A desenvoltura na fala é essencial para a professora Mylena. Antes das aulas, ela faz exercícios de aquecimento vocal |
Frio na barriga, tremedeira e muito nervosismo. Quem não se sente confortável para falar em público e precisa apresentar um trabalho ou participar de uma reunião provavelmente reconhece esses sintomas. ;Sempre dá um frio na barriga na hora de falar, mas acredito que, com a exposição prolongada a esse tipo de situação, você acaba se acostumando;, diz o delegado Rodrigo Carvalho, 35 anos. Ele decidiu fazer um curso de oratória ao assumir um cargo que exige apresentações em fóruns e seminários e não se arrepende da decisão. ;Aprendi que é muito difícil superar sozinho o desconforto de falar em público e que há técnicas para contornar a situação;, explica. O interesse no assunto o motivou a introduzir um módulo sobre oratória no curso de formação da Polícia Federal, no qual ministra aulas. ;Quem não conhece as técnicas acaba ficando mais ansioso; por isso, sugerimos a inclusão desse conteúdo;, justifica.
;Saber se expressar bem é fundamental para se destacar. Uma reunião é nada mais que um palco onde as pessoas expõem ideias. Aquelas que falam melhor conduzem o processo;, opina o professor, cerimonialista e mestre de cerimônias Ronald Sobreira Lima. Outros especialistas da área afirmam que o público que procura cursos e palestras sobre como falar bem em público é cada vez mais diversificado. ;Atendo principalmente três perfis: pessoas que desejam dar aulas, aquelas que procuram melhorar suas apresentações empresariais e também quem quer começar a dar palestras;, diz Ney Pereira, consultor na área de comunicação para professores e executivos.
Jorge Telles, diretor fundador e instrutor do Instituto Oratória Emocional (IOE), afirma que os estudantes também têm procurado algum tipo de formação na área. ;Alunos que vão apresentar monografia ou trabalho de conclusão de curso e recém-formados que querem ir bem em entrevistas de emprego têm interesse nos cursos para desenvolver mais segurança e desenvoltura;, diz.
Questão de técnica
Apesar de ajudar, aulas de oratória não são capazes de mudar a personalidade de ninguém. ;O curso não transforma um tímido em Silvio Santos;, explica Ney Pereira. No entanto, alguém que deseja aprimorar essa habilidade pode começar por conta própria, utilizando recursos empregados nas aulas. ;Utilizamos a filmagem para analisar se os alunos estão começando e terminando os discursos, se há coerência, e também para identificar vícios de linguagem;, diz Ronald Sobreira Lima.
Fora isso, os especialistas destacam a importância de uma boa preparação para conduzir de maneira satisfatória uma apresentação pública (veja mais dicas no quadro). ;Tal como um atleta em competição, a pessoa precisa se concentrar e se preparar antes de uma apresentação;, explica Pereira. Para Jorge Telles, uma das vantagens é conhecer melhor o público. ;O aluno aprende a perceber a atitude do público e fazer ajustes em tempo real;, afirma.
Algumas empresas identificaram a necessidade dessa competência e promovem cursos da área para seus colaboradores. Há 10 anos trabalhando oito horas por dia como professora de alfabetização, Mylena da Silva Guimarães, 26 anos, fez aulas de oratória e recebeu orientação sobre como cuidar bem da voz por iniciativa da escola em que trabalha, Le Petit Galois.
;Antes, eu não sabia empregar bem a fala. Com o curso, aprendi técnicas e regras que me ajudaram a falar melhor em público e a cuidar da minha voz;, diz Mylena. Trabalhando oito horas por dia, a docente passou a fazer exercícios para aquecer as cordas vocais antes de entrar em sala de aula. ;É bem comum encontrar professores com voz rouca justamente por empregarem-na mal;, disse.
A fonoaudióloga Maria Simone Oliveira concorda. ;Professores e músicos estão entre os profissionais que mais nos procuram para fazer tratamentos.; A profissional cita alguns cuidados úteis para aqueles que desejam preservar a voz. ;Os maiores vilões são o álcool e o cigarro. Para não causar lesões nas cordas vocais, é importante manter sempre o mesmo tom de voz e evitar gritar. Beber água também é fundamental;, resume.
Cursos e oportunidades
Saiba onde estudar oratória e técnicas para falar em público em Brasília
Instituto Oratória Emocional (IOE)
As matrículas estão abertas para os cursos básico e avançado. As aulas começam em 16 e 17 de setembro, respectivamente. O curso de oratória emocional é pago em até quatro parcelas de R$ 210, em um total de R$ 840, enquanto a aula de comunicação verbal master sai por R$ 1.540. Inscrições e mais informações pelo site
www.oratoriaemocional.com.br ou pelos telefones (61) 3274-2480 ou 3964-8040.
Fundação Getulio Vargas
A FGV oferece curso de oratória com foco em apresentações empresariais, ministrado em Brasília a partir de 6 de outubro. Com duração de 24 horas/aula, o valor é de R$ 1.120. Mais informações junto ao núcleo de admissão e matrícula pelo e-mail cursos.bsb@fgv.br ou pelo telefone (61) 3799-8000.
Instituto Fenasbac
O instituto promove imersão com o tema Apresentações de impacto com o consultor Paulo Flôres de 18 a 25 de outubro. As inscrições são realizadas pelo site www.ifenasbac.com.br ou pelos telefones (61) 3226-4418 e 3323-1055. O valor é de
R$ 750, dividido em até
duas vezes.
Elo
A empresa de consultoria empresarial e de produção de eventos oferece curso de oratória e palco (16 horas/aula) com o professor Ronald Sobreira Lima em 20 e 21 de outubro. Os interessados podem se inscrever pelo site www.eloconsultoria.com. O valor de R$ 1.890 cobre refeições, sessões de ginástica laboral, material de estudo, pen drive, certificado e livro.