As inscrições para o concurso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) terminaram na última quarta-feira (31) e quem quiser conquistar uma remuneração e uma carreira promissora precisa intensificar a rotina de estudos, já que falta pouco mais de um mês para as provas. Ao todo, o certame oferece 300 vagas para os cargos de agente de inteligência (20), oficial técnico de inteligência (60) e oficial de inteligência (220). Os salários são, respectivamente, de R$ 6.302, 23; R$ 15.312,74; e R$ 16.620,46. O primeiro cargo é de nível médio; o segundo é para graduados em áreas específicas; e o terceiro é voltado para quem tem ensino superior em qualquer área.
Os aprovados poderão ser lotados no DF ou em qualquer outra unidade da Federação. A banca examinadora responsável é o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe, antigo Cespe). As disciplinas comuns a todos os cargos são língua portuguesa, direito administrativo, atividade de inteligência e legislação correlata, direito constitucional, raciocínio lógico, inglês e espanhol. Para oficial de inteligência, serão cobradas ainda matérias como história do Brasil, geografia do Brasil, história mundial e geografia mundial.
O administrador Fábio Dutra, 36 anos, concorrerá a uma vaga de oficial de inteligência. Ele concilia a preparação com o trabalho (é dono de uma empresa de consultoria financeira) e a pós-graduação em gestão financeira. ;Estudo quatro horas por dia para a Abin;, conta. Para direcionar os estudos, ele consulta a plataforma EduQC. As matérias mais difíceis para ele são direito penal e direito internacional público. Já em português, matemática, história e geografia, Fábio tem facilidade.
Como me preparar
Heron Duarte, professor de legislação específica da Abin no Gran Cursos, dá dicas de como fazer uma boa prova. Segundo ele, alguns assuntos são prioritários. ;O decreto n; 4376/1999 é muito importante, pois detalha atribuições da agência e do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin);, orienta. Além do decreto, é importante estudar a política nacional de inteligência. ;É ela que diz o que é prioridade, pois cada país busca atender necessidades próprias. Todas as inteligências do mundo estão interessadas em resolver assuntos de terrorismo, narcotráfico, tráfico de seres humanos, entre outros;, afirma. Análise e síntese de textos é uma dificuldade comum, por isso candidatos precisam aprimorar essa habilidade. ;Ainda mais porque haverá prova discursiva;, destaca.
[SAIBAMAIS]Para oficial de inteligência e oficial técnico de inteligência, a redação, de até 60 linhas, vale 150 pontos. No caso de agente de inteligência, o texto deve ter, no máximo, 30 linhas e vale 40 pontos. ;Nessa reta final, o importante é revisar e focar na resolução de exercícios, incluindo questões discursivas. Isso exercita o poder de síntese do candidato;, explica Victor Maia, engenheiro de infraestrutura aeronáutica, mestre em estatística e dono da startup de preparação para concursos EduQC. Outra dica é priorizar disciplinas em que o participante tem mais dificuldades. ;Estude aquilo de que não gosta, pois, normalmente, é o que se sabe menos;, orienta.
Professor de direito administrativo do grupo Impacto, Gustavo Vargas orienta os candidatos a não menosprezarem a matéria. No entanto, é possível priorizar alguns assuntos. ;Ato administrativo, responsabilidade civil, jurisprudência atualizada dos tribunais e a lei de improbidade administrativa são alguns deles.; Bens públicos e ato administrativo são alguns dos temas que podem ser considerados mais difíceis pela maioria dos concurseiros. Quem for concorrer aos cargos de oficial de inteligência e agente de inteligência deve se preparar para a prova física, que envolverá natação e corrida.
Cursos elegíveis
As graduações possíveis são administração, economia, contabilidade, direito, psicologia, pedagogia, tecnologia da informação (TI), engenharia (civil, eletrônica ou elétrica, ou com ênfase em TI), matemática, estatística, arquivologia ou biblioteconomia. No caso de engenheiros civil e eletrônico, matemáticos e estatísticos, é preciso apresentar ainda mestrado ou doutorado nesses ramos.
Passe bem / Direito administrativo
A respeito da responsabilidade civil do Estado, julgue o item:
A doutrina predominante entende que, na conduta comissiva, a responsabilidade civil do Estado só se configurará quando estiverem presentes os elementos que caracterizem a culpa.
Comentário:
Questão errada, pois na conduta comissiva (ação), a responsabilidade do Estado é objetiva, ou seja, independe da comprovação de dolo ou culpa.
Questão retirada do concurso público da Telebras, aplicado em 2015 pelo Cebraspe, comentada por Gustavo Vargas
Inteligência artificial
Plano de estudos individualizado
A startup EduQC utiliza inteligência artificial para determinar a melhor estratégia de estudos para cada candidato de acordo com o concurso, incluindo o da Abin. A partir disso, traça-se um plano de preparação, determinando quais matérias priorizar e quanto tempo dedicar a elas. A mensalidade custa R$ 30 (acesse em: abin.maquinadeaprovacao.com). Victor Maia, um dos fundadores, explica que o primeiro passo consiste em fazer uma avaliação de todas as disciplinas no edital. ;As matérias têm pesos diferentes e, para cada cargo, há um conjunto de conteúdos que é preciso estudar. A partir da disponibilidade de dedicação do aluno, é criado um ciclo de estudos diário;, esclarece. A ferramenta se baseia em um algoritmo desenvolvido por engenheiros formados no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) com ajuda de Carlos Tomé, ex-oficial da Abin.
O que diz o edital
Concurso público da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
Inscrições: encerradas; confira o edital em goo.gl/SrLwWE
Taxa: R$ 190 (agente de inteligência), R$ 210 (oficial técnico de inteligência) e R$ 230 (oficial de inteligência)
Salário: R$ 6.302,23 (agente de inteligência), R$ 15.312,74 (oficial técnico de inteligência) e R$ 16.620,46 (oficial de inteligência)
Provas: 11 de março
Locais: 27 capitais do país
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa