Luciana Veras, 31 anos, sempre gostou de preparar lembrancinhas para festas, como as das filhas. Conhecidos passaram a insistir para que ela pegasse encomendas. Em 2012, ela trabalhava como secretária e resolveu investir nisso no tempo livro. Quatro meses depois, a brasiliense com graduação incompleta em administração deixou o emprego para abrir o negócio. Nascia assim O Ateliê das Lembranças. Em setembro de 2012, ganhou a advogada Carolina Marinho, 33, como sócia. Em outubro de 2015, a graduada em moda e publicidade Deborah Kury, 29, entrou para o negócio.
Os sacrifícios pela empresa são grandes. ;Chegamos a trabalhar 24 horas seguidas para terminar uma encomenda;, lembra Carolina. Não por falta de organização, mas porque sempre concordaram em priorizar as vontades dos clientes, mesmo quando os pedidos chegam em cima da hora. ;Não queremos que a pessoa deixe de ter o que quer no casamento ou em outra ocasião especial;, explica. ;A gente trabalha com sonhos, se guia muito pela emoção e faz o possível para atender;, resume Deborah. Apesar de não terem aberto a empresa juntas, a sintonia é muito grande, pois as três têm um foco comum: dedicar tempo e trabalho para fazer o ateliê crescer. ;Quando não concordamos com algo, discutimos; mas, a gente se conhece há muitos anos, então logo tudo se resolve;, confessa Luciana. ;Isso aqui não é só um negócio, virou família;, percebe Deborah.
Normalmente, as sócias não tiram dinheiro do caixa da empresa, porque contam com rendas complementares ; no caso de Luciana, o marido advogado mantém a casa, e Carolina tem ações na bolsa, mexe com gado e processos, por exemplo ; que permitem que as amigas sobrevivam sem usar o lucro, que reinvestem no negócio. ;Fazemos porque acreditamos que a empresa tem futuro. Temos três anos e não somos mais de pequeno porte, isso sem investimento financeiro ou divulgação. Nós nos desenvolvemos pelo boca a boca;, comemora Luciana. Prova disso é que o ateliê mudou de endereço três vezes, sempre em busca de espaços maiores para acomodar as produções e, hoje, fica no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).
A maior parte das encomendas é feita pelo site www.oateliedaslembrancas.com. ;Buscamos fazer o que a pessoa quer e damos um jeito de aquilo ficar bonito;, conta Carolina. ;Nosso maior público é de noivos e noivas, mas quem gostou do nosso trabalho no casamento tem voltado na segunda fase, para festas dos filhos;, relata Luciana, que faz criações mais românticas. Deborah aplica uma estética mais descolada, e Carolina prefere o trabalho manual.
Personalização
Quer uma garrafa de vinho ou cerveja com um rótulo com seu nome, uma estampa divertida ou a imagem de um personagem? A personalização também vale para caixas, ímãs, solas de sapato, sacolas, vasilhames de vidro, prata ou inox, e o que mais a imaginação permitir. Além de customizar produtos, O Ateliê das Lembranças confecciona lembrancinhas, kit toilete, porta-guardanapos e convites para casamentos e qualquer outro tipo de festa. Quer saber qual a marca registrada dos itens artesanais produzidos por Luciana, Caroline e Deborah? Não existe.
;Não tem um padrão de coisas que a gente faz ou uma identidade visual. Nenhuma de nós fez curso de artesanato, mas se alguém pergunta se podemos executar determinado trabalho, aprendemos e fazemos;, revela Luciana. ;A gente se vira, e a fórmula é não ter limites. Brinco que é ateliê das fantasias, dos sonhos. É tudo personalizado até a última gota, de modo que fique a cara do cliente. Nada é feito em série;, resume Deborah, que acredita que o amor e a criatividade são os diferenciais delas. Há casos em que o cliente chorou de emoção ao ver os produtos.
Para Carolina, a receita do sucesso está no comprometimento; e, para Luciana, em gostar do que se faz. Entre as encomendas mais especiais, está a feita para um casamento no Caribe. Os 300 convites foram pintados em velas de barquinhos de madeira. ;Apesar de a customização ser meticulosa, os preços se mantêm abaixo dos praticados no mercado, segundo as donas. ;Normalmente, quando a pessoa nos procura e pede um tempo para pesquisar, acaba voltando;, diz Luciana.