Apesar de ter aberto a lanchonete sem experiência, Carlos tinha planos ambiciosos desde o início. ;Muito antes de abrir o Giraffas, morei nos Estados Unidos e observei empresas americanas que operavam em franquia. Achei esse sistema fascinante e queria trazer isso para o Brasil. O projeto de franquia não foi por acaso, mas não esperava um crescimento nessas proporções;, revela. Foram 10 anos entre a abertura da primeira loja, na 105 Sul, e o lançamento da primeira franquia. ;Esse período foi necessário para estruturar bem a marca e o produto.;
Sobre o segredo do sucesso, Carlos adianta que a chave está na perseverança. ;Quase tudo pode dar certo se você insistir.; Mão de obra qualificada e interessada também é um dos ingredientes para o triunfo. ;Ter pessoas focadas e dedicadas faz diferença. O Giraffas é uma construção. Sou o fundador, mas não sou o único responsável pelo sucesso. Admito que não entendo muito de gestão: minha praia ainda é cardápio, é conceito, é empreender. Tenho uma equipe muito boa que me ajudou desde o início. O crescimento é fruto da contribuição dos colaboradores, dos franqueados, dos sócios...; O time é numeroso: são pelo menos 10 mil funcionários em restaurantes, 70 acionistas, cerca de 200 franqueados, 150 colaboradores de franqueados e 30 de marketing.
Gostinho de casa
Uma das marcas da rede é o cardápio adaptado aos costumes locais, com os tradicionais arroz e feijão da mesa do brasileiro. ;A lanchonete era muito focada nos horários da tarde e da noite. Fast- food não era comum para o almoço, que tinha movimento fraco. Procuramos então uma alternativa para movimentar o período. Em 1989, abrimos, no Setor Comercial Sul, o Giraffas Grill, que trouxe opções de pratos. Depois, fizemos tentativas com bufê;, conta. ;No fim da década de 1990, o almoço já era importante no cardápio, e percebemos que estávamos prontos para um produto popular como o feijão, que traz características de sabor brasileiro. Foi um processo de 10 anos. A introdução de arroz e feijão trouxe resistência e gerou polêmica, mas, com o tempo, pegou e hoje é um dos pontos fortes;, afirma Carlos Guerra.
Empreitada
;Na década de 1980, as opções de fast-food se resumiam a redes estrangeiras, como Mc Donald;s e Bob;s. Percebi que era a hora de uma brasileira entrar em jogo. O cardápio foi sendo testado e evoluiu muito;, lembra. ;Foi muito difícil no começo. Eu era muito novo, tive que aprender rápido a comerciar, negociar e administrar.; O apoio dos pais foi fundamental. ;Minha família me emprestou dinheiro, afinal eu era estudante e não tinha renda.; Segundo Carlos Guerra, os tropeços na jornada empreendedora são comuns e não podem desestimular. ;Mais errávamos do que acertávamos, mas o legal é que aprendemos com os erros, perseverando para melhorar. Até hoje cometemos equívocos, isso é comum ao administrar um negócio;.
Futuro
Uma das fases planejadas para o crescimento do Giraffas é a internacionalização. Carlos Guerra está dando os primeiros passos nesse sentido. ;Os Estados Unidos são o mercado mais difícil e mais desafiador, mas também o que oferece as melhores oportunidades, com muita exposição para turistas e onde se aprende muito.; O destino escolhido para começar a expansão foi Miami. ;O formato não é o mesmo que temos no Brasil. A arquitetura, o design e o cardápio são outros. Focamos em grelhados, saladas e hambúrgueres mais sofisticados. A aceitação está sendo extraordinária, mas é um projeto de longuíssimo prazo, e vamos prosseguir com muito cuidado.; Nas 10 lojas nos EUA, um diferencial que chama atenção é a oferta de pão de queijo. ;Toda segunda-feira é Pão de queijo day. Em toda compra, o cliente ganha um pão de queijo. É o nosso couvert. As pessoas estão adorando, e o objetivo é popularizar esse prato brasileiro;, comemora. Carlos Guerra está empreendendo novamente e lançou a marca Tostex, lanchonete especializada em sanduíches tostados ; em que o tradicional misto-quente ganha novos sabores, como carne de panela e até escondidinho. Em São Paulo existem oito unidades e o próximo destino da rede, segundo o empresário, será Brasília, onde tudo começou.