Ana Paula Lisboa
postado em 23/07/2017 14:10
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Só gostar de festas não basta para fazer sucesso num mercado que se torna cada vez mais profissionalizado e competitivo na capital federal. Criatividade, organização, planejamento, equipe e fornecedores de confiança se fazem necessários ao levar diversão e entretenimento ao público. O DJ Chicco Aquino, 41 anos, e o cenógrafo Leo Cinelli, 43, aprenderam a importância de uma série de cuidados ao lidar com eventos na prática e se especializaram no ramo. ;Planejar, setorizar, delegar e coordenar são a chave para fazer uma festa dar certo;, afirma Chicco. A parceria começou despretensiosa e se tornou duradoura e frutífera, tomando forma por meio da MOB Produtora, criada há dois anos.
;A MOB é como se fosse um guarda-chuva para abrigar nossas festas. Um dos desafios foi nos acostumar à rotina de escritório. Passamos a nos cobrar mais;, diz Leo. A principal festa organizada por eles, a Makossa, completa 15 anos no próximo sábado (29). Desde o início, foram 51 edições (de três a quatro por ano) que reuniram cerca de 100 mil pessoas, 50 DJs nacionais e internacionais e 13 grupos de dança para vibrar ao som de música negra. Cada edição envolve a mão de obra de cerca de 200 pessoas. A produtora também promove outras festas, como Mistura Fina e Festival BUM (Brasília Underground Music). Em geral, a MOB organiza um evento a cada um mês e meio. No momento, a empresa não conta com empregados fixos e contrata freelancers e fornecedores de acordo com a necessidade.
Receita
;Brasília nunca foi de ter clubes e boates que durem muitos anos. Então, é e sempre foi a cidade das festas;, analisa Leo. Além do perfil da cidade, os sócios citam como ingredientes que colaboram para o sucesso do trabalho o planejamento, a afinidade e a identificação com a atividade. ;Fazemos as festas a que gostaríamos de ir. Nunca nos propomos a fazer algo só pelos resultados financeiros;, aponta Chicco.
Os gastos são altos. ;Para fazer uma edição da Makossa, investimos pelo menos R$ 100 mil. É um risco, pois sempre fica aquela questão: e se não arrecadarmos o suficiente para cobrir?;, comenta Chicco. Por isso, é preciso ter ideias rápidas para ações de última hora. ;Dizemos que trabalhar com festa é um misto de xadrez e pôquer, pois temos que ser estrategistas e também blefar;, brinca Leo. A maior parte do lucro é reinvestida no negócio. ;Lucrar de 50% a 70% do que investimos é o melhor dos cenários;, observa Chicco. ;No início, gastávamos um oitavo do que gastamos hoje. A produção era menor, para menos pessoas;, aponta Leo.
Parceria
;A gente se conheceu em Nova York, em 1995;, recorda Chicco, que é engenheiro florestal. De volta a Brasília, durante alguns anos, os dois mantiveram projetos separados. Leo começou a trabalhar na produção de eventos de música eletrônica. Chicco iniciou uma banda de música autoral e posteriormente a mexer com discotecagem. Em 2002, a Makossa foi idealizada por Leo e Bianca Chiavicatti. ;Queríamos juntar a música eletrônica com o hip hop ; tentamos conectar isso, mas acabou andando para esse lado do afro-black, já que o Brasil é um dos países que mais têm negros no mundo;, conta Leo, que deve se formar em arquitetura neste ano. A primeira edição (que reuniu público de 1.200 pessoas) foi no Conic; todas as outras foram na Galeria dos Estados. De cinco anos para cá, o número de frequentadores passou a variar de 2 mil a 4 mil. Leo convidou Chicco para tocar com ele a produção da festa em 2006, quando Bianca deixou o projeto. ;Achei difícil fazer sozinho e ele sempre participou como público;, explica o cenógrafo.
Naquela época, a dupla continuou a trabalhar no evento por prazer. ;A gente fazia porque gostava, nem sonhávamos em ter a MOB;, conta Chicco. Um dos grandes desafios é a capacidade de superação. ;A cada edição, o pessoal sai falando ;esta foi a melhor Makossa;. É difícil conseguir isso;, revela Leo. Ao longo do tempo, a dupla precisou se aperfeiçoar para lidar com as exigências tanto do público quanto burocráticas. ;É preciso pagar uma gama de taxas: de licenciamento, do Detran (Departamento de Trânsito), Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), entre outras;, comenta Leo. Algo de que eles sentem falta é policiamento externo para garantir mais segurança.
Tributo à música black
A edição comemorativa de 15 anos da Makossa será no próximo sábado (29), às 23h, no Espaço Floresta, na Galeria dos Estados. Ingressos: R$ 50 (3; lote), disponíveis para compra em Pedacinho Pizzas (108 norte), Fun House (Conic), KingsSneakers (Park Shopping) ou pelo site www.mobprodutora.com.br. Classificação indicativa: 18 anos.