Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Inovação para professores e diretores

Evento nesta semana promete ajudar educadores a lidarem e a trazerem a tecnologia para dentro da sala de aula fator gerador de resistência entre os próprios profissionais, pais e alunos, mas fundamental para o desenvolvimento do ensino

Quando o assunto é educação, inovar é preciso. Com tantos avanços tecnológicos por aí, o diálogo entre gestores, professores, pais e alunos é importante para encontrar meios de melhorar o ensino. É com essa missão que Brasília recebe, na próxima sexta-feira (11), o evento Um Dia Positivo, que deve reunir 300 professores e 100 gestores de escolas do Distrito Federal e do Entorno. O seminário trará palestras e capacitação em duas frentes: tecnologia e ética na educação. O tema deste ano é: ;A educação mudou. As aulas, também;. A programação ocorre simultaneamente em dois espaços. Enquanto os gestores assistem a palestras, os professores participam de um programa de capacitação específico para a área em que atuam. ;A intenção é reunir diretores, mantenedores e docentes para pensar a educação atual e as situações enfrentadas pelas escolas no cotidiano;, explica Milena Fiuza, gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, responsável pela realização do evento.
Professor-protagonista

Muitas escolas já se preocupam com buscar soluções de inovação na hora de formar os alunos, segundo Leandro Henrique de Souza, mestre em ciência e gestão e tecnologia da informação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e palestrante no evento. ;Os colégios mais modernos têm trabalhado com competências, como o pensamento crítico. Resolver os problemas, mas não só os tradicionais da unidade, como também questões complexas, como falta de água e geração de energia limpa. Debates que, num nível exponencial, podem trazer melhorias para o mundo;, diz.
A tecnologia pode ser um aliado importante no desenvolvimento de um aluno mais crítico, segundo Leandro. ;A tecnologia não vai substituir o professor, será parceira dele. Os educadores que têm certa aversão à tecnologia ainda não entenderam como ela pode ser usada em sala de aula;, acredita. A inteligência artificial na correção de provas e textos e o uso de simuladores para fixação de conteúdos são alternativas interessantes. ;O modelo tradicional de sala de aula não faz sentido para a pessoa ser criativa. As escolas precisam trazer a possibilidade de os alunos trabalharem isso;, defende.

Em um país com dimensões continentais, usar a tecnologia aliada à educação é tarefa árdua por causa das inúmeras diferenças estruturais entre escolas, regiões e sistemas de ensino. Para Milena, isso não é desculpa para deixar os avanços de lado. ;Com dificuldades de acesso à internet, é o professor que tem de ser inovador com o conhecimento. Tirar de sala de aula, levar para outro espaço, são coisas que podem agregar. Ele pode passar inovação com aquilo que tem;, acrescenta a pedagoga. A cooperação entre gestores, professores, pais e alunos é fundamental para resolver a questão, aponta Leandro Henrique de Souza. Para ele, é necessário trabalhar as dificuldades de cada ator envolvido ; e a resistência é um dos obstáculos.

;O desafio está em todos. Vários professores não nasceram nesse ambiente totalmente digital. Os pais acham que se o filho não tiver livro físico, lápis e caneta em nãos, não há aprendizado. Os gestores educacionais têm o recurso, mas sentem dificuldade de implantar projetos efetivos. Vários alunos também conviveram com o formato tradicional. Quando se traz algo novo, pensam: ;mas não foi assim que eu sempre aprendi;, mesmo os que cresceram no meio digital;, aponta.

No DF
Dalva Siqueira, diretora do Colégio Educandário, no Riacho Fundo 1, consegue ver os efeitos positivos da tecnologia em sala de aula. ;Trabalhamos com tablets, data shows, lousas interativas. Os alunos se entusiasmam e aprendem muito mais rápido que antigamente;, compara. Para Milena Fiuza, é importante trabalhar aquilo que é pertinente ao aluno e não aborde algo só porque está no currículo. ;A escola tem de pensar no aluno que quer ser médico, engenheiro ou continuar o negócio da família: o que ele precisa estudar?;, instiga.

Modelos em que há menos presença da avaliação formal e sala de aula invertida têm obtido sucesso. ;Temos exemplos de lugares em que não olha apenas para a nota, mas para a caminhada do aluno. Há modelos em que os estudantes primeiro buscam o conhecimento, fazem o exercício e, só depois, dentro da escola, ouvem explicação do professor como funciona;, elogia. ;Estamos aprendendo com os estudantes. O professor é um mediador dessas situações;, complementa Dalva, que vai participar das palestras do Sistema Positivo.

Dilemas morais
O outro tema-chave do evento, a ética na educação norteará a palestra do jornalista e filósofo Clóvis de Barros Filho. Além disso, os participantes aprenderão sobre como lidar com a segurança na internet, redes sociais e transmitir isso aos alunos. ;Primeiro, é preciso capacitar o adulto para capacitar a criança também. É importante abordar como usar a internet eticamente na relação com o estudante: o que eu devo fazer, se posso aceitar em redes sociais, conversar pelo WhatsApp;, afirma Milena. Outras 11 cidades de todas as regiões do Brasil receberão o evento: Cuiabá, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, São Paulo, Manaus, Belém e Ribeirão Preto.

Um Dia Positivo!

Dia e horário: sexta-feira (11), das 8h30 às 18h
Local: Hotel Mercure Lider, Setor Hoteleiro Norte, Quadra 5, Bloco 1
Informações: bit.ly/edpositivo
Programação:
8h30 - Recepção dos convidados
9h - Boas Vindas, com Acedriana Vicente
9h15 - O que o SPE preparou de novo pra você, com Milena Fiuza
10h - Inglês se aprende na escola, com Luiz Fernando Schibelbaim
10h45 - Coffee break
11h15 - Para onde a tecnologia e a inovação levarão a minha escola?, com Leandro Henrique de Souza
12h30 - Almoço
14h - Mudança no comportamento dos pais, com Fabricio Almada
15h - Ética na Educação, com Clóvis de Barros Filho
16h30 - Foi um prazer ter você aqui, com Solange Lobo Guedes

*Estagiário sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa