Se você quer conquistar uma das 2.024 vagas oferecidas em dois editais do curso de formação de praças da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), precisa se esforçar bastante. Em 2017, 13,7 mil pessoas se inscreveram para o certame da instituição, que ofereceu 50 vagas efetivas e 150 de cadastro de reserva. A expectativa é de que, este ano, a procura seja ainda maior. É também necessário alto nível de dedicação a fim de se sair bem nas várias fases de um concurso do tipo: as provas objetiva e discursiva são apenas o começo da preparação. Teste de aptidão física (TAF), exames de avaliação médica e psicológica e investigação de vida pregressa estão entre as etapas a serem vencidas.
Paulo Sérgio Borges, professor do Gran Cursos Online, espera que 50 mil pessoas concorram ao concurso atual, organizado pelo Iades (Instituto Americano de Desenvolvimento). Para deixar a concorrência para trás, Glaycon Landin, 24 anos, estuda quatro horas por dia para o certame, sempre à noite, depois do trabalho. Ele é soldado temporário das Forças Armadas, com contrato que dura até 2021, e fará o concurso da PMDF de olho na estabilidade. ;Estou focado neste concurso desde o ano passado, quando comecei a estudar por editais anteriores;, diz o graduado em análise e desenvolvimento de sistemas. Os itens de inglês e a redação são os maiores desafios para ele na prova. ;Preciso de mais prática;, admite. Glaycon se sente pronto para o teste de aptidão física, tanto porque pratica exercícios físicos no trabalho quanto porque se dedica durante os períodos de folga.
Muitas chances
Entre as 2 mil oportunidades para soldado policial militar do quadro de praças combatentes, 1,5 mil são para cadastro de reserva ; em ambos os casos, 10% das vagas são para mulheres e 90%, para homens. A corporação oferece, ainda, 24 chances efetivas para soldados com aptidão musical: são 18 para especialistas corneteiros e seis para especialistas músicos (clarineta Bb / clarones Bb e Eb, saxofone, trompa F, trompete Bb, trombone tenor / trombone baixo e tuba Bb). Durante o curso de formação, todos os aprovados ganharão R$ 4.119,22. Depois da formatura, passam a ter salário de R$ 5.245,41, valor que está entre os melhores do país para a categoria, na avaliação do professor Paulo Sérgio Borges. Em ambos os períodos, os concursados terão direito a R$ 850 de vale-alimentação. Interessados na carreira devem atender a alguns pré-requisitos: ter diploma de ensino superior em qualquer área, idade entre 18 e 30 anos, altura mínima de 1,65m para homens e 1,60m para mulheres.
[SAIBAMAIS]A seleção é composta por provas objetiva e discursiva, teste de aptidão física, exames biométricos, avaliação médica e psicológica, sindicância da vida pregressa e investigação social. Músicos e corneteiros passarão, ainda, por prova prática instrumental e de títulos. No teste escrito, todos os candidatos responderão a 30 itens de conhecimentos básicos sobre línguas portuguesa e inglesa, matemática e raciocínio lógico, atualidades, legislação aplicável à Polícia Militar do Distrito Federal e criminologia. As 30 questões de conteúdos específicos envolvem noções de direito constitucional, direitos humanos, direito administrativo, direito penal, direito processual penal, direito penal militar e direito processual penal militar. Especialistas músicos e corneteiros terão, ainda, 10 itens a mais sobre conhecimentos musicais.
Em 2017, o Iades organizou três provas para diferentes cargos na PMDF. Estudar a partir desses certames ajudará o candidato a ter boa base de conhecimento em todas as matérias. Outra dica é fazer a prova para soldado músico porque ela será aplicada antes. ;Mesmo se você não deseja entrar como músico, é muito interessante fazer o concurso para testar seus conhecimentos;, diz Paulo Sérgio Borges, professor de legislação aplicável à PMDF, no Gran Cursos Online. De acordo com ele, as provas do Iades se caracterizam por apresentar literalidade no comando das questões. ;O aluno deve se ater ao que o enunciado está pedindo em relação àquela lei e não se preocupar com outra lei que ele conheça, mas que não tenha sido cobrada ali;, explica. Segundo Franklin Andrejanine, gestor do preparatório Alub, a banca tem outra particularidade.
;O Iades gosta de trabalhar conflitos doutrinários, então colocou um tema que achei perigoso, que é o de serviços públicos, conteúdo que faz parte da legislação aplicável à PMDF, normalmente deixado de lado pelos estudantes;, ressalta. ;Existem divergências sobre alguns conceitos de serviço público, como a natureza da autorização, que pode ser um ato, e alguns candidatos confundem com licenciamento. Outra dúvida surge com relação a quantas formas de descentralização existem. Muitos estudantes se limitam a duas, e são mais de oito. Por último, há polêmica em relação à natureza jurídica dos consórcios públicos.; Ele destaca criminologia, língua inglesa e direitos humanos como matérias novas no concurso da PMDF. Como esses conteúdos não eram cobrados em anos anteriores, podem trazer dificuldades extras. ;O inglês foi uma surpresa. Não é comum pedirem formação de língua estrangeira em um concurso do Distrito Federal;, comenta.
O que estudar?
