Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Para ganhar a vida na internet

Afinal, de onde vem o dinheiro de quem trabalha com canais de vídeos? De diversas fontes, mas, principalmente, da publicidade - por meio de banners e patrocinadores

Os youtubers ganham rendimentos por cliques em banners e por visualizações de pequenos vídeos de propagadas noa plataforma antes da exibição do conteúdo do vlogueiro. ;Normalmente, de 50% a 60% do valor do clique vai para o dono do canal. No caso do vídeo sobreposto, o Google considera que a pessoa interagiu se assistir pelo menos 30 segundos do clipe de propaganda ou se ver todo o conteúdo em caso de durações menores;, explica Carlos Barros, professor de mídias digitais do Instituto de Pós-graduação e Graduação (Ipog). ;Para dar certo, esse tipo de anúncio é segmentado, é voltado para nichos específicos. A fim de que não seja só marketing de interrupção, é necessário que seja uma publicidade inteligente, se não, não trará resultado;, adverte.

;E quanto um canal rende com isso não tem a ver, necessariamente, com número de seguidores. Se a pessoa tem 1 milhão de visualizações por vídeo, mas posta apenas um por mês, deve ganhar menos. Caso tenho menos views em cada um, mas posta mais vídeos pode render mais;, compara Diego Lopes, supervisor do curso de produção de conteúdo e mídias digitais do Centro Europeu. Além disso, os profissionais do ramo conseguem um montante maior de dinheiro por meio de patrocinadores. ;Aí sim, o número de seguidores importa bastante: quando maior, mais as chances de os anunciantes pagarem mais caro por isso;, observa Carlos Barros.

Segundo o professor do Ipog, uma vantagem para os anunciantes é o fato de os trabalhos na internet disponibilizarem métricas exatas. ;Quem paga recebe um relatório muito completo sobre o público do canal e sobre os acessos. A mídia digital é totalmente mensurável ; não é como um outdoor que você não sabe quantas pessoas passam na frente dele por dia;, descreve. O produto ou serviço anunciado pode entrar de várias formas nos canais: o youtuber pode falar sobre ele diretamente ou bolar um roteiro que use o item.

;Cada vez mais, as marcas percebem que é interessante construir uma imagem on-line e se associar a um vlogueiro é uma estratégia para atingir um público grande. Isso ocorre quando as empresas enviam brindes e, claro, quando pagam por um post;, afirma Diego Lopes. Para dar certo, no entanto, é preciso seguir alguns padrões éticos. ;O youtuber precisa avisar que é um post patrocinado. O público da internet descobre rápido e não gosta de mentira.;

Palavra de especialista


Cuidado com a polêmica

Criticar tudo e todos nos seus vídeos pode atrair muitos seguidores. Além disso, é possível pegar carona em temas polêmicos para crescer. No entanto, tome cuidado para não criar uma imagem muito controversa. Caso contrário, apesar de ter muitos fãs on-line ; e haters também ;, as marcas podem ter medo de anunciarem algo com você para não terem sua reputação abalada. Podemos comparar, por exemplo, o Rafinha Bastos (2,098 milhões de seguidores no YouTube) com o apresentador de TV Luciano Huck. O primeiro tem muita fama, sim, mas as empresas procuram o segundo para fazer anúncios.

Marcelo Vitorino, consultor estrategista de comunicação digital, professor de cursos na área na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo e no Centro Universitário Iesb

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Presenciais
; Curso de férias da ESPM: YouTube para youtubers e Empreendedores ; Estratégias para monetização e promoção de negócios através de canais no Youtube. Ocorre sempre em janeiro em Porto Alegre. Informações: goo.gl/8wWG5Z.

; Curso de produção de conteúdos e mídias digitais do Centro Europeu, em Curitiba. Informações: goo.gl/BGHMTF.

; Studio Online. Informações: 3274-9961 / 8151-9335

; Ozi. Informações: 3032-6196 / suporte@ozi.com.br

On-line
; Escola de Criadores de Conteúdo do YouTube. Informações: goo.gl/vbbVAM.

; Imasters: Produção de vídeos pra YouTube. Informações: goo.gl/AL0ATt

Eu e meu cana

Danielle Noce

  • Seguidores: 1.028.820
  • Visualizações: 87.579.475
  • Início: 23 de julho de 2011
  • Dica: faça algo diferente, ninguém quer ver mais o mesmo conteúdo; é preciso ter uma personalidade diferente ou fazer algo que ainda não existe no YouTube


Graduada em moda e chef confeiteira, produtora da Enfim Filmes, autora do livro Por uma vida mais doce (Melhoramentos, 352 páginas, R$ 99), dona do site de confeitaria I Could Kill For Dessert (www.ickfd.com.br) e do portal de moda e lifestyle daniellenoce.com.br, Danielle Noce, 32 anos, nasceu em Brasília e mora em São Paulo. No YouTube, com o marido, Paulo Cuenca, conquistou uma multidão de fãs com seus vídeos de receitas culinárias. ;Quando iniciei, eu não via outros canais, só postavam as filmagens para enviar os links para produtoras e, assim, talvez conseguir um programa na TV. Não existia a profissão do youtuber, isso mudou", conta. "O canal nasceu porque a gente queria se mudar para Amsterdã e abrir uma confeitaria. Comecei a testar umas receitas, mas o Paulo, que estudava cinema na época, viu que eu era muito desastrada, achou engraçado e resolveu me filmar.;

Cinco anos depois, o canal conta com uma equipe de 10 pessoas, com funções como advogado e contador. Danielle levou cerca de três anos para começar a ganhar dinheiro na plataforma. "Não planejamos conseguir muitos seguidores. Você faz o que gosta e espera que alguém goste também", define. A parceria com o marido é constante. ;Nenhum vídeo vai para o ar sem nós dois assistirmos antes. É um dupla de criação, tudo é feito pensando junto, até mesmo quando fazemos vlogs de viagem." As possibilidades de interação no YouTube estão entre os pontos altos da atividade. ;A nova comunicação digital pede que você seja mais próxima do público. Então, na verdade você mostra seus defeitos e qualidade e acaba se aproximando da audiência, porque eles veem você como um amigo em que podem confiar e contar;, arremata.


Desbocada

  • Seguidores: 863.343
  • Visualizações: 21.324.685
  • Início: 13 de novembro de 2012
  • Dica: seja você mesmo, trate de assuntos dos
  • quais entende


A humorista de stand up comedy Bruna Louise, 31 anos, foi impulsionada por Kéfera Buchmannn, que tem 8.708.546 seguidores no canal 5incominutos. As paranaenses são amigas, e a pop star do YouTube convidou Bruna para participar de gravações. ;Quando lancei meu primeiro vídeo, fui de nada para 200 mil seguidores;, diz. ;Não vou falar que é fácil aceitar críticas, mas aprendi a contornar e ignorar o que é só ódio gratuito;, conta ela que, com a visibilidade, também se tornou apresentadora no canal Multishow.

Garagem de Unicórnio

  • Seguidores: 290.833
  • Visualizações: 12.477.059 visualizações
  • Início: 21 de maio de 2014
  • Dica: não queira se tornar um youtuber de sucesso a todo custo. Pense num conteúdo legal, produza com carinho e compartilhe. Se for bom, o sucesso virá naturalmente


Em seu canal, a tetracampeã mundial de skate Karen Jonz, 30 anos, mostra manobras. Formada em rádio e televisão e design, ela mora na capital paulista e foi incentivada por um diretor de TV a abrir o canal. Casada com o vocalista da banda Fresno, Lucas Silveira, o YouTube passou a ser algo relevante para a skatista durante a gravidez da filha Sky, que nasceu em janeiro. ;Eu não podia andar de skate e comecei a me dedicar mais a isso.; Mostrar a vida pessoal é importante para o público. ;É o que as pessoas mais querem ver.;

Beleza Teen

  • Seguidores: 1.382.386
  • Visualizações: 142.428.974
  • Início: 16 de outubro de 2013
  • Dica: não crie o canal pensando em ganhar dinheiro, faça porque gosta e não copie outros; carisma, espontaneidade, naturalidade e humor são uma boa fórmula


Com pouca idade, Nathany Petrin Martins, 14, e Mariany Petrin Martins, 12, reuniram uma multidão de seguidores para falar sobre maquiagem, vida de adolescente e cumprir desafios . Moradoras de Varginha (MG), elas sempre gostaram de fazer vídeos e resolveram criar um canal sem muitas pretensões e, em seis meses, começaram a ter faturamento. Deu tão certo que a mãe delas, Valquiria Petrin, 30, largou o emprego como projetista de móveis para assessorar as filhas, na edição e na produção dos vlogs. ;Hoje trabalho mais, mas o faturamento é bem maior. Não posso falar quanto ganhamos, mas a renda vem de cliques em anúncios, produtos patrocinados e postagens no Instagram;, conta Valquiria.

;Começamos com uma câmera simples. Agora, temos duas profissionais, além de iluminação e tripé. Também trocamos de computador. Essa qualidade faz diferença;, observa. Para não terem prejuízos no rendimento escolar, as irmãs gravam os vídeos aos fins de semana. ;Não imaginávamos que isso ia ganhar essa proporção. É inacreditável, porque, no começo, os vídeos eram péssimos;, explica Nathany. O tom das postagens mudou com o tempo. ;Saímos da beleza e fomos fazendo o que o público pedia, desafio, vídeos de humor.; Uma das partes mais divertidas do trabalho, segundo ela, é ser reconhecida por fãs na rua e conhecer pessoas famosas. Os desafios, em que elas fazem loucuras, como entrar numa banheira cheia de salgadinhos, são ;a parte mais engraçada; para Mariany. ;Críticas sempre têm, graças a Deus não são tantas. Eu ignoro, porque sei que dar bola não adianta.; A dupla lançou o livro Papo de menina (Astral Cultural, 160 páginas, R$ 24,90).

A vida de gordo

  • Seguidores: 11.645
  • Visualizações: 627.355
  • Início: 21 de outubro de 2012
  • Dica: se for falar de um tema comum, tente fazer de uma forma original; invista na qualidade técnica


Morador de Brasilia, Rubem Cezar, 25, é dono da produtora Fábrica 101, responsável por sete canais no YouTube. Ele faz vídeos desde que estava na escola e resolveu lançar um próprio: A vida de gordo. Nas gravações, enquanto curte comida e cerveja, fala de entretenimento. ;Para fazer um bom material, fui atrás de cursos de edição, filmagem e iluminação;, revela. A maior fonte de renda é produção de outros canais, mas com o A vida de gordo, Rubem ganha com patrocinadores locais, como lojas e restaurantes. ;Sempre deixamos claro quando é publicidade, que rende cerca de R$ 1 mil no primeiro canal. Isso é importante, porque o pessoal não gosta de ser enganado;, percebe o publicitário.

[SAIBAMAIS]