Economia de transporte, flexibilidade de horários e preços mais em conta são fatores que têm levado ao aumento da procura por cursos a distância. No entanto, outro atributo passa a ganhar importância na busca por esse modelo de formação: a qualidade. As mais renomadas universidades do Brasil e do mundo disponibilizam cursos na modalidade. É possível ter aulas com os melhores professores, basta encontrar uma boa instituição que ofereça esse tipo de ensino, tanto para capacitações livres e profissionalizantes quanto para graduações e pós-graduações.
Os cursos on-line trazem crescimento profissional. É o que revela pesquisa do Coursera ;plataforma norte-americana de ensino on-line que oferece cursos de instituições reconhecidas de todo o mundo ;, em parceria com as universidades de Washington e da Pensilvânia. O levantamento revelou o impacto que programas oferecidos pela internet tiveram em 52 mil pessoas de 212 países. O estudou concluiu que 72% dos alunos acreditam ter tido benefícios profissionais, e 61% no nível educacional. No Brasil, onde houve 1,5 mil entrevistados, esses números sobem para 78% e 81%, respectivamente. Mais da metade dos estudantes (57,6%) têm de 26 a 35 anos e trabalham em tempo integral.
;As pessoas querem fazer as coisas no próprio ritmo e, ainda assim, se qualificar;, observa Daphne Koller, 47 anos, presidente do Coursera. Daphne ainda afirma que capacitações voltadas para economia, negócios e comunicação são as mais procuradas na hora de se profissionalizar. ;Para escolher um curso, é preciso saber as necessidades que você quer suprir e de que forma. Para surtir efeito, também é importante que seja um assunto pelo qual você se entusiasme.; O método de ensino é diferente em plataformas on-line, e os estudantes devem dominar habilidades específicas para se adaptar. ;É preciso ser descontraído, relacionar-se mais com outros alunos, ter foco bastante claro no conteúdo, fazer muitas atividades ; isso não é essencial no modelo presencial, mas no formato a distância, sim.;
Contexto nacional
O Censo da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), divulgado este mês, revelou que 1.145 instituições autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC) oferecem capacitações não presenciais no Brasil. O estudo conseguiu que representantes de 271 entidades respondessem um questionário. Elas são responsáveis por 25.166 cursos ; dos quais 19.873 são de modalidade livre e, entre esses, 12.475 são corporativos; e 3.453 são semipresenciais ou disciplinas a distância (veja gráfico). O levantamento também constatou que, em 2014, foram oferecidos 1.840 cursos regulamentados totalmente a distância.
Conselheiro da Associação Brasileira de Ensino a Distância e professor de informática e sociedade na Universidade de Brasília (UnB), Francisco Botelho, 50 anos, afirma que ter aulas na modalidade on-line é uma alternativa para uma educação mais flexível. ;As pessoas, às vezes, não podem ir pessoalmente a uma instituição por questões de trabalho, outros compromissos ou pela mobilidade urbana. Cursos a distância são uma necessidade crescente por causa das características da sociedade.;
A presidente do Coursera, Daphne Koller, acredita que a necessidade de cursos a distância está crescendo ; especialmente entre jovens ;, mas avalia que há poucas oportunidades de qualidade no Brasil. A boa notícia é que os brasileiros podem acessar cursos de plataformas de todo o mundo. Já Francisco Botelho acredita que ;o nível de formações a distância é como o das presenciais: varia de acordo com o curso e a instituição.; Ele lembra que é possível conferir a qualidade por meio de avaliações do MEC, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), no caso de graduações. ;As notas têm se aproximado cada vez mais;, relata.
[SAIBAMAIS]Para Botelho, a presença de cursos a distância é uma evolução do processo educacional, que utiliza novos métodos de comunicação para romper barreiras de espaço e tempo. ;Informações e conhecimento são necessários para o desenvolvimento de uma sociedade e, para participar do contexto atual, é preciso utilizar todos os recursos possíveis.;
Fabricio Ramos, 29 anos, é diretor da empresa Insperiência, que desenvolve soluções para capacitar pessoas por meio de palestras e treinamentos. Analisando a necessidade dos clientes, percebeu a inevitabilidade de desenvolver conteúdo on-line. Segundo Fabrício, em termos de investimento, produzir um curso a distância gera uma economia de 15% a 20%. ;Essa é uma forma de trazer mais resultados com menos recursos. Além disso, o conteúdo pode ficar presente na cabeça da pessoa por mais tempo, pela capacidade de rever o que foi passado;, defende.
Acesse
Onde encontrar cursos on-line de qualidade
Coursera
www.coursera.org
; Cursos: 1.556
; Valor: de graça
; Tipos: especializações, profissionalizantes e livres
; Idiomas: inglês, espanhol, chinês, francês, russo, português, chinês, alemão, turco, hebraico, árabe e italiano
Confira lista com as melhores plataformas para ensino on-line pelo site www.correiobraziliense.com.br/ euestudante
Aprendizado de ponta
Ao se preparar para a 2; fase do Exame de Ordem Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado no ano passado, Rafaella Pena Resende, 27, optou por fazer um curso a distância e, com um mês de estudo na LFG, foi aprovada. ;Acho muito bom adaptar os estudos à minha rotina;, conta. A advogada, que é uma pessoa dispersa, acredita que a possibilidade de apertar pause e voltar na explicação foi um grande diferencial.
Dedicação individual
Apesar de aprovado por muitos, o método de estudo on-line só dá certo se houver muita dedicação por parte do aluno, como ressalta Alexandre Prates, coach especialista em desenvolvimento humano, liderança e performance organizacional. ;O curso precisa ser bom, atrativo e prender a atenção. Depende de o aluno também ter comprometimento. Não adianta querer fazer de qualquer forma, num ambiente inapropriado, sem horário específico, pois será improdutivo. A instituição precisa de boas ferramentas de estudo, mas a dedicação vem do estudante.;
Critério
O que um curso a distância precisa ter para ser bom
; Sistema de tutoria: os alunos necessitam ter meios de sanar dúvidas e debater temas.
; Professores capacitados: além de ter conhecimento no assunto, o docente precisa de técnicas para tornar o conteúdo atrativo na modalidade a distância.
; Material didático: precisa ser claro e interativo.
; Presença intensa do professor: é importante para motivar a participação do aluno e não permitir que ele fique desinteressado.
; Atividades que envolvam os estudantes: isso promove a participação e o interesse pelo conteúdo trabalhado.
; Interação de qualidade: não basta apenas haver comunicação entre alunos e professor; essa conexão precisa ser feita de forma a promover o conhecimento e discussões.
Fonte: Francisco Botelho, conselheiro da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed)