Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

De faxineira a empresária

Há sete anos, brasiliense montou agência de diaristas em Águas Claras, e o negócio tem crescido com a cidade

Com o marido, Eliane Maria de Oliveira Fernandes, 39 anos, trabalhou num quiosque por sete anos, até o local ser fechado. Para atravessar o período de desemprego, começou a fazer faxinas. Durante quatro meses, trabalhou em diversos apartamentos em Águas Claras e percebeu uma oportunidade de mercado na dificuldade das patroas para encontrar diaristas. A semente da ideia, porém, veio do marido. ;Ele sugeriu que eu abrisse um negócio na área, mas eu levei sete meses para tomar coragem. Demorei também para planejar tudo direitinho;, lembra. Com a ajuda de um contador, ela montou a agência A Diarista num pequeno escritório na Quadra 301.

Para encontrar funcionárias, contou com indicações de antigas patroas e de conhecidos. Hoje, a empresa tem 20 profissionais cadastradas. Na hora da contratação, são pedidos documentos como ficha criminal, além de referências. ;A maioria das diaristas é de Águas Lindas, e atendemos em Águas Claras, Arniqueiras, Areal e regiões próximas;, explica. Apesar de não saber quantos clientes conquistou ao longo dos anos, Eliane garante que não falta trabalho. ;Tenho fregueses que estão comigo desde o começo e outros mais recentes. A maioria chega por indicação: o boca a boca é fundamental. Todo dia tem diarista nas casas, com exceção de domingo. A cada dia, tenho 10 ou mais trabalhando;, diz.

O lucro de Eliane é de 30% sobre a diária e, segundo ela, traz mais segurança para domésticas e contratantes. ;Às vezes, a cliente acha que vai lucrar se contratar sem uma agência, mas meu trabalho é facilitar a vida dela e das trabalhadoras. Comigo, as diaristas têm a vantagem de contar com serviço todos os dias. Para quem contrata, o benefício é encontrar alguém de confiança e a garantia de um trabalho bem feito.; O grande diferencial de A Diarista está na supervisão. ;A faxina é detalhada, puxando móveis, limpando dentro e fora de armários e vidros... Depois da diária, se a cliente autorizar, inspeciono a casa para saber se a faxina foi bem feita. Se houver qualquer problema, corrigimos na hora..;, conta.

Rotina
De família baiana, a empresária passa o dia atendendo telefonemas e agendando diárias. Ainda assume função de motorista e leva as diaristas ao local de destino. Além do trabalho na agência, Eliane é caixa no restaurante do marido no horário de almoço. Ainda sobra tempo para dar atenção aos filhos de 6 e de 20 anos. O expediente na empresa é das 9h às 18h, mas as horas trabalhadas ultrapassam o período. ;O telefone não para. Em casa, à noite, nos fins de semana; Tem gente que acha que ser empresário é tranquilo, mas não é. Tenho que trabalhar muito mesmo. Tudo está nas minhas costas. Sou muito cuidadosa e estou o tempo todo resolvendo problemas;, revela.

;A minha agência foi a primeira de Águas Claras e continua aqui. Só no ano passado, abriram cinco concorrentes e todas fecharam porque é um ramo complicado. Lidar com gente não é tarefa simples;, admite. Um dos grandes problemas é a instabilidade da mão de obra. ;Muitas vezes, elas faltam sem dar satisfação e sem avisar. Tenho que correr para não deixar o cliente na mão e sempre me esforço para mandar outra pessoa no lugar. É muita dor de cabeça;, afirma. Por isso, Eliane prioriza as férias anuais. ;Já pensei em desistir muitas vezes por causa das dificuldades e do estresse da função. Todo ano, faço questão de ir à praia e recarregar as energias para dar conta de tudo.; Apesar dos problemas, a empresária não troca o negócio por nada. ;É muito trabalho ; bem mais do que se eu tivesse um emprego ;, mas ser seu próprio patrão é muito recompensador. Empreender vale a pena, com certeza. Eu gosto do que faço e não falta serviço, então está muito bom;, finaliza.

;É muito trabalho ; bem mais do que se eu tivesse um emprego ;, mas ser seu próprio patrão é muito recompensador. Empreender vale a pena, com certeza;
Eliane Maria de Oliveira Fernandes