Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Nasce uma ideia criativa

Dois irmãos apaixonados por rolinho primavera resolveram abrir uma casa especializada no quitute. Com mais um sócio, eles oferecem 28 opções de sabores

A massa, feita de trigo e água, é crocante e sequinha. Os sabores podem variar do tradicional (com opções vegetariana e com carnes de vaca, porco e frango) a frango xadrez, doce de leite e diversos outros. Tudo vem quentinho e fica pronto em 15 minutos. O rolinho primavera, quitute comum como entrada em restaurantes chineses, vira prato principal em almoço, lanche e janta na SpringNow, na 105 Sul. A ideia para o negócio veio da paixão pelo quitute. ;Eu e meu irmão Paulo sempre falávamos que queríamos abrir um negócio inovador, num nicho não ocupado. Em casa, éramos quatro filhos, então, quando minha mãe pedia comida chinesa, vinha aquela bandeja de rolinho. Sempre gostamos tanto que percebemos que aquilo poderia ser mais do que a entrada;, explica Thaís Antonio, 32 anos.

Ela e o irmão Paulo Sarkis, 30, tiveram a ideia para o negócio e chamaram o amigo dos tempos de escola Rodrigo Paulúcio, 30, para a empreitada. A primeira casa especializada só em rolinhos primavera do Brasil foi aberta em 29 de maio do ano passado e, prestes a completar um ano, apresenta os frutos de muito trabalho duro e pesquisa. Por dia, são cerca de 300 pessoas atendidas, e os sabores mais populares são camarão com cream cheese e Nutella com banana. ;Contamos com uma clientela fiel e estamos numa crescente de público. Oferecemos preço acessível e temos equilíbrio nas contas, apesar dos altos custos de aluguel e implantação. Estamos satisfeitos;, comemora Paulo. Além dos pedidos na loja, a casa oferece serviço de entregas, vende rolinhos congelados para serem fritos em casa e oferece minirrolinhos para eventos, que são vendidos por cento.

Como acreditou no negócio desde o início, o trio planejou e executou o modelo da SpringNow de forma que pudesse ser replicado por meio de franquia. ;A aceitação foi imediata e, já no primeiro dia, tinha gente perguntando se poderia ser franqueado. Preferimos amadurecer a empresa e, agora, chegamos a um ponto em que podemos começar a expandir por esse caminho. Toda a produção será nossa, o franqueado só precisará de uma fritadeira, pois receberá o produto congelado;, conta Rodrigo. O nome, em inglês, sempre despertou curiosidade. ;Muita gente não acredita que é um restaurante brasileiro, acha que é um modelo que veio de fora;, diz Thaís. O projeto mais recente dos empreendedores é um food truck, que deve começar a rodar pelo DF em breve.

Pesquisa
Os três sócios são de áreas diferentes e uniram conhecimentos complementares em prol do negócio. Thaís é jornalista e designer; Paulo é engenheiro civil e sócio em uma construtora e acumula experiências com empreendedorismo numa empresa de bebidas e numa agência de turismo; e Rodrigo é graduado em direito, trabalhou em restaurantes na Austrália e na Nova Zelândia e, como é filho da dona de um bufê e de uma confeitaria, está acostumado com a rotina do ramo de alimentação. Na hora do trabalho, eles se dividem: a parte de comunicação e estética do negócio cabe a Thaís, Paulo administra a área financeira e capta recursos, enquanto Rodrigo fica no restaurante todos os dias, lidera a equipe de sete funcionários e cuida de folha de pagamentos, supervisiona a qualidade dos rolinhos e do atendimento. Quando precisam entrar em consenso para decidir algo, a escolha é democrática. ;Como estamos em três, votamos;, revela Thaís.

Um dos grandes segredos dos jovens empreendedores, além de ter coragem, perseverar e acreditar no negócio, é conhecer bem o próprio produto. ;Quando tivemos a ideia, não entendíamos nada de rolinho primavera nem de como colocar em prática. Não dá para fazer tudo sozinho, é preciso procurar especialistas. Fomos atrás de consultoria para análise de mercado, plano de negócios, procuramos uma chef e uma nutricionista. Afinal, se vamos fazer uma casa só de rolinho primavera, precisamos ser os melhores nisso;, revela Thaís. Antes de abrir as portas, o trio passou um ano planejando e preparando tudo. ;Precisávamos ver se havia viabilidade. Levou tempo e exigiu dinheiro, mas valeu a pena;, observa Rodrigo. ;Fizemos tudo o mais correto possível, testamos os sabores e chegamos a um ótimo cardápio;, avalia a empresária.

Durante os 365 dias de planejamento, o projeto foi mantido em segredo até dos familiares. ;Tínhamos medo de que alguém roubasse a ideia;, admite Paulo. Apesar do extenso planejamento, muita coisa só pode ser ajustada no dia a dia. ;Pensávamos que seria uma linha mais fast-food com pedidos no balcão, mas percebemos que os clientes querem sentar-se à mesa e ser atendidos, então nos adaptamos a isso e oferecemos as duas opções;, revela Rodrigo.