Thomas Jefferson, Kellen é uma entusiasmada quando se trata desse tipo de evento. ;A gente passa, muitas vezes, mais tempo com os colegas de trabalho do que com a família; então, fico ansiosa para poder participar. O benefício, para mim, é poder estar juntos e celebrar. É um momento em que a empresa mostra o quão importante os funcionários são;, destaca.
Para ela, não restam dúvidas de como deve ser o comportamento nessas ocasiões: comedido. ;Eu procuro não me exceder;, afirma. A diretora da Casa Thomas Jefferson, Lúcia Santos, avalia que a instituição só tem a ganhar com as comemorações. ;É muito bom para o clima organizacional da empresa. No dia a dia, você não se encontra com todos os funcionários. É um dia muito bonito. Essa é uma forma de agradecer aos colaboradores, dividir as vitórias e fazer com que eles se sintam importantes. Ninguém trabalha sozinho, o sucesso da empresa é de todos;, afirma. Ela explica que essa também é uma forma de gerar engajamento. ;É muito importante para os colabores tecerem uma rede de contatos também. Manter uma relação saudável com os colegas e motivá-los é um ganho impagável;, diz. No dia da comemoração, os funcionários trabalham até as 16h e depois vão para o local do evento. Geralmente, a festa ocorre um dia antes de os funcionários entrarem de férias coletivas.
Comemorar com a equipe
Para Alinne Feitoza Ramos, 25 anos, ter um momento de confraternização na empresa sempre é positivo. ;É quando comemoramos mais um ano dentro da empresa, celebrando a superação de desafios, além da conquista dos objetivos junto à empresa ; também por ser um evento com maior descontração, em que é possível conhecer os demais funcionários que trabalharam com você durante o ano e ajudaram no dia a dia, fora de um ambiente profissional;, destaca a advogada que, há dois anos, trabalha na Coqueiro Materiais para Construção. Anualmente, a empresa promove uma festa formal para a equipe. De acordo com Tatiana Coqueiro, coordenadora de RH da empresa este ano são esperados 450 participantes. "Este dia conta com um ambiente temático , bandas, homenagens, concursos, boa comida, premiações e muito mais", destaca.
Como festejar sem errar
Confira dicas da IBC Coaching para não fazer feio na festa da firma:
; No amigo-secreto, opte por algo neutro. Não compre nada muito barato nem muito caro;
; Para a escolha da roupa, informe-se sobre o horário da festa e tenha cuidado quanto a decotes e acessórios;
; Beba e coma de forma moderada;
; Aproveite para socializar e criar vínculos com os colegas de trabalho;
; Não fique pouco tempo na festa, mas também não seja o último a ir embora;
; Converse sobre outros assuntos que não envolvam a rotina de trabalho;
; Evite chamar a atenção na hora de dançar;
; Não poste nas redes sociais momentos constrangedores de colegas;
; Não use o evento para flertar.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa