Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Confeiteira arretada

Ex-funcionária pública faz sucesso em Brasília produzindo doces. O bolo mole conquistou o paladar dos jurados de um programa de tevê e tornou-se o carro-chefe das encomendas recebidas



Confeiteira arretada

Quem chega à casa da confeiteira Marta Feitosa, 49 anos, para fechar uma encomenda é convidado a fazer uma viagem ao Nordeste em poucos minutos de conversa com a empresária, nascida em Juazeiro do Norte, no Ceará. ;Eu não gosto de nada impessoal. Recebo o cliente na minha casa, sirvo um lanche, converso. Eu gosto é disso: de estar em contato com quem eu atendo e de fazer uma comida reconfortante, que alimente as pessoas, mas também a alma delas;, conta Marta.

Após mais de 20 anos trabalhando como funcionária do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e do Ministério do Turismo, ela deixou a carreira pública para investir no sonho de ter uma loja. O empreendimento foi inaugurado em 2014 e, após um ano e meio de sucesso e duas lojas da marca em shoppings da cidade, ela vendeu os estabelecimentos decidida a mudar-se para Fortaleza. O plano, porém, precisou ser adiado e ela voltou a atender encomendas de clientes em casa.

;O crescimento foi muito rápido e eu não estava tão preparada. Eu confesso que até me assustei um pouco, eu não tinha tempo para ir nas minhas próprias lojas. No fim do ano passado surgiu a oportunidade de vender o negócio;, conta. Por conta do sucesso dos estabelecimentos, ainda no ano passado ela foi convidada para participar de uma competição de confeiteiros no programa Que seja doce, do canal GNT.

Durante a seletiva, três participantes são desafiados a produzir doces sobre algum tema e com ingredientes limitados. Eles são avaliados por jurados e o vencedor recebe o título de confeiteiro mais doce do país. A cearense deixou o programa no episódio sobre comida nordestina, após preparar um bem-casado recheado com doce de caju. ;Eu nunca tinha participado de uma gravação desse tipo. Com o tempo curto que eu tinha para preparar o doce, preferi fazer uma receita tradicional. Eu até acho que os jurados ficaram um pouco balançados com a minha receita. No fim do programa, eu não achei que perdi, pelo contrário: ganhei e muito em experiência;, destaca Marta.

Um passo para trás;
Após o sucesso com as lojas de cupcakes e no programa de televisão, Marta encontrou nas tradicionais receitas de família (que aprendeu a preparar com a avó materna) o mercado para um novo negócio ; desta vez numa proporção menor mas, para ela, mais satisfatória. Agora, além dos bolinhos americanos, a produção ganhou uma linha com doces tradicionais nordestinos, como quindim e bem-casado.

;Hoje estou com um leque de oportunidades se abrindo para mim, principalmente nessa área de produzir doces para festa. Quando eu vou entregar a encomenda numa festa eu recebo e sirvo os convidados, apresento meu produto. Eu sinto que estou mais feliz agora;, revela.

Entre os produtos mais famosos e requisitados pelas clientes está o bolo mole, uma das receitas que Marta executou durante o programa e que conquistou a preferência dos jurados. ;Esse bolo leva somente seis ingredientes, mas tem que ter um trabalho diferenciado. O leite de coco é feito na hora, a farinha tem que ter a mistura correta, o açúcar também. É uma receita antiga, que herdei da minha bisavó;, conta. Atualmente, a confeiteira chega a lucrar até R$ 5 mil por mês com as encomendas que recebe.

...Dois passos à frente

O retorno de Marta para o ramo empresarial não deve demorar muito. ;Estou percebendo que o negócio está começando a crescer de novo. Eu sou empreendedora mesmo, não tem jeito!”, comenta. Enquanto o novo empreendimento ainda está no papel, ela já começa a investir em outra profissão: a de ensinar tudo o que aprendeu para futuros chefs. ;Recebi o convite para começar a ministrar aulas enquanto espero chegar novamente o momento de começar a investir no meu sonho de ter uma empresa. Sem clientes eu não fico, porque quem prova do meu doce uma vez vai querer sempre!”, afirma Marta.