Para os médicos que têm interesse em trabalhar em Brasília, surgiu uma nova oportunidade. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) oferece 337 vagas em concurso público. São quatro as especialidades previstas: medicina intensiva/adulto, neonatologia, pediatria e anestesiologia. Para as três primeiras, há 72 oportunidades de ampla concorrência e 18 para candidatos com deficiência. Anestesiologia, por sua vez, tem 54 vagas para livre concorrência e 13 para pessoas com deficiência, totalizando os 20% previstos em lei. O certame tem remuneração inicial bruta de R$ 6.327 para jornada semanal de 20 horas. Em geral, as seleções para médicos do Governo de Brasília têm baixa concorrência, tendo em vista que chegam a sobrar vagas.
Podem participar profissionais graduados, com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), que tenham expertise na área, por meio de residência (ou tendo concluído pelo menos 75% das atividades para anestesiologia e pediatria), especialização ou experiência profissional comprovada de dois anos (medicina intensiva) ou quatro anos (pediatria). A seleção tem uma única fase: prova objetiva com 50 questões. Os candidatos terão quatro horas para responder aos itens, que serão sobre língua portuguesa, legislação e realidade étnica (social, histórica, geográfica, cultural, política e econômica) do DF e do Entorno, Sistema Único de Saúde (SUS) e conhecimentos específicos (esta parte tem 25 itens). A organização é de responsabilidade do Instituto AOCP.
Dicas certeiras
Apesar de corresponderem à metade da prova, os conteúdos sobre medicina são os que geram menos apreensão entre os candidatos, já que muitos adquiriram expertise em suas áreas de atuação. Por isso, as outras disciplinas tendem a fazer a diferença na nota. É o que afirma o médico anestesista da SES desde 2010 Israel de Moraes: ;Creio que o conhecimento específico não deva ser a maior preocupação porque a banca é muito generalista ao cobrar questões de anestesia, por exemplo. Além disso, a residência já prepara para isso;. Ele aconselha os candidatos a manter o foco dos estudos em língua portuguesa e legislação. ;Leia a Lei Orgânica do DF e preste atenção à interpretação de texto;, recomenda. Cai ainda no certame a Lei Complementar n; 840/2011, que institui o regime jurídico dos servidores públicos.
Professor de Lei Orgânica do DF e de direito administrativo no IMP Concursos, Sérgio Augusto enumera as maiores dificuldades nesta parte da prova. ;É comum misturar o artigo segundo, que trata dos fundamentos do DF, e o terceiro, com o teor dos objetivos. A dica é decorar o artigo segundo, pois são apenas cinco itens, e eliminar o terceiro por consequência;, observa. O professor indica atenção redobrada para a parte da Lei Orgânica do DF que trata do SUS. ;No título 6, existe um capítulo específico (2) destinado à saúde, que se inicia no artigo 204 e se estende até o 216. É bom estudá-los. É interessante ficar atento a essa parte, pois trata tanto da saúde geral e da gestão dela no DF quanto do próprio SUS.;
Muita experiência e vários anos de estudo na área são determinantes para um bom desempenho na hora de responder os itens específicos, mas é essencial ao candidato ter atenção e senso crítico ao contexto pelo qual a profissão passa. A ressalva é de Andrea Kairala, pediatra no Hospital de Base e professora de medicina do Centro Universitário de Brasília (UniCeub). ;A Secretaria de Saúde parece, neste edital, estar preocupada com questões atuais na área de pediatria. O candidato deve ficar ligado às atualidades, em questões como bioética, gênero, atenção à saúde da criança e do adolescente, amamentação. É preciso ir além da técnica aprendida em sala de aula. O bullying está muito em voga, por exemplo.;
Conhecimentos gerais
O médico Rodolfo Cecílio, 29 anos, é mineiro e acredita que, em Brasília, há mais possibilidades de ter emprego garantido. ;Procuro a estabilidade que um médico autônomo não tem. Mas o cargo será complemento, não dá para depender exclusivamente do Estado;, diz. Cursando o segundo ano de residência no Hospital das Forças Armadas (HFA) e o primeiro da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, ele concorrerá ao certame para essa especialidade. ;Como temos o costume de saber como funciona a chamada dos concursos, nós prestamos porque, caso sejamos chamados, pedimos final de fila;, comenta. O que mais o preocupa são os conhecimentos gerais, pois, na residência, ele faz provas anuais para a área. ;No último concurso da Secretaria de Saúde que fiz, em 2013, tive dificuldade com a língua portuguesa. As disciplinas gerais trazem problemas porque não temos contato no dia a dia, mas, revisando, dá pra fazer direitinho. O restante, como o SUS, eu já estudei.;
Passe bem / Anestesiologia
A complicação mais frequentemente associada à anestesia geral é:
(A) atelectasia.
(B) pneumonia broncoaspirativa.
(C) broncoespasmo.
(D) edema pulmonar.
(E) lesão pulmonar aguda.
Comentário:
As complicações relacionadas ao sistema respiratório não são incomuns no pós-operatório e aumentam a morbidade e a mortalidade. Entre as mais frequentes, estão a atelectasia, a pneumonia, o tromboembolismo pulmonar e a falência respiratória. A atelectasia nada mais é do que o colapso de porção variável do parênquima pulmonar. É a complicação pulmonar mais comum no pós-operatório e a causa mais comum de febre nas primeiras 48 horas de pós-operatório.
Questão retirada do concurso da SES/DF de 2014, elaborada pelo Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades), comentada pelo médico anestesista Israel de Moraes
Gabarito: letra A
O que diz o edital
Concurso público para
médico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal
Inscrições: de 14 de novembro até 10 de dezembro pelo site
www.institutoaocp.org.br
Vagas: 337
Taxa: R$ 245
Salário: R$ 6.327
Provas: 21 de janeiro em fase
única (objetiva)
Locais de prova: Brasília
*Estagiário sob supervisão de Ana Paula Lisboa