Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

O valor do trabalho manual

Ela ganha a vida vendendo laços dos mais variados modelos, tamanhos e cores. Trabalho começou há quatro anos, com o nascimento da filha caçula

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Cristiane Aranha, 39 anos, produz acessórios de cabeça para bebês, meninas e mulheres com o mesmo capricho que dedicaria à atividade se estivesse confeccionando uma peça para um membro da realeza. Por isso, o nome do microempreendimento individual dela, La Belle Carol Laços de princesa, faz todo o sentido ; vários dos artigos são usados em festas de aniversário e casamento, por damas e noivas, por exemplo. Já a primeira parte da marca é uma homenagem à filha dela, Caroline, 4 anos, que a inspirou a começar o negócio. ;Quando ela nasceu, ganhou de presente um laço muito lindo, pelo qual eu me apaixonei. A partir daí, comecei a comprar fitas para fazer outros;, conta.
Familiares e conhecidos perceberam que Cris levava jeito para a coisa, então, não demorou para que ela percebesse o potencial do artesanato e começasse a vender. Laços, tiaras e faixas feitos à mão nos mais variados modelos, tamanhos e cores são o carro-chefe dela, mas a moradora da Expansão do Setor O, em Ceilândia, confecciona também sapatinhos, roupinhas, kit de higiene e outros acessórios infantis. Cris se tornou artesã de mão cheia pesquisando técnicas na internet e, claro, testando. ;Eu fazia, dava errado, mas continuava fazendo até acertar;, relata. O trabalho é mantido à base de muita persistência e vontade, já que a brasiliense precisa conciliar o artesanato com os estudos e os cuidados com a família.

;Estou no 7; semestre da faculdade de enfermagem, que curso à noite. Produzo a maior parte das peças quando volto para casa e meus filhos já estão dormindo, das 22h30 até umas 2h ou 3h da madrugada;, afirma ela, que é mãe ainda de Vítor, 9. De manhã, Cris fica com os filhos até o horário de eles irem para a aula e os prepara para irem à escola, no turno vespertino. À tarde, ela vende os produtos em uma variedade de locais, como a Praça do Relógio, em Taguatinga. À noite, vai para a faculdade, e o ciclo recomeça. Entre uma coisa e outra, ainda precisa encontrar tempo para os trabalhos da graduação. Durante os fins de semana, não há folga. ;Sábado e domingo, participo de feiras, como a da Lua e Expotchê;, relata. Nessas ocasiões, Cris leva os filhos para os estandes ; a menina, inclusive, se torna garota-propaganda.

;Ela é muita vaidosa, tem o cabelo na cintura e sempre usa algum laço. Muita gente olha e escolhe o modelo que a Carol estiver usando;, relata. O companheiro de Cris acompanha o resto da família nas feiras, onde vende churros em um carrinho. ;É corrido, mas meus filhos entendem, são bem compreensivos. Eles falam: ;mamãe vai ganhar muito dinheiro para construir uma casa bem bonita para a gente;. Os dois pensam no bem-estar;, explica. A boa notícia é que tanto esforço tem compensado: além das vendas no varejo, Cris fornece ainda produtos para boutiques infantis no atacado. No total, supera mais de 1.000 vendas por mês, com cada acessório de cabelo sendo vendido por preços que variam entre R$ 4 e R$ 35. ;Meus rendimentos ainda são de MEI, mas estão perto de ultrapassar o limite e espero crescer e mudar de categoria. Está fluindo mais do que o esperado;, comemora.

Receita

Responsáveis pelo crescimento são o capricho dedicado à elaboração das peças e as técnicas de venda. ;Faço tudo sozinha. Algumas coisas costuro e, para outras, como as pérolas, uso cola, mas uma especial. Há todo um cuidado para que nada solte, afinal muitas das peças serão usadas por crianças;, justifica. ;De um modelo mais simples de laço, chego a fazer 20 tiaras por dia. Já de um tipo mais trabalhado, com pérolas, dá para produzir 12. Depende da variedade.; Antes de se tornar artesã, Cris trabalhou como vendedora em grandes lojas, experiência importante para que ela aprendesse a comercializar bem os próprios produtos. E é justamente a parte das vendas a preferida dela.

A atenção dedicada à conversa com a clientela é tanta que Cris faz de tudo para atender os desejos. ;Se não tenho um modelo ali na hora, pego como encomenda e faço a entrega;, diz. O contato pós-venda também é intenso: Cris recebe muitas fotos de clientes usando os produtos e posta nas redes sociais. Aliás, a internet é grande aliada na divulgação do trabalho. ;Na época em que comecei a fazer as tiaras, criei um grupo de mães no Facebook que tem mais de 120 mil membros, onde acabo divulgando o que faço;, revela. A maior parte da procura é para a faixa etária que vai até 7 anos. ;Hoje, um modelo bastante pedido é o que aparece na novela do SBT Carinha de anjo;, conta. Apaixonada pelo que faz, Cris não enxerga dificuldades na atividade. ;Faço com tanto carinho que as pessoas se encantam e supero qualquer desafio.; O fato de ser a própria chefe é outro diferencial. ;Tenho maior autonomia para colocar minhas ideias em prática;, orgulha-se.

Saiba mais

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; Fone: 9-8505-5254