O ambiente, localizado na Quadra 100 do Sudoeste, é pequeno e aconchegante e, na última quinta-feira de cada mês, é possível conferir apresentações de dança do ventre. Os sócios não revelam o movimento da casa, mas garantem que se trata de centenas diariamente. No almoço de segunda a sexta-feira, o sistema é de self-service, e o maior público é de trabalhadores. Aos fins de semana e durante o jantar em qualquer dia, moradores de Sudoeste, Octogonal e Cruzeiro enchem o espaço. Também é comum ter clientes das mais diversas localidades do DF, e até de outros estados: há assíduos frequentadores de Goiânia e Unaí. A movimentação não é fruto de propaganda. ;É tudo no boca a boca. Todo o reconhecimento é baseado em comida da mamãe e atendimento simpático;, esclarece Yeissr.
Todas as receitas do restaurante são de Ousseima Imad, irmã de Yeissr e mãe de Gassan. O preparo é tradição de família guardado a sete chaves. ;Os cozinheiros daqui são experientes. O chef, Paulo Cavalcanti, tem 50 anos de prática e já ajudou a abrir muitos restaurantes, mas as receitas são todas da minha irmã. Ela envia a combinação de temperos pronta para ser usada em cada prato. Nem mesmo eu e o Gassan sabemos o que são. É segredo;, explica Yeissr. A supervisão também é feminina. ;Minha mãe vem aqui uma vez por semana de surpresa para checar tudo. Isso nos faz manter o padrão;, explica Gassan. ;Como boa mãe árabe, está sempre dando bronca por alguma razão;, revela Yeissr. A qualidade dos ingredientes e do preparo é prioridade: não é à toa que o restaurante foi citado como um dos melhores pela revista Encontro, dos Diários Associados. ;A comida é igual a da nossa casa. A carne mais comum que temos é patinho, que é de primeira;, conta Yeissr. ;O cordeiro é o carro-chefe. Seja o Damasco ; desfiado com arroz e lâminas de amêndoas ; ou parmegiana. É diferente porque não tem cheiro nem gosto forte;, observa Gassan.
Amigos dos clientes
A equipe de 14 funcionários é dividida em dois turnos, e os simpáticos e atenciosos garçons fazem jus ao nome do restaurante. ;Além da qualidade da comida, outro fator que faz diferença é que os garçons são orientados para o bom atendimento. É o que nos fez fidelizar e conquistar clientes;, conta Gassan. ;A orientação é para que o atendimento não seja frio porque a casa não foi feita para isso. Tem que ser educado e fino, mas não é só isso. Um sorriso e uma conversa espontânea fazem mais efeito do que meras formalidades;, acrescenta Yeissr. A presença de funcionários estrangeiros chama a atenção. ;Já tivemos egípcio, sírio, tunisiano, argelino... Ter um colaborador estrangeiro dá charme a casa. Os clientes gostam do português quebrado e os que sabem falar até arriscam pedir em árabe;, explica Gassan. Para motivar os funcionários, Yeissr e Gassan apostam na meritocracia. ;Quem faz mais ganha mais. É um grande incentivo para que todos trabalhem a contento;, diz Gassan.
Veia para os negócios
A família de Yeissr e Gassan é de origem Síria e veio parar em São Paulo para tentar uma vida melhor. ;Meus pais, como muitos imigrantes, fugiram de um tipo de governo;, conta Yeissr. Mexer com o próprio negócio está no sangue. ;A família toda é de empresários. O veio para o comércio é muito latente;, conta Gassan. ;O discurso é ;se não for para ser médico ou advogado, abra um negócio;;, observa Yeissr. Além do restaurante, Yeissr e Gassan são sócios num escritório de marketing e venda de produtos químicos para construção. Eles admitem, porém, que a vida de empresário não é um mar de rosas. ;Empreender é ir contra tudo e todos. A legislação trabalhista é muito punitiva, e a carga tributária é alta. Nada mais somos do que trabalhadores com CNPJ nas costas. Nós não vivemos uma vida de luxo. No início, trabalhamos aqui por seis meses sem nenhuma folga;, lembra Yeissr. Para dar certo, eles apostam na busca por conhecimento. ;É preciso ter humildade para procurar ajuda, consultoria e estudar;, conta Gassan. Para ajudar outros empreendedores, a dupla pretende escrever um livro para ajudar quem vai abrir um novo negócio.