Com 12m;, a Banca 350 do Corredor M é um verdadeiro oásis dos condimentos. Instalada no local há 42 anos, é uma herança de família comandada por Illo Mendes da Silva, 44 anos. Filho de um casal de contadores, o vendedor cresceu entre as mais de 500 barracas da Feira do Guará e, assim, aprendeu a lidar com o negócio. ;Ainda criança, eu vinha para cá para ajudar minha tia nas vendas. Trabalhei com ela durante muitos anos e acabei ganhando jeito para a coisa;, conta. De quarta-feira a domingo, o estande Rei das Pimentas atende a cerca de 300 pessoas diariamente, desde donas de casa até chefs de cozinha e donos de restaurantes.
O primeiro ;rei das pimentas; foi o avô do empresário, Ibiapino Francisco. ;Depois que ele morreu, há 12 anos, a banca passou para as mãos da minha tia Maria Patrocínio da Silva, que tem 75 anos. Há 10 anos, eu estou tocando o negócio, mas minha tia continua como sócia e vem aqui direto para ver a freguesia dela;, conta. Na transição, o mais difícil foi manter os mesmos fornecedores. ;Eu trabalhei aqui durante muito tempo e sabia como funcionava a loja, mas a negociação para adquirir os produtos ficava por conta dela. Quando assumi, tive que aprender a lidar com isso. Às vezes, eles ;emburram;, não querem fazer alguma coisa, e tenho que insistir.; Os produtos do estabelecimento vêm de 20 fornecedores diferentes ; cinco deles do DF.
Apesar de o nome da loja ser Rei das Pimentas, o que mais faz sucesso no local não são elas, mas sim outros temperos, como cominho, coentro e chimichurri. Entre as pimentas, as que mais saem são a malagueta e um molho especial. Além dessas, a loja comercializa tipos como a do reino, a rosa e a calabresa. Ervas medicinais, alho e cebola são outras mercadorias à venda. ;As pessoas vêm comprar temperos comuns, e a pimenta acaba saindo também, mas não é o principal;, esclarece Illo.
Para o futuro, o empresário pretende melhorar a estrutura da banca e lançar um molho de pimenta com o nome da marca. ;Tenho uma parceria com uma empresa. Atualmente, vendo 20 caixas mensalmente, mas se eu atingir a meta de vender 40 caixas por mês, vão nos dar o molho de pimenta com o rótulo do Rei das Pimentas;.
O diferencial
Para Illo, não é necessário gritar pelo freguês para ganhar a clientela. ;A gente não tem o trabalho de chamar o cliente. Ele já conhece os produtos e sabe o que quer. Afinal, temos uma tradição de 42 anos. Tem pessoas que vêm aqui desde que eram crianças e que hoje vêm com os filhos;, diz. A Feira do Guará conta com outros 18 estabelecimentos que vendem temperos. Illo revela a receita para ser escolhido entre os concorrentes. ;O segredo é seriedade e honestidade. Tem cliente que faz questão de vir aqui para comprar e para conversar.;
Uma certa flexibilidade nos preços também ajuda. ;É preciso dar desconto: os compradores já esperam por isso. O diferencial da feira é justamente esse. Tenho uma margem de lucro de cerca de 40%, mas é preciso negociar. É assim que você ganha o cliente. Se for para comprar sem discutir o preço, as pessoas preferem ir a um supermercado. Vale a pena vender mais barato para alguém e, depois, ver a pessoa voltar muitas vezes;, indica.
O comerciante simpático e simples acredita que a Feira do Guará já foi mais movimentada. ;Antes, eu precisava chegar as 5h da manhã e ficar até de noite. Agora, abrimos das 8h às 18h. Está diminuindo. Temos que apostar nos descontos e em cativar as pessoas para manter o movimento;, acredita. Segundo Illo, quinta-feira e sábado são os dias com maior circulação de pessoas no comércio instalado no Centro Administrativo Vivencial e Esporte (Cave). Nos dias em que a Feira do Guará fica fechada ; segunda e terça-feira ;, o empresário aproveita para pagar cheques, comprar mercadorias e cumprir outras obrigações, mas garante que dá tempo de fazer o que gosta no tempo livre.
Na Feira do Guará, Illo mantem muitos laços de amizades e até de amor. Foi ali, entre as bancas, que ele conheceu a esposa, Chalaiane Silva, 22 anos, operadora de caixa de uma das peixarias. A venda de pescado, inclusive, é o carro forte do lugar, segundo o empresário. ;Quem vem comprar o peixe acaba dando uma passada pela banca de temperos. Quem passa aqui, depois, pode ir comprar as verduras. É uma corrente em que um ajuda o outro. É por isso que a feira funciona.;
;A gente não tem o trabalho de chamar o cliente. Ele já conhece a banca e os produtos e sabe o que quer. Afinal, temos uma tradição de 42 anos. Tem pessoas que vêm aqui desde que eram crianças e que, hoje, vêm com os filhos;
Illo Mendes da Silva