;As empresas estão perdendo com a falta de engenheiras, já que companhias com homens e mulheres provam ser mais rentáveis;, observa a professora Maristela Holanda. ;Poucas mulheres entram no curso de engenharia da computação, dessas, 30% desistem ou reprovam e saem;, percebe a professora Maria Emília Walter. Para as jovens que nem cogitam fazer engenharia, Aleteia deixa um estímulo. ;É um ramo em que se trabalha muito, e no qual o profissional precisa se atualizar o tempo inteiro. No entanto, quem entra não fica desempregado e recebe um bom salário.; Para a equidade de gênero, ainda há muito a avançar. ;É uma área vista como muito masculina, há muita piadinha sem noção;, critica Maristela.
Na prática
No semestre em que ingressou na UnB, Ingrid Santana, 19 anos, era a única aluna da turma em engenharia da computação e passou por situações desagradáveis. ;Em uma aula, disseram que eu deveria ir para a cozinha em vez de estar ali;, conta. No quarto semestre do curso, a jovem integra o projeto Meninas na Computação e mostra, com seu exemplo, que as mulheres podem e devem se impor em exatas. ;Fiz um semestre de física, e só havia três meninas na minha turma. O importante é gostar da área, porque temos capacidade para ser melhores que os homens;, defende. Inspiradas por exemplos como o de Ingrid, que ministra oficinas, as alunas de ensino médio Azucena Batista, Luiza Beatriz Macedo, 17, Líbni Saraiva, Ana Carolina Azevedo, Danila Marinho, 16, e Kailany Rocha, 15, ainda não decidiram a carreira a seguir, mas estão com um pezinho na engenharia, já que começaram a ver a área com outros olhos. Azucena não poderia estar mais satisfeita. ;Adoro quando consigo fazer o sistema funcionar. Dá trabalho, mas é lógico. É uma opção que passei a considerar para o vestibular;, empolga-se. ;Eu nem gostava de computador, mas estou curtindo. É um conhecimento que posso levar para a vida;, observa Líbni.
Elas podem tudo
Chegando ao terceiro ano de existência, o projeto Meninas Velozes leva atividades sobre engenharia mecânica e automotiva às salas de aula do Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria. As práticas, aplicadas por cinco professoras e 10 alunas de graduação, giram em torno do conhecimento que permeia os carros de corrida e mostram a abordagem de física e de matemática do ensino médio contextualizada ao universo automotivo. ;As participantes aprendem, na prática, conceitos como velocidade e aceleração;, explica uma das coordenadoras do projeto, a professora Dianne Magalhães Viana, do Departamento de Engenharia Mecânica da UnB. No ano passado, 22 estudantes foram beneficiadas. ;Elas percebem que é possível a mulher seguir essa carreira.;
Outra iniciativa que incentiva a aproximação de meninas da área de exatas é o projeto Electron. Uma equipe de 15 estudantes de graduação atende de três a quatro escolas por semestre, levando maletas didáticas de elétrica, que são verdadeiros laboratórios portáteis. Quando surgiu, há dois anos, a iniciativa não estava ligada a questões de gênero, mas, em 2014, a iniciativa assumiu um novo compromisso. O nome do projeto continuou o mesmo, mas, desde então, pelo menos 50% das vagas têm que ser ocupadas por mulheres, e o grupo promove reflexões sobre a questão. ;A escolha da engenharia não é estimulada por família e amigos no caso das mulheres. Quebramos paradigmas e mostramos que todos podem cursar o que quiserem, independentemente do sexo;, explica o professor do Departamento de Engenharia Elétrica Rafael Amaral Shayani.
Acesse
- meninas.cic.unb.br
- www.meninasvelozes.net
- sites.ieee.org/projeto-electron