Ler textos simples e responder a perguntas básicas na língua inglesa não representa mais diferenciais nos currículos de candidatos a vagas de emprego. Com a proximidade de eventos esportivos mundiais e os atrativos que a sexta maior economia oferece ao mercado internacional, dominar amplamente o idioma é requisito comum para lutar por cargos de destaque em empresas nacionais e multinacionais. Os processos seletivos comprovam esse panorama. Segundo pesquisa anual do site de empregos Catho, 6,4% dos entrevistados afirmaram terem sido submetidos a entrevistas em uma segunda língua, e em 84,1% das situações o idioma cobrado foi o inglês.
A evolução dessa necessidade também é refletida nos salários. O presidente da escola UNS Idiomas, Marcel Magalhães, explica que é cada vez maior a tendência por parte das empresas em procurar profissionais fluentes no idioma. As companhias também buscam capacitar os funcionários contratados para que consigam se comunicar com clientes e parceiros internacionais. ;Antes, o inglês era visto como um requisito apenas para a diretoria. Hoje, cargos de supervisão e de gerência também precisam contar com certos graus em leitura, fala e escrita no idioma estrangeiro;, diz.
Assim como em qualquer outro aspecto do currículo, mentir a respeito da proficiência em línguas é um erro que pode atrapalhar na disputa pela vaga tão sonhado. Antes de registrar a proficiência na carta de apresentação, especialistas recomendam que candidatos procurem testes de nivelamento que seguem padrões internacionais, para determinar o domínio de fala, escrita e leitura. De acordo com a gerente de Recursos Humanos da Catho, Angélica Nogueira, os níveis intermediário e avançado em idiomas representam o equilíbrio nesses três campos. ;Se a pessoa apresenta certa dificuldade em alguma dessas áreas e o cargo exige essa desenvoltura, o ideal seria se candidatar apenas quando tiver confiança nessas habilidades. Assim, o candidato não se queima no mercado;, aconselha. A gerente descreve que os métodos de avaliação da língua podem variar de acordo com as necessidades do cargo concorrido, mas que o padrão é o de uma etapa escrita, composta por leitura e redação, com caráter eliminatório, e uma segunda fase com entrevista oral feita pelos recrutadores.
Passar por avaliações de inglês em processos seletivos é algo comum para Anne Dourado, 27 anos, que trabalha como secretária executiva bilíngue. Veterana de sete seleções com provas de idiomas, Anne explica que as habilidades que desenvolveu em línguas a ajudaram a garantir a nota nesse quesito, mas que, na vida real, o esforço para se comunicar precisa ser maior. ;Ajudo na recepção de clientes de várias nacionalidades e seus sotaques são variados. Para lidar com esse tipo de coisa, é preciso ficar com o ouvido afiado e se atualizar sempre;, conta a recepcionista, que também fala francês e estuda espanhol.
Falta preparo
Embora a demanda por funcionários fluentes em inglês seja uma realidade cada vez mais presente nas entrevistas de trabalho, Angélica Nogueira afirma que ainda não há um alinhamento entre as exigências dos contratadores e a preparação apresentada pelos profissionais. ;O nível de capacitação ainda é menor do que a demanda;, analisa. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no estudo do idioma, Andrea Paschoal, diretora de ensino do curso EnglishUp, destaca a pronúncia e a fluência na conversação. ;Além disso, é preciso trabalhar a confiança na hora de se expressar;, diz. Andrea explica que o preparo para essas avaliações em processos seletivos depende de cada caso e da rotina em que a pessoa está inserida. ;Existem cursos presenciais que dão bons resultados, mas há a procura por cursos on-line, que oferecem maior flexibilidade de horário. Se o requisito é inglês para negócios, os candidatos podem procurar modelos personalizados para essas situações;, afirma.
Segundo levantamento de 2013 da empresa de educação internacional Education First Proficiency Index (EF EPI), o Brasil ocupa a 38; colocação no ranking de proficiência em inglês, entre 60 países analisados. O diretor de Marketing da EF no Brasil, Luciano Timm, confirma que há uma relação direta entre o crescimento desse índice e as exigências de idiomas na força de trabalho especializada, mas que isso ainda é um problema no país. ;Ao falar com recrutadores, escutamos que fluência em outro idioma é algo que falta no currículo dos candidatos;, conta Timm.
63%
Média de quanto a mais ganham os profissionais, em todos os níveis hierárquicos, que falam inglês, segundo a Pesquisa Salarial de novembro de 2013 da Catho