Nascida em Montalvânia (MG), Noilde se mudou para Brasília aos 18 anos, com os pais. Estudou até a 8; série do ensino fundamental. Antes de começar a produzir em sua propriedade, localizada em Brazlândia, trabalhava em chácaras vizinhas. Foi um período sofrido. ;A diária que eu recebia era de R$ 10 pelo dia trabalhado;, lembra. A situação mudou por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Noilde obteve R$ 5 mil em crédito para plantar beterraba. No entanto, resolveu apostar no morango, inicialmente, com 10 mil pés. ;É um dos cultivos mais difíceis, mas é com o que eu mais gosto de mexer;, conta. Com o lucro, conseguiu plantar beterraba, pagar o programa, cobrir despesas do plantio da fruta e ter mais dinheiro para investir na produção.
No ano passado, a produção de morango chegou a 30 mil pés e, com o período de plantio se aproximando a partir do fim de março, a agricultora pretende chegar aos 40 mil pés de morango em 2015. O sonho, agora, é construir um túnel e uma agroindústria, estruturas que permitem o cultivo da fruta durante todo o ano. ;Ainda quero melhorar minha casa, construir um galpão mas, comparando com minha situação anterior, eu me sinto mais segura por ter meu próprio negócio.;
No início, era Noilde quem fazia todo o trabalho pesado. Hoje, conta com a ajuda dos três filhos mais velhos, tanto na roça quanto na comercialização dos produtos em feiras de diversas regiões de Brasília. Apenas na Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), as entregas ocorrem duas vezes por semana, às segundas e quintas-feiras. Há três anos, a mineira conseguiu comprar um carro zero, que os filhos utilizam para ajudar no trabalho. Antes, a produtora rural pagava frete para a entrega dos produtos e, muitas vezes, a estrada de terra que dá acesso à chácara Renascer ; localizada no Assentamento Detinho em Brazlândia ; era percorrida a pé ou em bicicleta emprestada de vizinhos.
Foco na qualidade
Para ela, o ponto alto de cada ano é a Festa do Morango de Brasília, realizada no início de setembro. No estande de Noilde, diferentemente de outros produtores, a fruta natural é o carro-chefe. ;Vendo só o morango mesmo, não produzo bolos, geleias e outras preparações. Tenho alguns clientes fiéis, que voltam aqui dizendo que a fruta que eu vendo é mais doce. Sempre promovo degustações, porque aí as pessoas conhecem a qualidade do produto e me procuram para comprar;, revela.
Batalhadora, ela fala com propriedade sobre as variações do morango. ;O Camino real é bem grande, vende muito. Faço uma salada deliciosa com ele, mas não é tão gostoso puro. Meu preferido é o Festival, pequeno e doce, mas menos vistoso;, explica. De empreendedora, Noilde passa a multiplicadora, dividindo com outras mulheres os conhecimentos que adquiriu com a prática por meio de cursos na área de empreendedorismo. Recentemente, ela começou a se reunir com um grupo de mulheres da região, que faz pães artesanais com o que plantam. ;Somos um grupo de 12 pessoas, fazemos pão de beterraba, de abóbora; O plano agora é achar um local fixo para as reuniões;, diz.