O Decreto n; 88.777/1983 (Regulamento para as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares) é apontado pelo professor Paulo Sérgio Borges como conteúdo que merece atenção especial. ;Como esse decreto é assunto novo na prova, os alunos terão mais dificuldade de assimilar. A solução é estudar e fixar com exercícios;, orienta. Segundo Murilo Marques, professor de direito penal militar e de processo penal militar no Estratégia Concursos, o Código Penal Militar (Lei n; 1.001/1969) e a Lei n; 13.491/2017 que o altera; a Lei n; 11.705/2008 (Lei Seca); crimes propriamente e impropriamente militares; penas principais e acessórias estão entre os conteúdos com maior chance de cair no concurso.
O Decreto-lei n; 1.002/1969, chamado de Código de Processo Penal Militar (CPPM), também merece atenção. ;O CPPM é curto e pode ser lido rapidamente, mas muitos candidatos relaxam com isso e ficam em desvantagem. Como não há literatura que explique bem o assunto, o melhor é ler a norma e procurar algum professor que possa ajudá-lo, pois o texto é muito técnico;, observa Murilo, que é consultor da Norte Consultoria e Estudos. Franklin Andrejanine, professor de direito administrativo, acredita que atos administrativos e o poder de polícia devem cair no concurso.
Carreira mista
De acordo com o edital, apesar de terem atribuições primárias voltadas à música, policiais militares especialistas músicos ou corneteiros podem executar qualquer atividade policial.
O que dizem os editais
Concursos para admissão ao curso de formação de praças da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)
Inscrições: das 8h de 25 de fevereiro às 22h de 26 de março para especialistas músicos e das 8h de 25 de fevereiro às 22h de 4 de abril para praças combatentes pelo site www.iades.com.br
Vagas: 2.024, das quais 2 mil para praças e 24 para especialistas músicos
Salário: R$ 4.119,22 (durante o curso de formação) e R$ 5.245,41 (após o curso de formação)
Provas: 29 de abril (para especialistas músicos) e 6 de maio (para praças combatentes)
Local de prova: Brasília
O teste físico
O TAF prevê exercícios de barra fixa, teste de flexão abdominal, teste de corrida de 12 minutos e teste de natação (50 metros). Para se sair bem, a dica dos professores é começar a preparação imediatamente. ;Se não treinar desde agora e não conseguir fazer qualquer um dos testes hoje, será difícil fazer isso treinando depois das provas;, destaca Murilo Marques. ;A pessoa que não se exercita e não sabe nadar ou que sabe, mas não consegue fazer dentro do tempo estabelecido, terá que se dedicar muito;, observa Paulo Sérgio Borges. ;Não vai ser fácil, mas mesmo um candidato sedentário pode passar no TAF se for determinado, mudar a alimentação e se dedicar ao objetivo;, garante Franklin Andrejanine.
Corrida e natação (novidade neste edital) devem ser as modalidades mais desafiadoras na visão de Murilo Marques. Segundo ele, as mulheres devem tomar mais cuidado com a barra fixa. ;É a atividade que mais reprova e em que elas mais têm dificuldade.; Negligenciar o teste físico (preparando-se tardiamente para ele) e tentar compensar a qualquer custo depois são erros comuns de candidatos de acordo com Franklin Andrejanine. ;Há histórias de pessoas que morreram em TAFs. Não pelo teste em si, mas porque abusaram de substâncias, como cafeína, gengibre e guaraná, que fazem com que o metabolismo e os batimentos cardíacos subam demais;, alerta.
>> Passe bem / Legislação aplicável a PMDF
Considerando a organização básica da Polícia Militar do Distrito Federal, regulamentada pelo Decreto no 7.165/2010, são designados os Comandos de Policiamento Regionais, que se constituem em grandes comandos responsáveis pelo policiamento em áreas a serem definidas no plano de articulação da Corporação, por meio de unidades de execução subordinadas. Com base no exposto, assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, essas unidades e o órgão a que são subordinadas.
A) Metropolitano, Oeste, Leste e Sul, subordinadas ao Departamento Operacional.
B) Metropolitano, Oeste, Leste, Sul e de Missões Especiais, subordinadas ao Departamento Operacional.
C) Metropolitano e de Missões Especiais, subordinadas ao Estado-Maior.
D) Oeste, Leste e Sul, subordinadas ao Comando de Missões Especiais.
E) Missões Especiais, Oeste, Leste e Sul, subordinadas ao Comando de Policiamento Regional Metropolitano.
Comentário:
Os comandos de policiamento regionais subordinados ao departamento operacional da PMDF são os seguintes: CPRM (Comando de Policiamento Regional Metropolitano), CPRO (Comando de Policiamento Regional Oeste), CPRL (Comando de Policiamento Regional Leste) e CPRS (Comando de Policiamento Regional Sul), conforme descrito nos artigos 49 e 50 do Decreto n; 7.165/2010. É importante ressaltar que o Comando de Missões Especiais (CME) também é subordinado ao Departamento Operacional. Contudo, não é um comando de policiamento regional, mas, sim, de missões especiais.
Questão retirada do processo seletivo da PMDF de 2017, aplicado pelo Iades, comentada por Paulo Sérgio Borges
Gabarito: letra A
*Estagiário sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa