Apreciar obras de arte e bons cafés. Essa é a proposta dos donos da Objeto Encontrado, localizada na 102 Norte. No cardápio, fazem sucesso o expresso, os uísques, o cheesecake, bolinhos de mandioca e abobrinha e sanduíches. Nas paredes, ficam expostas obras de artistas em crescimento na capital federal; há ainda eventos culturais periodicamente. Para acompanhar, uma playlist descontraída e um ambiente agradável para bons papos ; inclusive com garçons e donos. ;Os funcionários e muitos clientes são nossos amigos;, conta o sócio Lucas Hamu, 26 anos. Juntam-se a ele na gerência do negócio Luciana Araújo, 28, e Lussifer Silveira, 44. ;É um café cultural. Abrimos as portas para novos artistas;, explica Lussifer.
Atualmente, eles contam com oito funcionários. Em grandes eventos, chegam a atender de 500 a 800 pessoas num dia. O perfil da equipe é diferenciado: a maior parte dos garçons tem diploma de graduação; em vez de se portarem como ;babás dos fregueses;, apresentam-se de igual para igual, como explica Lucas. ;O cliente não tem que ser bajulado. Atendemos bem e com respeito, mas não puxamos saco;, resume.
Formação de público
;Quando alguém chega à cafeteria pela primeira vez, acha que é uma lanchonete, com um cardápio superextenso. Mas nossa intenção é manter um menu enxuto para entregar tudo com consistência e qualidade;, defende Luciana. Os cafés são diferenciados, e há uma preocupação em educar o púbico. ;Explicamos o que é, de onde vem, como é feito, por que é tão especial;, complementa. ;O brasileiro não está acostumado com os padrões internacionais, não sabe a diferença entre um espresso (que é mais forte e vem com 30ml e não com a xícara cheia como comumente é servido no Brasil) e um longo. Mas isso tem mudado;, conta Lucas. No caso dos uísques, a preocupação é a mesma. ;Explicamos sobre malte, blend;;, observa Lussifer. A diferença entre quem passa a frequentar o local é gritante. ;O paladar é assim. Depois que você se submete a uma experiência diferenciada e de qualidade, passa a ser mais exigente. Muitos não conseguem mais tomar café na rua em qualquer lugar;, acrescenta Luciana.
Parceria
;Eu estudava filosofia na Universidade Federal de Goiás, que entrou em greve. Nesse período, vim para Brasília. Minha irmã, Bebel, queria abrir um negócio, e eu entrei como sócio. Ela era representante de uma marca de café e cuidaria disso, enquanto eu organizaria a galeria;, lembra Lucas Hamu, sobre a história de três anos da cafeteria. O jovem assumiu a responsabilidade de gerir o café gradualmente. ;Terminei o curso, minha irmã teve uma filha e precisou se afastar. Aprendi na prática todos os processos.; Com a saída da irmã da sociedade, Lucas buscou novos parceiros para a empreitada.
;A Luciana entrou como funcionária e hoje, além de sócios, somos casados;, revela. A última aquisição foi Lussifer, que concilia as obrigações na Objeto Encontrado com o trabalho como tradutor de árabe. Os três dividem obrigações: Lucas cuida da parte da contabilidade e do atendimento; Luciana é responsável pela produção dos pratos, pelo estoque e pelos funcionários; e a galeria de arte fica a cargo de Lussifer.
;Hoje, o café é nosso motivo de dormir e acordar todo dia. A Objeto é um bebezinho, ainda estamos aprendendo. E, para crescer, contamos com uma equipe muito boa ao nosso lado;, comemora Luciana que, para dar conta das demandas da cafeteria, fez cursos no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo eles, a parceria dá certo por um único motivo: eles gostam do ofício. ;O segredo é procurar o que você realmente quer fazer; sem buscar o lucro em primeiro lugar. O que me anima a trabalhar aqui é que pensamos além, em trazer uma contribuição para a sociedade. O foco principal não é ganhar dinheiro, mas fazer o que gostamos;, defende Lussifer. ;Quem faz um negócio desse não porque gosta de café ; mas porque quer lucrar ; não terá tanta qualidade e dedicação;, completa Lucas.