Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Pedagoga com jeito de recreadora

Com serviço de entretenimento infantil durante eventos que não são voltados para crianças, professora conquista apostando em diversão, conforto e segurança

Ao tocar tamborim em grupo de escola de samba que se apresentava em festas, Lisa Fernanda Gomes de Sousa, 32 anos, reparou uma situação recorrente. ;Sempre tinha muita criança correndo, solta, ou então entediada;, lembra. Formada em pedagogia, ela resolveu passar a oferecer um serviço específico para fazer a alegria de meninos e meninas em eventos que não são voltados ao público infantil. Nascia assim, em abril de 2015, a Caixinha de Festa (saiba mais em bit.ly/2hsJQA3), empresa que entretém crianças em casamentos, encontros familiares, corporativos e até escolares. O que começou por acaso cresceu por meio do boca a boca. ;Uma noiva foi indicando para a outra. Nunca precisei divulgar o negócio;, conta. No primeiro ano de funcionamento, ela trabalhou em 22 eventos e, em 2016, deve chegar a um total de 28.


Durante a semana, Lisa tem estudado para o concurso da Secretaria de Educação e dá aulas particulares de reforço de vez em quando, mas a principal atividade dela é realmente a Caixinha de Festa. Os rendimentos brutos variam de R$ 3 mil a R$ 7 mil por mês, dependendo da demanda. A fórmula para o crescimento está na dedicação. ;Minha mãe me ensinou a dar o melhor de mim em tudo que faço e a superar a mim mesma. Não consigo ficar parada: estou sempre atrás de um jeito de aperfeiçoar o que faço, afinal, especialmente quando se trata de um casamento, aquele é o dia mais importante de alguém.; O jeito para lidar com crianças foi desenvolvido ao longo da faculdade de pedagogia e de trabalhos em colônias de férias, clubes e escolas. ;Sou professora, mas tenho espírito de recreadora;, admite. A própria Lisa é a animação em pessoa, ainda assim, recorre a métodos certeiros para que a garotada se sinta bem nos espaços que monta.


;A minha ideologia é a da Maria Montessori, então tudo fica ao alcance da criança, que precisa se sentir bem ali. Não retenho ninguém lá dentro: os meninos ficam porque se sentem bem-vindos. Cada etapa da infância recebe atividades específicas. A preocupação é oferecer conforto e diversão com segurança.;, revela. ;No meu espaço infantil, não entra balão. Quando é um grupo de criança pequena, as peças da oficina de artes são diferentes: não há nada pequeno;, exemplifica. Para que a pedagoga possa montar o roteiro mais adequado, o cliente informa o número e a faixa etária das crianças que estarão no evento, e ela faz ainda uma visita técnica ao local da festa. Entre as opções oferecidas por Lisa estão pula-pula, piscina de bolinhas, estações de videogames, dormitórios e fraldários, além de oficinas de cupcake e artes (que envolvem não só pintura, mas também desenho em cavalete e montagem de miçangas). No início, ela alugava esses equipamentos, mas hoje tem um estoque próprio que guarda em casa.

Os pacotes variam de R$ 500 a cerca de R$ 1 mil para cinco horas de entretenimento. ;O objetivo é que os convidados não precisem ir embora por causa das crianças e realmente aproveitem a festa, enquanto os meninos curtem o espaço infantil;, diz. Ela atende até 30 crianças por vez, sempre auxiliada de duas ou três pessoas de confiança, que conheceu durante o tempo em que trabalhou em colônias de férias ou escolas. ;Sempre chamo estudantes de pedagogia ou pedagogos e uma técnica de enfermagem, e os pais podem escolher o que preferem;, diz. O fato de ela ser bastante sistemática ajudou a conferir seriedade ao negócio. Após cada evento, tudo é higienizado e organizado para estar pronto para o próximo. Um bônus é a lembrancinha dada a cada criança que passa pelo espaço. ;É um brinde de festa e acaba sendo um diferencial. São guloseimas (que não causem alergia, como jujuba e marshmallow) e objetos como notas de dinheiro de brinquedo numa sacolinha;, conta. Antes de entregar, ela pergunta aos pais se pode. ;Isso é importante porque pode ter alguma criança com diabetes por exemplo.;


Clientes como Laís Maria Gomes Bergmann, 22 anos, que se casou em outubro, são só elogios para a Caixinha de Festa. ;Conheci a Lisa por meio de indicação e, hoje, sou a noiva que passa a indicação à frente. Foi tão legal que várias das crianças que foram ao meu casamento chegaram à escola contando que o dia da festa foi o melhor da vida delas. Ela agradou desde os pequenininhos até os maiores;, revela. Laís contou com 21 convidados mirins no evento. ;É muito difícil contratar um serviço para os filhos dos outros, por isso pesquisei muito e comparei bastante antes de fechar com ela. A Lisa mostrou preparo para lidar com todas as situações, então foi só tranquilidade.;